Negócios

Uma rara história de sucesso no varejo em meio ao lockdown

Este moinho no Reio Unido vendia 80% de sua farinha para padarias e restaurantes. Com a pandemia, tudo mudou e os pedidos pelo correio chegaram a subir 700%

Billie Wilkinson (direita) e Andrew Wilkinson, donos do moinho Gilchesters Organics, na sede da empresa em Stamfordham, no Reino Unido  (Ian Forsyth/Bloomberg)

Billie Wilkinson (direita) e Andrew Wilkinson, donos do moinho Gilchesters Organics, na sede da empresa em Stamfordham, no Reino Unido (Ian Forsyth/Bloomberg)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 7 de dezembro de 2020 às 17h35.

Última atualização em 7 de dezembro de 2020 às 20h31.

A fábrica de farinha Gilchesters Organics teve sorte quando um ano favorável a sacos de papel chegou em fevereiro, um mês antes de o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, decretar lockdown no Reino Unido por causa do novo coronavírus.

A resposta dos consumidores foi imediata: em pânico com o racionamento em supermercados e prateleiras vazias enquanto a cadeia de abastecimento de alimentos enfrentava dificuldades nas primeiras semanas da pandemia, as pessoas se aglomeraram em moinhos independentes como o Gilchesters.

“Nosso modelo de negócios mudou completamente”, diz Billie Wilkinson, de 53 anos, que dirige a empresa com seu marido, Andrew, de 55.

Até então, o moinho, situado no local de um forte romano, vendia cerca de 80% de sua farinha para padarias, restaurantes e clientes atacadistas em sacos gigantes. O restante ia para lojas locais, com um número insignificante de pedidos pelo correio que iam direto aos clientes. Mas no primeiro mês de lockdown, os pedidos pelo correio aumentaram 700%.

“As pessoas ainda queriam sacos de farinha, mas tudo mudou completamente”, diz Wilkinson. A empresa teve de processar todos os pedidos pelo correio, escolhendo e embalando a farinha, e reduzir sua oferta para atender a uma demanda sem precedentes.

“Durante o lockdown, todos decidiram que precisavam de um saco de farinha no estoque”, diz Andrew Wilkinson. “A indústria não aguentou, fomos bombardeados. Tivemos de restringir o acesso ao site para podermos lidar com essa onda fenomenal que buscava pequenos sacos de farinha.”

A empresa também teve de educar os clientes a não acumular. O mesmo aconteceu nos supermercados: 2,1 milhões de pessoas compraram farinha a mais no mês que antecedeu 22 de março, de acordo com dados da Mintel, que faz análise de mercado. Em abril, outros 2 milhões compraram um saco extra de farinha, diz Andrew Wilkinson.

Para o Gilchesters, a pressão era manter a velocidade de entrega enquanto os suprimentos ficavam mais escassos. A equipe, para cumprir distanciamento social, reduziu o número de pessoas para atender pedidos de seis para três. O volume de farinha produzida naquele primeiro mês de quarentena foi menor que o normal porque padarias e restaurantes não fizeram pedidos enquanto estavam fechados.

“Todo mundo pensa que é aí que o dinheiro foi feito”, diz Billie Wilkinson, mas eles estão errados. “Foi um negócio diferente no primeiro mês.” Ainda assim, no geral, durante a pandemia, a empresa “nunca moeu mais farinha do que agora”, diz Andrew.

Novos clientes permaneceram durante todo o lockdown. Wilkinson mantém uma pasta de e-mails com clientes agradecendo por manter suas famílias alimentadas; alguns se ofereceram para se encontrarem à distância a fim de oferecer bolos caseiros como forma de agradecimento.

A empresa aprendeu lições sobre suprimento e equipe, e também cresceu como resultado da pandemia.

“O que provou ser uma grande bênção foi tentarmos obter tudo localmente, de paletes a embalagens”, diz Billie Wilkinson. “E se não for local, pelo menos no Reino Unido.”

Quando as fronteiras foram fechadas e as proibições de viagens foram aplicadas, isso ajudou a manter os negócios funcionando e pode ser um prenúncio dos preparativos para janeiro, quando o Reino Unido deve deixar a União Europeia.

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