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Vale fará doação de R$100 mil para cada família de vítima de desastre

Diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores afirmou que valor não é indenização, e sim para necessidades urgentes da população

Brumadinho: Número de mortos até o momento é de 65 e 279 desaparecidos (Pedro Vilela/Getty Images)

Brumadinho: Número de mortos até o momento é de 65 e 279 desaparecidos (Pedro Vilela/Getty Images)

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Reuters

Publicado em 28 de janeiro de 2019 às 20h40.

Última atualização em 28 de janeiro de 2019 às 20h41.

A mineradora Vale fará doação de 100 mil reais para cada uma das famílias de mortos e desaparecidos com o rompimento de sua barragem de rejeitos de mineração da mina de ferro Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), afirmou a jornalistas nesta segunda-feira o diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores da empresa, .

O desastre ocorreu na sexta-feira, deixando dezenas de mortos e centenas de desaparecidos. A doação, segundo ele, é para atender às necessidades urgentes da população.

"É uma doação, não tem nada a ver com indenização; indenização nós sabemos que serão valores muito maiores, que precisam ser obviamente conversados com as famílias, com autoridades, com Ministério Público. Isso é apenas para incertezas de curto prazo", afirmou.

A cidade de Brumadinho não vai sofrer nenhuma perda de arrecadação no que depender da Vale

Luciano Siani

O executivo também afirmou que a empresa vai manter o pagamento de royalties de mineração em Brumadinho, como se permanecesse operando, por tempo indeterminado, para minimizar os efeitos econômicos do desastre na cidade.

"A cidade de Brumadinho não vai sofrer nenhuma perda de arrecadação no que depender da Vale", afirmou.

Brumadinho, uma pequena cidade que fica na região metropolitana de Belo Horizonte, arrecadou no ano passado 140 milhões de reais, sendo que cerca de 60 por cento foi oriundo dos royalties da atividade minerária, segundo Siani.

A empresa também vai construir uma membrana para conter os rejeitos de mineração no rio Paraopeba, na altura do município Pará de Minas (MG). A lama já percorreu cerca de 75 quilômetros desde o momento da tragédia. Está previsto que essa lama chegue a Pará de Minas daqui a 38 horas.

"A expectativa é que não haja nenhuma ruptura na captação de água nas cidades a jusante do rio Paraopeba", afirmou.

O executivo evitou detalhar impactos financeiros e nas ações da empresa com o desastre, mas afirmou que tem compromissos tanto com acionistas, como funcionários, populações, para também preservar a companhia para que ela continue criando riquezas.

As ações da Vale fecharam em queda de 24,5 por cento nesta segunda-feira, pior desempenho diário da sua história e equivalente uma perda de 72,8 bilhões de reais em valor de mercado. Segundo ele, a Vale tem cerca de 200 mil acionistas pessoas físicas, grandes fundos de pensão, outros milhares de pensionistas Brasil afora, que dependem fundamentalmente dos resultados da Vale e a empresa tem cerca de 100 mil empregados, entre próprios e terceiros.

"Se as ações caíram ou subiram, isso é completamente secundário neste momento. Mas a sociedade brasileira e a companhia precisam encontrar uma solução que atenda a todas as partes envolvidas", afirmou.

Investimento em barragens

Siani afirmou que ainda não tem causas para apresentar para o colapso da barragem de Brumadinho, mas pontuou que a tecnologia de alteamento da barragem era a montante, a mesma utilizada pela barragem da Samarco, que se rompeu em uma tragédia há cerca de três anos.

Segundo o executivo, a barragem de Brumadinho era de 1976 e a companhia já não constrói novas barragens com tecnologia a montante "há muitos e muitos anos".

"Até então se acreditava que com o monitoramento adequado essas barragens eram seguras, esses conceitos possivelmente terão que ser reavaliados. Em razão disso a Vale vai apresentar um plano, eu diria, ousado, com investimento bastante grande para fazer frente a essas barragens (que já existem)", afirmou.

"Mesmo essas barragens antigas e desativadas, como foi o caso dessa, vão passar por investimentos significativos para zerar o risco", disse Siani.

Questionado sobre a localização da área administrativa da empresa e restaurante, bem embaixo da barragem que se rompeu, onde estavam centenas de empregados agora desaparecidos, Siani reconheceu ter ficado surpreso.

"Eu fiquei surpreso também com essa aparente imprudência", afirmou.

No entanto, ponderou que "toda a melhor técnica atestava que esse tipo de barragem, com o monitoramento adequado" era segura.

"Para você ter uma ideia, o gerente responsável pelo monitoramento da barragem foi um dos que faleceram no restaurante. Então, a própria pessoa que decide a respeito dos investimentos, que decide a respeito do que fazer, da frequência das decisões, estava tão segura disso que almoçava todo dia no restaurante", explicou.

Subiu para 65 o número de mortes confirmadas após o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho e ainda existem 279 pessoas desaparecidas, informou no início da noite desta segunda-feira o tenente-coronel Flávio Godinho, coordenador da Defesa Civil de Minas Gerais.

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