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Usiminas vê importações derrubarem seu volume de vendas

Queda não chegou a comprometer a receita líquida, que cresceu 13% no terceiro trimestre em relação ao mesmo período de 2009

Usiminas: até setembro, o Brasil importou cerca de 4,3 milhões de toneladas de aço, segundo a empresa (DIVULGAÇÃO)

Usiminas: até setembro, o Brasil importou cerca de 4,3 milhões de toneladas de aço, segundo a empresa (DIVULGAÇÃO)

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Da Redação

Publicado em 3 de novembro de 2010 às 16h35.

São Paulo – A Usiminas produziu 1,879 milhão de toneladas e vendeu 1,55 milhão de toneladas de aço de julho a setembro. Enquanto a produção representou uma alta de 7% em relação ao mesmo período de 2009, as vendas registraram queda de 9% em relação ao mesmo período. O resultado foi impactado pelas importações, segundo Wilson Brumer, presidente da Usiminas.

Até setembro, o Brasil importou cerca de 4,3 milhões de toneladas de aço, segundo a empresa, o que equivale a quase toda a produção de uma de suas unidades - Ipatinga. "Se considerados produtos que contém aço, são nove milhões de toneladas, e nove milhões são as duas plantas da Usiminas, Cubatão e Ipatinga", disse Brumer, em teleconferência de resultados.

"Nada contra a importação, desde que seja dentro de regras de mercado em que o Brasil ainda tem que avançar", disse o presidente da Usiminas. No mundo há um excedente de cerca de 600 milhões de toneladas de aço, isso somado ao crescimento do Brasil e ao câmbio leva às importações, segundo Brumer.

A queda no volume de vendas não chegou a comprometer a receita líquida que cresceu 13% no terceiro trimestre em relação ao mesmo período de 2009 (chegando a 3,2 bilhões de reais) e 24% no acumulado do ano – totalizando 9,8 bilhões de reais nos nove primeiros meses de 2010. A receita não foi comprometida pois a Usiminas aumentou seus preços médios em cerca de 3% sobre o período de abril a junho.

Resultados

O resultado da empresa seguiu o esperado, segundo relatórios da Ativa Corretora e da Brascan. "Os números operacionais da Usiminas, apesar de fracos, não surpreenderam as expectativas de consenso do mercado, que já conhecia o impacto da maior competição dos aços importados sobre as vendas das siderúrgicas brasileiras", afirma relatório da Ativa Corretora assinado pela analista Luciana Leocadio.

O relatório destaca que o reflexo nas margens já era aguardado, mas esperava-se que ele seria proveniente da pressão dos custos com matérias primas, o que ocorreu em menor escala. No entanto, a elevação das despesas consumiu todo o incremento obtido na margem bruta, levando a uma menor margem ebitda ante o segundo trimestre de 2010.

Os resultados da Usiminas foram "negativos, porém em linha com nossas estimativas", segundo relatório da Brascan, assinado pelo analista Rodrigo Ferraz. Entre os pontos positivos estão a maior produção de minério de ferro e o aumento marginal da participação nas vendas ao mercado interno. Entre os pontos negativos, a redução no volume de vendas do aço, quedas nas vendas de minério de ferro, quedas nas vendas de laminados a frio para o mercado interno e alta de mais de um bilhão de reais nos estoques da companhia.

O cenário de curto prazo se encontra negativo para as siderúrgicas, como reflexo de altos níveis de estoque, descontos concedidos e grande competição de importados, segundo relatório da Brascan. "Esta situação é especialmente pior para a Usiminas, em função de sua dependência de minério de ferro de terceiros e de uma menor demanda para seus produtos de maior valor agregado", informou o relatório. Entre os fatores que podem aumentar a demanda por produtos siderúrgicos acima do previsto, segundo a Brascan, estão os projetos de infraestrutura – PAC, Copa do Mundo e Olimpíadas.

A Usiminas está investindo em mineração e acelerando seus investimentos nesse setor. Atualmente a capacidade de produção é de sete milhões de toneladas. O objetivo é alcançar 29 milhões de toneladas em 2015. Não há planos de aquisição de novas reservas para buscar a autossuficiência em minério de ferro.

O lucro líquido da Usiminas foi de 495 milhões de reais – 14% superior ao do mesmo trimestre de 2009. O ebitda (lucro antes de incidência de juros, impostos, amortização e depreciação) somou 735 milhões de reais no trimestre, contra 417 milhões de reais no mesmo período de 2009. A margem ebitda subiu sobre o terceiro trimestre de 2009, de 14,6% para 22,7%.

A empresa terminou o trimestre com um resultado financeiro positivo de 112,1 milhões de reais ante 200,44 milhões de reais entre julho e setembro de 2009. A Usiminas mantém seu plano de investimentos de 4,1 bilhões de reais até 2015 para quadruplicar a produção. "Continuamos com nosso plano de investimentos, apesar do momento menos favorável", disse o presidente da Usiminas.

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