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Votorantim e International Paper fazem troca bilionária de ativos

Com a operação, brasileira busca estar entre os líderes de celulose; produção de papel será reduzida porque, segundo o presidente da VCP, não "cria valor"

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h39.

A Votorantim Celulose e Papel (VCP) e a americana International Paper (IP) anunciaram nesta terça-feira (19/9) uma troca bilionária de ativos industriais e florestais das duas empresas. A operação deve ser concluída até 1 de fevereiro de 2007.

Pelo acordo, a VCP transferirá à IP sua fábrica de celulose e papel e uma base florestal localizadas em Luiz Antonio, município de São Paulo. A planta tem capacidade de produzir 400 000 toneladas de celulose de eucalipto e 350 mil toneladas de papéis não revestidos por ano, e conta com uma base florestal de 57 000 hectares, cuja área plantada é de 41 000 hectares.

Em troca, a brasileira receberá uma planta de celulose da IP em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, ainda em construção, junto com todos os direitos a ela relacionados, incluindo terras e florestas. O total desses ativos foi estimado em 1,15 bilhão de dólares, valor considerado equivalente ao da unidade da VCP em Luiz Antonio, e já leva em consideração a fábrica  pronta - os investimentos da construção, de acordo com José Luciano Penido, diretor-presidente da VCP, ficarão sob a responsabilidade da IP.

Depois de assumida pela brasileira, a planta de Três Lagoas só deve começar suas operações em janeiro de 2009, com capacidade de produção de 1,1 milhão de toneladas de celulose por ano. A base florestal da área é de 121 000 hectares, com 83 000 hectares. Apesar de a capacidade de produção das duas unidades negociadas ser diferente, chegou-se à idéia de equivalência para que a troca fosse efetuada porque "cada ativo tem um valor diferente para cada parte" de acordo com Penido, da VCP.

O acordo das duas companhias prevê ainda que a produção excedente da unidade de Três Lagoas será vendida, a preço de mercado, à uma fábrica de papel que a IP construirá na região. Também a americana deverá vender o excedente do que produzir em Luiz Antonio à brasileira.

Estratégias

A operação é resultado de estratégias opostas da VCP e da IP. Reclamando de problemas logísticos, questões tributárias e da taxa cambial, Penido, da VCP, afirma que o mercado de papel não "cria valor", e por isso será preterido daqui para a frente nos negócios da companhia frente ao potencial do mercado de celulose. "Vamos caminhar mais para a celulose, porque é onde estão nossas melhores opções de crescimento", afirma o executivo.

A empresa nega, no entanto, que esse seja o primeiro passo de uma retirada do setor de papel - no ano passado, a produção da companhia chegou a 600 mil toneladas, das quais 70% foram para o mercado interno. Segundo Penido, a redução da produção é simplesmente reflexo de um estrangulamento nas condições de avanço da unidade produtiva de Luiz Antonio. "Achamos que a VCP já capturou a condição que tinha de capturar com esse ativo, e vamos em busca de recursos de maior valor para os nossos acionistas", declara o presidente, que diz acreditar que uma empresa de escala global como a IP pode tirar mais proveito da fábrica paulista. "Nós somos uma empresa menor, eles têm mais contatos com grandes clientes internacionais".

De acordo com o presidente do conselho de administração da VCP, José Roberto Ermírio de Moraes, esta é uma decisão que a companhia toma para se tornar um dos líderes mundiais de celulose de eucalipto. "O acordo representa um passo importante no planejamento estratégico de longo prazo da VCP", afirmou, em nota. A previsão da empresa é de atingir produção superior a 3 milhões de toneladas de celulose em 2012.

Já a International Paper pretende chegar à casa do 1 milhão de toneladas de papel produzido no Brasil. Hoje a companhia produz aproximadamente 400 mil toneladas, e ganhará mais 350 mil com a incorporação da unidade de Luiz Antonio. Cerca de 260 milhões de dólares serão gastos ainda na construção da nova fábrica de papel em Três Lagoas, que tem produção anual prevista de 250 mil toneladas, de acordo com Maximo Pacheco, presidente-executivo da companhia no Brasil.

"O Brasil será a plataforma de crescimento na região latino-americana", diz Pacheco, que lembra que o foco das operações da empresa agora estará em papel e embalagens.

A operação de troca de ativos foi assessorada pelo Merrill Lynch, pelo lado da VCP, e pelo Citibank, pelo lado da IP.

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