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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h39.
Rio - O diretor executivo de Ferrosos da Vale, José Carlos Martins, afirmou hoje que a companhia não pode ser culpada por uma alta da inflação por ter reajustado o preço do minério de ferro comercializado em contratos de longo prazo. Martins não revela o nível de reajuste, mas o mercado trabalha com um aumento na casa dos 100%.
"Estamos absolutamente tranquilos que o preço do minério de ferro não vai gerar inflação no País", afirmou. E completou: "O povo não come minério." Segundo ele, um estudo feito pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) a pedido da companhia mostrou que o impacto do reajuste será "mínimo" sobre o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do IBGE, indicador que serve de referência para o Banco Central calibrar sua política monetária.
Martins admite que o aumento deve pressionar o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), calculado pela FGV, que é composto por um índice de preços ao atacado. Entretanto, explica, esse não é o índice correto para se avaliar a tendência da inflação para a população brasileira. O diretor pondera que o IGP-M calcula a variação de preço sobre toda a venda de produtos da Vale, sendo que apenas 16% do insumo comercializado fica no Brasil.
"Não dá para nos culpar sobre a questão da inflação. O Banco Central aumentou os juros com base na tendência da inflação dos últimos três meses. Não havia aumento do minério nos últimos três meses", argumentou. Segundo ele, tentam colocar a Vale mais uma vez como uma "espécie de vilã", sendo que a companhia tem uma grande importância para o saldo da balança comercial brasileira. Martins afirmou ainda que, sem as exportações da Vale no primeiro trimestre de 2010, o saldo da balança comercial brasileira teria sido negativo.