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Volks diz que encontrou "incoerências" em 800 mil veículos

Uma estimativa inicial coloca o risco econômico em aproximadamente dois bilhões de euros


	Volkswagen: uma estimativa inicial coloca o risco econômico em aproximadamente dois bilhões de euros
 (REUTERS/Stefan Wermuth)

Volkswagen: uma estimativa inicial coloca o risco econômico em aproximadamente dois bilhões de euros (REUTERS/Stefan Wermuth)

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Da Redação

Publicado em 4 de novembro de 2015 às 06h27.

A Volkswagen anunciou nesta terça-feira que uma investigação interna feita após as revelações sobre os motores a diesel adulterados apontou "incoerências" relacionadas com as emissões de carbono em mais 800.000 veículos.

"Uma estimativa inicial coloca o risco econômico em aproximadamente dois bilhões de euros", acrescentou.

"Durante as investigações internas foram encontradas incoerências inexplicadas ao determinar (...) os níveis de C02. Baseando-se em nossos conhecimentos atuais, cerca de 800.000 veículos do grupo Volkswagen foram afetados", disse a companhia em comunicado.

Antes do anúncio, o preço da ação da Volkswagen voltou a cair nesta terça-feira, após a novas acusações nos Estados Unidos que alimentam o escândalo dos motores a diesel adulterados e que foram desmentidas pela fabricante alemã.

No índice Dax da Bolsa de Frankfurt, a ação da Volkswagen fechou com queda de 1,51%, a 111 euros. Uma queda considerável, mas muito longe dos 20% perdidos na sessão do dia em que o escândalo dos motores adulterados veio à tona, em setembro.

Na ocasião, a Volkswagen, verdadeiro colosso industrial que comercializa 12 marcas e tem um volume de negócios anual de 200 bilhões de euros, confessou ter equipado 11 milhões de carros no mundo todo com um programa capaz de falsificar os resultados dos testes antipoluição.

Na segunda-feira, a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA), que revelou a fraude, acusou o grupo alemão de também ter violado as normas com motores a diesel de três litros as marcas de luxo Audi e Porsche.

Até agora, a fraude só estava confirmada no caso de motores a diesel de até dois litros por cilindrada, em automóveis VW Jetta, Jetta Sportwagen, Beetle, Audi A3, Golf e Passat, nos modelos, entre 2009 e 2015.

"Evidentemente, trata-se de uma má notícia para Volkswagen, já que essa última acusação inclui a Porsche", comentou Holger Schmidt, analista de Equinet.

A filial norte-americana da Porsche anunciou na noite desta terça a suspensão da venda dos modelos diesel de sua SUV Cayenne "até nova ordem".

"Porsche Cars North America decidiu hoje, diante do aviso recebido ontem da Agência de Proteção Ambiental (EPA) americana, suspender de forma voluntária e até nova ordem a venda do Cayenne diesel modelos 2014 a 2016", destaca um comunicado.

"Trabalhamos intensamente para resolver este problema o mais cedo possível", acrescenta a filial, precisando que os veículos em circulação podem seguir operando normalmente.

A Porsche SE estimou que as revelações desta terça-feira poderão ter um "impacto negativo" em seus próprios resultados, mas manteve suas previsões para o ano de 2015.

Primeiro revés para o novo presidente

O novo presidente da Volkswagen, Matthias Müller assumiu em meio ao escândalo, deixando o comando da Porsche, com a promessa de esclarecer o escândalo, melhorar a imagem do grupo e administrar as consequências (o grupo deverá fazer o recall de todos os carros atingidos e adaptá-los às normas, o que custará bilhões de euros, e enfrentar diversos processos judiciais).

Segundo a EPA, suas novas suspeitas são relativas a pelo menos 10.000 veículos nos Estados Unidos.

A Volkswagen reagiu na manhã desta segunda-feira afirmando que "não foi instalado qualquer programa nos diesel de três litros V6 para modificar de maneira inapropriada os controles de poluição".

O grupo disse que vai "cooperar completamente com a EPA, para explicar totalmente os fatos". A Audi desmentiu, também nesta terça, qualquer tipo de fraude.

O procedimento continuará com a realização de novos exames e pode resultar no recall de mais veículos.

A questão das multas, que podem ultrapassar os 18 bilhões de dólares só nos Estados Unidos, se abordado mais tarde.

A Volkswagen registrou no terceiro trimestre seu primeiro prejuízo trimestral em mais de 15 anos (1,67 bilhão de euros), segundo dados publicados na semana passada. Parte da perda é resultado dos 6,7 bilhões de euros de provisões previstas pelo grupo para enfrentar o escândalo.

O 'made in Germany' em jogo

Em outubro, as inscrições de carros novos da marca Volkswagen na Alemanha caíram em 0,7% ao ano, anunciou nesta terça-feira a agência federal de transportes KBA.

Até agora, a Volkswagen afirmou que não havia observado nenhuma queda nos seus pedidos, e que seus competidores dizem que não estão vendo os efeitos nos modelos equipados de motores a diesel.

Segundo dados publicados nesta terça-feira pela federação alemã do setor, VDA, as matrículas de novos veículos a diesel subiram 0,2% em termos anuais em outubro e em 6% desde janeiro.

Desde o início, temeu-se que o escândalo da Volkswagen respingue em toda indústria alemã e no prestígio do "made in Germany", um risco que a chanceler Angela Merkel descartou.

"O 'made in Germany' continua sendo uma imagem de marca e um bom sinal graças à força inovadora da indústria alemã", disse nesta terça-feira em um fórum empresarial.

Nos mercado americano, contudo, a Volkswagen começou a sofrer as consequências do escândalo, registrando um fraco crescimento de vendas em outubro, de somente 0,24%, enquanto a demanda de automóveis de outras marcas no mesmo período em todo o país alcançou números recordes.

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