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Vacas são abatidas nos EUA para manter preço do leite alto

O “programa de aposentadoria do rebanho”, como era chamado, foi respaldado pelas fazendas que produzem quase 70 por cento do leite do país


	Vaca: o “programa de aposentadoria do rebanho”, como era chamado, foi respaldado pelas fazendas que produzem quase 70 por cento do leite do país
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Vaca: o “programa de aposentadoria do rebanho”, como era chamado, foi respaldado pelas fazendas que produzem quase 70 por cento do leite do país (Thinkstock)

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Da Redação

Publicado em 8 de setembro de 2016 às 17h34.

Embora a demanda por lácteos nos EUA venha subindo continuamente há quase 40 anos, alguns criadores tentaram limitar a oferta de leite matando suas próprias vacas.

Sim, é exatamente isso. A situação foi revelada em uma ação judicial de classe de caráter nacional contra cooperativas lácteas, grupos de fazendeiros que reúnem sua oferta, mas, no geral, servem de intermediários entre os fazendeiros e as processadoras de lácteos.

Neste caso, os advogados de uma das principais empresas reclamantes alegaram, em nome dos consumidores americanos, que as cooperativas pagaram aos fazendeiros para que transformassem de forma prematura centenas de milhares de vacas em hambúrgueres em um esquema amplo que teve o objetivo de elevar os preços dos lácteos.

Os réus fecharam um acordo de US$ 52 milhões nesta semana, uma gota no oceano para um setor tão grande. Mas a ação antitruste lança luz sobre um setor altamente complexo da economia agrícola dos EUA -- no qual parte das leis da macroeconomia nem sempre parece ser aplicada.

Rebanho

O “programa de aposentadoria do rebanho”, como era chamado, foi liderado pela Cooperatives Working Together, administrada pela Federação Nacional de Produtores de Leite dos EUA, e respaldado pelas fazendas que produzem quase 70 por cento do leite do país.

Entre as cooperativas processadas individualmente estão a Dairy Farmers of America, a Land O’Lakes, a Dairylea Cooperative e a Agri-Mark.

Os consumidores afirmaram que entre 2003 e 2010 as cooperativas pagaram preços acima do mercado por vacas leiteiras de propriedade de fazendeiros membros e as enviaram para o abate antes do tempo normal. Reduza a oferta e o preço subirá, certo? Mas a situação ficou esquisita se observado o desempenho do setor. 

O governo dos EUA afirma que o consumo global de lácteos do país passou de 244 quilos por pessoa por ano em 1975 para 284 quilos em 2015 (embora as vendas de leite líquido tenham caído vertiginosamente). E então, por que é preciso elevar os preços se as pessoas consomem cada vez mais iogurte grego?

As cooperativas que são rés, como mencionamos, são compostas de produtores de lácteos de pequeno e grande porte. Os fazendeiros vendem seu leite por meio das cooperativas para grandes processadoras de lácteos (que fazem o seu iogurte favorito), que por sua vez vendem sua produção às empresas varejistas (o supermercado mais próximo).

Gary Genske, tesoureiro da Organização Nacional de Produtores de Lácteos dos EUA, diz que as processadoras muitas vezes exigem mais leite das cooperativas do que realmente precisam, criando um excedente e derrubando o preço global dos lácteos (o que, é claro, beneficia as processadoras e prejudica os fazendeiros). “Temos muito produto na comparação com o que o mercado quer”, disse Genske.

Por isso -- segundo a queixa aberta há cinco anos no tribunal federal de São Francisco -- as cooperativas criaram uma forma de combater o excesso e elevar os preços: matar centenas de milhares de vacas.

Aparentemente, essa iniciativa de execução bovina atingiu seu objetivo: de 2004 a 2008, os preços dos produtores subiram US$ 0,66 por 100 libras (45,3 quilos) de leite, segundo uma análise do dr. Scott Brown, da Universidade de Missouri-Columbia, para grupos de cooperativas.

As cooperativas rés não admitem, nem negam irregularidades ligadas ao acordo. Mas a Federação Nacional de Produtores de Leite chamou o acordo de “a linha de ação mais sensata e responsável”. (A Dairy Farmers of America, a Dairylea Cooperative e a Agri-Mark não responderam a um pedido de comentário. A Land O’Lakes encaminhou as perguntas da Bloomberg à federação do setor).

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