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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.
Envolvida em um complicado processo de recuperação, que passa pelo fim do compartilhamento de vôos com a TAM e pela busca de novos investidores para impulsionar os negócios, a Varig fechou 2004 com um desempenho operacional mais animador. A empresa cortou em 95% o prejuízo líquido consolidado, em relação a 2003, elevou a receita líquida e aumentou a taxa de ocupação de suas aeronaves. Mas a dívida bilionária com o governo e credores privados continua pesando contra a empresa, segundo os analistas.
A receita líquida consolidada da companhia subiram 11%, de 7,95 bilhões de reais para 8,86 bilhões. De acordo com a empresa, o desempenho foi sustentado pelo aumento da taxa de ocupação média das aeronaves para 76%. Além disso, a companhia também elevou o número de horas de vôo diárias de cada aeronave para 13 horas. Por fim, as receitas oriundas dos vôos domésticos cresceram 17% sobre 2003 e representaram 41,9% do total.
Com isso, o lucro operacional (Ebit) subiu 5% e somou 457,677 milhões de reais, contra 335,599 milhões no ano retrasado. A participação do Ebit sobre a receita líquida avançou de 4,2% para 5,2% no mesmo período. De acordo com o Relatório da Administração divulgado pela empresa nesta quinta-feira (7/4), se o querosene para aviação um dos principais insumos do setor não tivesse subido 30% no ano passado, o lucro operacional poderia representar 11% da receita líquida.
Endividamento
O prejuízo líquido consolidado da Varig, em 2004, foi de 87,167 milhões de reais. A cifra é 95% menor que os 1,836 bilhão de perdas registrados em 2003. Segundo a empresa, a evolução de seus números operacionais "mostra uma companhia operacionalmente rentável, apta a aceitar um processo de capitalização".
A atração de potenciais investidores, porém, esbarra na sua pesada dívida. De acordo com a Varig, em 31 de dezembro, as dívidas pactuadas e contratadas somavam 5,7 bilhões de reais, ligeiramente menor que os 5,9 bilhões devidos pela Varig no final de 2003. Atualmente, os compromissos com o governo e com as empresas estatais equivalem a 63% da dívida da empresa. O Aerus, fundo de previdência privada dos funcionários, vem em seguida, com 18%.
Diversas alternativas foram apontadas, nos últimos meses, para salvar a Varig. O vice-presidente e ministro da Defesa José Alencar chegou a propor a reestatização da empresa, recuando em seguida. Uma frente parlamentar, liderada pela deputada federal Yeda Crusius (PSDB-RS), também busca uma solução. Alguns grupos privados, como o português Pestana, já anunciaram publicamente sua intenção de comprar parte da empresa.
Mas diversos analistas apontam que o tamanho da dívida ainda é o maior obstáculo. O patrimônio líquido da empresa, por exemplo, fechou 2004 negativo em 6,44 bilhões de reais. Hoje, a Gol divulgou nota negando que tenha intenções de adquirir a Varig.