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Usiminas vê leve melhora na demanda por aço em 2017

A siderúrgica enxerga recuperação no cenário econômico e cogita um novo aumento de preços nos produtos no próximo trimestre

As que mais caíram: Usiminas (USIM5) (Nelio Rodrigues/Site Exame)

As que mais caíram: Usiminas (USIM5) (Nelio Rodrigues/Site Exame)

Luísa Melo

Luísa Melo

Publicado em 28 de outubro de 2016 às 14h11.

Última atualização em 28 de outubro de 2016 às 17h46.

São Paulo - A Usiminas enxerga uma pequena melhora na demanda por aço a partir do ano que vem.

"A partir de junho, a queda que vinha transcorrendo desde junho de 2014 parou de ocorrer. A curva de demanda agora está estável, com pequeno viés de crescimento", disse o vice-presidente comercial da empresa, Sergio Leite, em teleconferência com analistas nesta sexta-feira (28).

Passa a valer a partir de hoje um amento de 5% nos preços dos produtos vendidos pela siderúrgica, puxado pelo crescimento no custo do carvão, uma das principais matérias-primas usadas na fabricação do aço. Esse é o quarto reajuste só neste ano. Os três primeiros foram de 10% cada.

Os impactos dos novos valores de venda só devem aparecer no último trimestre.

Segundo Leite, uma outra subida pode acontecer nos próximos dois a três meses, dependendo do que acontecer com os preços internacionais e com o câmbio.

Para tentar amenizar os efeitos negativos do alto preço do carvão, a companhia está tomando algumas medidas, como a substituição do insumo por gás natural nos altos fornos.

No vermelho, mas melhor

No terceiro trimestre, a Usiminas vendeu 959 mil toneladas de aço, um aumento de 7% frente ao trimestre anterior, mas uma queda de 18,6% ante o mesmo período de 2015. Já o comércio de minério permaneceu estável na comparação trimestral e cresceu 1,8% na comparação anual, para 789 mil toneladas.

A receita líquida da siderúrgica foi de 2,26 bilhões de reais de julho a setembro, aumento de 12% frente aos três meses anteriores e queda de 6,56% ante o terceiro trimestre do ano passado.

O prejuízo líquido foi de 107 milhões de reais. Foi nono o trimestre em que a companhia ficou no vermelho. Apesar disso, a perda representa um décimo da observada um ano antes e é 13% menor que a do segundo trimestre.

O resultado financeiro ficou negativo em 159,3 milhões de reais, contra 114,6 milhões de reais positivos nos três meses anteriores.

Ele foi influenciado por ganhos cambiais de 328,1 milhões de reais, devido à valorização do real no período, mas também por perdas de 89,7 milhões de reais em despesas com juros sobre financiamentos, resultado da renegociação da dívida da empresa, finalizada em setembro.

Como a dívida antiga foi substituída por uma nova, os juros decorrentes dos contratos velhos foram integralmente pagos, aumentando as despesas.

A dívida bruta da empresa soma hoje 6,9 bilhões de reais, frente a 7,2 bilhões de reais em junho, um recuo de 4%. Aproximadamente 92% dos débitos anteriores foram renegociados, com prazo total de pagamento de 10 anos e três de carência.

A dívida líquida está em 4,6 bilhões de reais, frente a 4,5 bilhões de reais em junho. Ela representa uma alavancagem de 15,33 vezes o Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) do terceiro trimestre, que ficou em 300,5 milhões de reais.

Os investimentos do período totalizaram 37,3 milhões de reais, quantia 25,9% menor do que a aplicada no trimestre, de 50,4 milhões de reais. O capex para todo o ano deve ficar em cerca de 250 milhões de reais.

Ajustes na crise

Durante a apresentação dos resultados, o presidente da Usiminas, Rômel de Souza, lembrou que o setor industrial enfrenta uma grave crise e disse que todos os segmentos "estão tendo que passar por redução de expectativas, correção de planos e adaptações".

Ele reforçou que os ajustes na empresa começaram há algum tempo, com a frenagem do ritmo de produção ao nível técnico mínimo em 2014, a paralisação de fornos em 2015 e a parada da Usina de Cubatão, em São Paulo, neste ano.

O executivo disse que os efeitos desses esforços foram mais visíveis no terceiro trimestre, mas que o trabalho continua.

Ronald Seckelmann, vice-presidente financeiro, disse que a companhia ainda tem muito espaço para crescer. "Temos capacidade ociosa no laminador de Cubatão e o alto forno número 1 paralisado em Ipatinga. Ainda não estamos em voo de cruzeiro", afirmou.

A retomada das atividades do alto forno está em análise e deve acontecer caso haja sinais claros de melhora na demanda.

Segundo ele, se nenhum reparo na estrutura for necessário, seriam gastos de 2 a 3 milhões de reais para religá-la. A retomada da produção aconteceria dentro de 90 a 120 dias.

Briga societária

Rômel de Souza voltou a comandar a Usiminas neste mês, após ordem judicial. Ele estava fora do cargo desde maio, quando foi substituído por Sergio Leite (que agora retornou à vice-presidência comercial) em decisão do conselho de administração.

A escolha de Leite foi anulada à pedido da Nippon Steel, sócia controladora da empresa, que alegava que o processo de destituição de Souza teria ferido o acordo de acionistas.

O nome de Leite era apoiado por outra companhia do bloco de controle, a Ternium.

A briga entre as duas sócias é uma das maiores já vistas no país e já se estende por mais dois anos.

Entenda mais sobre a polêmica:

+ Briga entre sócios da Usiminas rende (mais) troca de farpas

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