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Usiminas: três presidentes em quatro anos (e agora vai?)

Nomeação de Julián Eguren foi bem recebida pelo mercado; resta saber se ele vai dar conta de reverter situação da siderúrgica e corrigir o legado deixado por seus antecessores

Wilson Brumer e Julián Eguren: troca de presidentes deve acontecer nos próximos meses (Leonardo Galvani/Divulgação/Usiminas)

Wilson Brumer e Julián Eguren: troca de presidentes deve acontecer nos próximos meses (Leonardo Galvani/Divulgação/Usiminas)

Daniela Barbosa

Daniela Barbosa

Publicado em 18 de janeiro de 2012 às 15h07.

São Paulo – O argentino Julián Eguren deve assumir o comando da Usiminas nos próximos meses. O nome do executivo indicado pela Ternium, uma das principais acionistas da siderúrgica brasileira, foi aprovado pelo conselho de administração nesta semana e bem recebido pelo mercado. 

O movimento seria comum, afinal trocas de gestores acontecem diariamente no mundo corporativo, se não fosse por um único detalhe: Eguren é o terceiro presidente nomeado pela companhia no curto período de quatro anos.

Desde a saída de Rinaldo Soares, em março de 2008, que esteve à frente da companhia por 18 anos, o cargo mais importante da empresa passou pelas mãos de Marco Antonio Castello Branco, que ficou dois anos no comando e Wilson Brumer, que vai completar dois anos de gestão em abril deste ano. “É um tempo insuficiente para implantar projetos de longo prazo; dá apenas para conhecer a equipe”, afirmou Rafael Weber, analista do setor siderúrgico da corretora Geração Futuro.    

Além de traçar uma estratégia de mais fôlego para a Usiminas, Eguren assume a direção em um momento delicado para o setor siderúrgico e, consequentemente, para a empresa.

Em 2011, a companhia viu seu lucro despencar a cada semestre e não soube reagir, pressionada também pelo cenário mundial. O avanço da importação, o preço do aço praticado no mercado e até mesmo a variação cambial fizeram as siderúrgicas derraparem em 2011.

Até setembro, a Usiminas havia somado lucro de pouco mais de 320 milhões de reais. Sua principal concorrente, a CSN, no entanto, havia acumulado lucro de 2,6 bilhões de reais no mesmo período. As cifras destoantes refletem a forma como as companhias são administradas internamente, segundo os analistas.

Não é à toa que a CSN buscou, a todo custo, se unir à Usiminas. O principal argumento de seu controlador, Benjamin Steinbruch, era justamente o fato de a CSN apresentar um desempenho superior – o que indicava que muito poderia ser melhorado na Usiminas, sob sua influência. Mas a resistência da Nippon Steel, um dos donos da Usiminas, implodiu os planos da CSN e abriu caminho para a chegada da argentina Ternium – responsável pela indicação de Eguren.


“O setor como um todo enfrenta dificuldades. Já Usiminas, além dos problemas externos, enfrenta alguns desafios internos e que precisam ser priorizados a partir de agora”, afirmou Weber, da Geração Futuro.    

Segundo ele, a troca constante de presidentes dificultou a implantação de projetos de longo prazo, que foram deixados de lado nos últimos anos, e que de certa forma contribuíram para o resultado ruim no ano passado. 

“A Usiminas precisa, antes de qualquer coisa, cortar custos para poder reverter as quedas constantes de lucro. Além disso, priorizar sua internacionalização e ampliar algumas áreas de atuação, como mineração, por exemplo”, afirmou Weber. 

Outro especialista desse setor consultado por EXAME.com, que prefere não revelar seu nome, afirmou que não se trata especificamente de uma gestão ineficiente, mas de pouco tempo para colocar alguns projetos em andamento. “A Usiminas é uma ótima empresa e a experiência de Eguren poderá reverter essa condição atual”, disse.

Experiente 

O mandato de Brumer como presidente da Usiminas termina em abril, após dois anos de gestão. Para os analistas, com a entrada de Ternium no controle da siderúrgica, não é uma surpresa que haja uma troca de nomes. Tanto que a indicação de Eguren não soou estranha para o mercado.

O executivo, que é o atual presidente da Ternium no México, já esteve à frente das operações da companhia argentina na Venezuela e acompanhou de perto o processo de estatização da Sidor pelo presidente Hugo Chávez. 

Eguren conta com 25 anos de experiência no setor siderúrgico. Não é um tempo desprezível em nenhum setor. Mas só vai servir para a Usiminas, se ele conseguir sossegar na cadeira por mais tempo que seus antecessores.

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