Vale não forneceu dados corretos sobre barragem de Brumadinho, diz ANM
A agência reguladora de mineração afirmou que se tivesse recebido informações certas poderia ter tomado medidas para evitar o rompimento da barragem
Reuters
Publicado em 5 de novembro de 2019 às 15h19.
Última atualização em 5 de novembro de 2019 às 16h23.
Brasília — A Agência Nacional de Mineração (ANM) apontou em relatório técnico nesta terça-feira (5) que a Vale não forneceu informações corretas sobre a situação de seu complexo Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG) , cuja barragem rompeu em 25 de janeiro, em desastre que deixou mais de 250 mortos.
O relatório final elaborado pela AMN com 194 páginas aponta ao menos cinco inconsistências entre as informações prestadas pela empresa Vale ao longo de 2018 e a situação verificada pela agência após o desastre na barragem. A AMN emitiu 24 autuações à Vale e vai encaminhar o relatório à Polícia Federal, à Controladoria Geral da União (CGU), Tribunal de Contas da União (TCU) e Ministério Público Federal (MPF).
"Algumas informações fornecidas pela empresa Vale à ANM não condizem com as que constam nos documentos internos da mineradora. Se a ANM tivesse sido informada corretamente, poderia ter tomado medidas cautelares e cobrado ações emergenciais da empresa, o que poderia evitar o desastre", afirmou a reguladora em comunicado à imprensa.
Entre as "discrepâncias" técnicos da ANM indicam que "algumas informações importantes que constavam no sistema interno e nas fichas de inspeção no campo da Vale na hora as mesmas inseridas no SIGDM [Sistema Integrado de Gestão de Segurança de Barragens de Mineração], o que impediu que o sistema alertasse os técnicos de situação com potencial comprometimento da segurança da estrutura", indica nota da ANM.
Conforme a nota da ANM, "no penúltimo reporte [relatório] feito pela Vale antes do rompimento, dia 08/01/2019 e enviado à ANM de 30/01, ou seja, após o rompimento, ainda constava que a barragem não possuía nenhuma anomalia. Porém, no dia 15/02, a empresa entregou um reporte de uma vistoria realizada no dia 22/01 (três dias antes do rompimento) em que todas as irregularidades foram apontadas".
Segundo último balanço do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais foram contabilizadas 249 mortes em decorrência da tragédia. Oficialmente, 21 pessoas permanecem desaparecidas.
(Com Estadão Conteúdo e Agência Brasil)