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A Vale está tapando o sol com a peneira, ao contratar uma consultoria?

Consultoria internacional vai elaborar lista de três candidatos para a sucessão de Agnelli

Agnelli: contratação de consultoria tenta anular fator político (Germano Lüders/EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 1 de abril de 2011 às 00h12.

São Paulo - A contratação de uma consultoria internacional é a estratégia da Vale para “profissionalizar” a substituição de Roger Agnelli. Ao elaborar uma lista de três candidatos à presidência, os controladores da Vale procuram eliminar o cunho político que o assunto ganhou nas últimas semanas.

Desde a divulgação de que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, pediu pessoalmente a cabeça de Agnelli ao presidente do conselho de administração do Bradesco, Lázaro Brandão, o mercado se convenceu de que a demissão do executivo tem motivos muito mais políticos do que técnicos. Afinal, sob Agnelli, o lucro da Vale saltou de 3 bilhões para 30 bilhões de reais entre 2001 e 2010.

Maior empresa privada do país e com cerca de 4 milhões de acionistas, a Vale foi pega no fogo cruzado entre Agnelli e o governo, desde o segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva. Ao adotar medidas para preservar a rentabilidade da empresa, como corte de custos e demissões em meio à crise deflagrada em 2008, Agnelli colidiu com Lula e chegou a receber críticas públicas do então presidente.

Nas sombras

Desde aquela época, o governo iniciou um trabalho de bastidores para apeá-lo do comando da segunda maior mineradora do mundo. Os rumores começaram logo após a crise de 2008 e ganharam força durante a campanha presidencial. Falava-se que a então candidata petista, Dilma Rousseff, havia comprado a briga de Lula, seu padrinho político, e buscaria substituir o executivo.

O assunto ganhou fôlego nas últimas semanas, e tanto o governo, quanto o Bradesco – o maior acionista privado da Vale – foram alvos de críticas crescentes do mercado, que vê com desconfiança o futuro da empresa ao se render a interesses políticos.

Em meio à boataria, as apostas concentraram-se em três nomes: Tito Martins, atual presidente da Vale Inco e executivo de carreira da Vale; Fábio Barbosa, presidente do conselho do Santander Brasil; e Antonio Maciel Neto, presidente da Suzano.

Verniz técnico

Para atenuar as críticas, os controladores teriam concordado, no início da semana, em promover um executivo de carreira da Vale para o lugar de Agnelli. A medida serviria para dar um caráter técnico à decisão, além de conter a revolta de parte dos diretores e demais funcionários, que ameaçam deixar a empresa, caso um político venha a comandá-la.

A decisão do conselho de administração da Vale, divulgada nesta quinta-feira (31/3), de contratar uma empresa internacional de recrutamento de executivos segue a mesma direção. Em tese, ficará mais difícil, aos olhos do mercado, afirmar que houve manipulação na escolha do sucessor de Agnelli.

O Bradesco e o governo sempre poderão argumentar que a decisão foi baseada na avaliação de consultores independentes e reconhecidos mundialmente. Resta saber se isso será suficiente para acabar com a impressão de que os interesses do governo se sobrepuseram aos dos acionistas – incluindo os minoritários, como os trabalhadores que aplicaram seu FGTS em fundos da Vale. Somente quando o substituto de Agnelli tomar suas primeiras decisões à frente da Vale, é que se saberá se os controladores só tentaram tapar o sol com a peneira, ou se realmente agiram em defesa da própria empresa.

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São Paulo - A contratação de uma consultoria internacional é a estratégia da Vale para “profissionalizar” a substituição de Roger Agnelli. Ao elaborar uma lista de três candidatos à presidência, os controladores da Vale procuram eliminar o cunho político que o assunto ganhou nas últimas semanas.

Desde a divulgação de que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, pediu pessoalmente a cabeça de Agnelli ao presidente do conselho de administração do Bradesco, Lázaro Brandão, o mercado se convenceu de que a demissão do executivo tem motivos muito mais políticos do que técnicos. Afinal, sob Agnelli, o lucro da Vale saltou de 3 bilhões para 30 bilhões de reais entre 2001 e 2010.

Maior empresa privada do país e com cerca de 4 milhões de acionistas, a Vale foi pega no fogo cruzado entre Agnelli e o governo, desde o segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva. Ao adotar medidas para preservar a rentabilidade da empresa, como corte de custos e demissões em meio à crise deflagrada em 2008, Agnelli colidiu com Lula e chegou a receber críticas públicas do então presidente.

Nas sombras

Desde aquela época, o governo iniciou um trabalho de bastidores para apeá-lo do comando da segunda maior mineradora do mundo. Os rumores começaram logo após a crise de 2008 e ganharam força durante a campanha presidencial. Falava-se que a então candidata petista, Dilma Rousseff, havia comprado a briga de Lula, seu padrinho político, e buscaria substituir o executivo.

O assunto ganhou fôlego nas últimas semanas, e tanto o governo, quanto o Bradesco – o maior acionista privado da Vale – foram alvos de críticas crescentes do mercado, que vê com desconfiança o futuro da empresa ao se render a interesses políticos.

Em meio à boataria, as apostas concentraram-se em três nomes: Tito Martins, atual presidente da Vale Inco e executivo de carreira da Vale; Fábio Barbosa, presidente do conselho do Santander Brasil; e Antonio Maciel Neto, presidente da Suzano.

Verniz técnico

Para atenuar as críticas, os controladores teriam concordado, no início da semana, em promover um executivo de carreira da Vale para o lugar de Agnelli. A medida serviria para dar um caráter técnico à decisão, além de conter a revolta de parte dos diretores e demais funcionários, que ameaçam deixar a empresa, caso um político venha a comandá-la.

A decisão do conselho de administração da Vale, divulgada nesta quinta-feira (31/3), de contratar uma empresa internacional de recrutamento de executivos segue a mesma direção. Em tese, ficará mais difícil, aos olhos do mercado, afirmar que houve manipulação na escolha do sucessor de Agnelli.

O Bradesco e o governo sempre poderão argumentar que a decisão foi baseada na avaliação de consultores independentes e reconhecidos mundialmente. Resta saber se isso será suficiente para acabar com a impressão de que os interesses do governo se sobrepuseram aos dos acionistas – incluindo os minoritários, como os trabalhadores que aplicaram seu FGTS em fundos da Vale. Somente quando o substituto de Agnelli tomar suas primeiras decisões à frente da Vale, é que se saberá se os controladores só tentaram tapar o sol com a peneira, ou se realmente agiram em defesa da própria empresa.

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