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Vendas de veículos em março têm pior desempenho em 14 anos

A paralisação das atividades nas redes de concessionárias levou o segmento a uma queda de 21,9% sobre o mesmo período do ano passado

Vendas de veículos despencaram no país (Paulo Whitaker/Reuters)

Vendas de veículos despencaram no país (Paulo Whitaker/Reuters)

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Juliana Estigarribia

Publicado em 2 de abril de 2020 às 12h07.

Última atualização em 2 de abril de 2020 às 18h47.

Os impactos do novo coronavírus não poupam quase nenhum setor da economia e na indústria automotiva o cenário não é diferente. As vendas de automóveis e comerciais leves, em março, tiveram o pior desempenho em 14 anos. Segundo a associação que reúne as concessionárias, a Fenabrave, no mês passado os emplacamentos acumularam 155.810 unidades, queda de 21% sobre o mesmo período do ano passado.

No segmento de veículos pesados, os emplacamentos também recuaram. Em março, as vendas de caminhões e ônibus caíram 19,2% ante igual intervalo de 2019, para 7.778 unidades.

No acumulado do primeiro trimestre, as vendas de automóveis e comerciais leves recuaram 8,1%, para 532.549 unidades. No segmento de pesados, a retração foi de 7,6%, para 25.469 unidades.

Segundo Alarico Assumpção Júnior, presidente da Fenabrave, as vendas do mês de março foram fortemente impactadas pela pandemia. “Nosso setor, que emprega diretamente mais de 315.000 pessoas, está praticamente paralisado em função dos decretos de quarentena”, afirmou em nota.

De acordo com o dirigente, ainda não é possível revisar as projeções para 2020, devido à falta de previsibilidade de retorno do comércio. “Sabemos que a prioridade é a saúde da população, mas se as atividades se mantiverem paralisadas, cerca de 20% dos empregos do nosso setor podem ser comprometidos."

Analistas trabalham com dois cenários para traçar as projeções do setor em 2020. O primeiro deles leva em conta que a atual quarentena deva terminar no final de abril. Assim, as vendas podem recuar 13,9% neste ano, para 2,29 milhões de unidades, segundo a Bright Consultoria Automotiva.

Em um horizonte de extensão das medidas de isolamento, a queda pode ser ainda mais brutal. A projeção da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) no início do ano era de um mercado de 2,9 milhões de unidades. Mas provavelmente a entidade terá que revisar os números.

A Fenabrave destaca, entre os pleitos levados a governos federal e estaduais, a suspensão do pagamento do IPVA, linha de crédito especial do BNDES às empresas do setor e desoneração da folha de pagamentos.

Fatia do bolo

Mesmo com as vendas reduzidas, o ranking de emplacamentos da Fenabrave se manteve praticamente inalterado em março. A diferença é que, no mês, a Volkswagen se aproximou muito da líder General Motors. A marca alemã registrou 16,17% de market share em automóveis e comerciais leves e, a americana, 16,37%. No acumulado do trimestre, a GM teve um ponto percentual a mais de participação.

O modelo mais vendido de março continuou sendo o Onix, da GM, seguido do Ka (Ford) e do HB20 (Hyundai). No acumulado dos três primeiros meses do ano, o ranking é o mesmo.

As negociações com empresas e frotistas, conhecidas como vendas diretas, atingiram o maior nível da história. Em março, no segmento de automóveis e comerciais leves, estes emplacamentos representaram 49,1% do total, sendo o restante para o varejo. No acumulado do trimestre, a fatia das vendas diretas foi de 44,3%.

Isso significa que as montadoras estão concedendo descontos nas vendas de grandes volumes, o que em tese, reduz as margens das empresas.

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