EXAME.com (EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 25 de maio de 2011 às 20h14.
Conhecido por sua estratégia de instalar enormes supermercados nos locais onde opera, a ponto de se eles se tornarem referências de localização, o Wal-Mart começa a lançar, nos Estados Unidos, unidades de porte reduzido e com a proposta de serem mais próximas de "lojas de bairro" do que de grandes centros de compras.
A guinada é uma forma de se adaptar à tendência que tem ganhado força no país, em boa parte graças à rede concorrente Fresh & Easy, administrada pela britânica Tesco, de investir em ambientes menores e com apelo de vendas concentrado sobre o setor de alimentos.
Quatro lojas-piloto do Wal-Mart já nos novos padrões começam a operar ainda este ano, em cidades próximas a Phoenix, capital do Arizona, no sudoeste dos Estados Unidos. Elas terão um décimo da área de um Supercenter, como são chamadas as lojas tradicionais do Wal-Mart, e algumas devem abrir em endereços a poucos quilômetros das lojas já existentes da Fresh & Easy.
Segundo o jornal britânico Financial Times (FT), as novas lojas são uma concretização da primeira mudança de conceitos na forma de funcionar do Wal-Mart em uma década e surgem num momento em que a companhia reduz o ritmo de expansão das unidades Supercenter.
Adaptação às pressões anti-Wal-Mart
A rede americana já possui lojas de tamanho menor do que as Supercenter, nos EUA. Elas são chamadas de Neighborhood Markets (mercados da vizinhança) e atendem a regiões entre duas lojas de grande porte, nas quais há demanda por um supermercado a mais, desde que ele não seja grande a ponto de canibalizar a clientela das unidades principais.
No entanto, o lançamento das quatro lojas do Arizona representa uma mudança para a companhia não apenas por indicar a aposta num formato ainda insignificante, numericamente - nos EUA, existem 128 Neighborhood Markets, ante 2435 Supercenters -, mas por acentuar a característica de reduzir o espaço dos supermercados, já que as unidades-piloto terão pouco mais de metade da área de uma Neighborhood Market.
Para a empresa, esta também pode ser uma forma de se estabelecer em lugares onde a resistência contra a instalação das grandes lojas dificulta o crescimento da rede. Em certas áreas dos Estados Unidos, os sindicatos de trabalhadores costumam fazer campanhas contra a instalação de unidades do Wal-Mart, sob o argumento de que a dimensão das lojas e a estratégia extremamente agressiva da companhia nas negociações com fornecedores acabam por eliminar pequenos comerciantes da região e por empobrecer os fornecedores de produtos locais. Esta oposição por vezes impede a empresa de ganhar certos mercados porque a instalação das lojas de grande porte só pode ser feita após consulta pública aos moradores do entorno, processo dispensado para o caso das unidades menores.
A ênfase em venda de alimentos deve ser outra mudança em curso, a julgar pela escolha do logotipo que pode ser usado na fachada e nos produtos das novas lojas. De acordo com o FT, a empresa registrou no Arizona um logo com letras em verde sobre um fundo em que aparecem as imagens estilizadas de um tomate, um ovo e um cacho de uvas.