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Um sonho de Eike sobrevive nos escombros de seu ex-império

Quando o império de Eike colapsou, a EIG assumiu o controle de seu projeto mais valioso: uma startup portuária que, agora, tem o sabor de um negócio único

Operário caminha em área do Porto de Açu, no Rio de Janeiro (Dado Galdieri/Bloomberg/Bloomberg)
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Da Redação

Publicado em 4 de agosto de 2015 às 16h49.

Quando o império do ex-bilionário Eike Batista colapsou, a EIG Global Energy Partners LLC assumiu o controle de seu projeto mais valioso: uma startup portuária brasileira tão ambiciosa e sofisticada quanto arriscada e sedenta por capital.

Dois anos depois, o investimento de R$ 1,8 bilhão (US$ 520 milhões) agora tem o sabor de um negócio único na vida, semelhante à compra da Louisiana pelos EUA, no início do século 19, disse Kevin Lowder, vice-presidente da EIG, uma empresa de investimento com sede em Washington.

O Porto de Açu, que fica em um lote de terra maior do que Manhattan, assinou contratos com empresas como BG Group Plc e Votorantim Metais SA neste ano. A Anglo American Plc começou a operar seu terminal lá em outubro.

Embora o valor das exportações ainda seja bem menor se comparado com o de portos vizinhos, a história de sucesso de Açu se destaca em um país atingido pelo queda dos preços das commodities e por uma recessão que deverá ser a maior em 25 anos.

A queda nos preços está, na verdade, pesando a favor de Açu, disse Lowder.

“Durante um ambiente de preços mais baixos das commodities, cada dólar por barril conta”, disse ele em entrevista no Rio de Janeiro, na sede da Prumo Logística SA, a empresa controlada pela EIG que administra Açu.

“Existe uma pressão para reduzir custos e é isso que esse projeto faz”.

A experiência de Açu contrasta com a do maior complexo marítimo do Brasil, o Porto de Santos, a 800 quilômetros ao sul, onde o valor dos embarques despencou.

Macaé, uma cidade do estado do Rio de Janeiro chamada pelos especialistas do setor de capital petrolífera do Brasil, também está enfrentando problemas.

90 quilômetros quadrados

O Porto de Açu tem uma vantagem geográfica sobre outros portos porque está mais perto dos campos petrolíferos mais produtivos do Brasil e tem muito espaço livre, disse Victor Mizusaki, analista de transporte do Bradesco BBI SA.

Açu tem 90 quilômetros quadrados de espaço, contra 7,7 quilômetros quadrados de Santos, segundo as empresas.

“Os outros portos têm dificuldades para se expandir”, disse Mizusaki, por telefone, de São Paulo. E vai demorar algum tempo para que outras startups portuárias possam competir, disse ele.

“Eles estão pelo menos cinco anos à frente de qualquer outro projeto similar no Brasil”.

A receita operacional da Prumo mais do que quadruplicou em relação a um ano antes, para R$ 75,4 milhões (US$ 21,9 milhões) no primeiro trimestre.

Contudo, o montante representa menos de um terço do registrado pela Santos Brasil Participações SA, cujo terminal em Santos é o mais movimentado da América Latina, segundo registros regulatórios.

O fato de a Prumo -- anteriormente chamada de LLX -- ter emergido dos escombros do colapso do império de mais de US$ 30 bilhões de Eike Batista para se tornar a próxima esperança brasileira de impulsionar as exportações também a coloca em destaque.

A startup petrolífera OGX -- agora chamada OGpar -- está envolvida em uma batalha judicial com credores relacionada a um navio-sonda.

Após iniciar o projeto portuário, em 2007, Eike agora possui menos de 0,3 por cento das ações da Prumo.

Escândalo de corrupção

Isso se soma à onda de negociações dos últimos meses, incluindo um acordo-chave com a produtora de petróleo BG, para usar Açu para o transbordo de até 200.000 barris de petróleo bruto por dia, com início das operações em outubro.

O porto assinou um contrato de três anos com a Votorantim Metais SA no mês passado para exportar bauxita e importar coque de petróleo.

O CEO da Prumo, Eduardo Parente, disse que a empresa espera assinar mais um ou dois contratos com produtoras de petróleo antes do fim do ano.

Mesmo com preços mais baixos e um escândalo de corrupção na gigante petrolífera estatal, a Petrobras, “as pessoas ainda precisam de muita infraestrutura para o petróleo”, disse Parente.

“Essa crise nos ajuda em muitos sentidos”.

São Paulo – Expectativas frustradas, crise de confiança, derrocada das ações, processos de acionistas, recuperação judicial, dentre outros. A lista de problemas é grande – e as perdas também. Nos últimos dois anos, o Grupo EBX colecionou más notícias e Eike Batista viu suas empresas perderem em torno de 57 bilhões de reais em valor de mercado. Colocando na conta as perdas da CCX, que estreou apenas em maio de 2012 na Bovespa, a desvalorização de seu império aumenta para 58 bilhões de reais. O que era para funcionar como uma grande engrenagem devido àinterdependência das companhias, acabou se transformando em colapso. Confira a seguir o desempenho de cada empresa X, segundo dados da Economatica.
  • 2. OGX (OGXP3)

    2 /8(RUI PORTO FILHO)

  • Veja também

    Valor de mercado em de novembro de 2011: R$ 46,6 bilhões
    Valor de mercado em de novembro de 2013: R$ 485 milhões
    A OGX precisa de 150 milhões de dólares até janeiro de 2014 para quitar seus compromissos, segundo reportagem do Valor Econômico. A petrolífera de Eike Batista pediu recuperação judicial em 30 de outubro.
  • 3. OSX (OSXB3)

    3 /8(Divulgação)

  • Valor de mercado em de novembro de 2011: R$ 3,8 bilhões
    Valor de mercado em de novembro de 2013: R$ 159 milhões
    Depois da OGX, a OSX também se encontrou na iminência de um pedido de recuperação judicial. Além disso, o Conselho da OSX demitiu Marcelo Gomes do cargo de diretor-presidente e elegeu Ivo Dworschak Filho para a posição. Ele acumulará a nova atribuição com a de diretor de Construção Naval. O pedido era amplamente esperado e foi aprovado pelo Conselho de Administração em caráter de urgência.
  • 4. MMX (MMXM3)

    4 /8(Douglas Engle/Bloomberg News.)

    Valor de mercado em de novembro de 2011: R$ 4,44 bilhões
    Valor de mercado em de novembro de 2013: R$ 672 milhões
    A companhia de mineração fundada por Eike Batista anunciou recentemente a venda da MMX Chile, sua subsidiária naquele país. O negócio agora pertence a Cooper Mining, que pode pagar até 40 milhões de dólares pela aquisição da empresa.
  • 5. Eneva (Ex-MPX) (ENEV3)

    5 /8(Divulgação)

    Valor de mercado em de novembro de 2011: R$ 5,3 bilhões
    Valor de mercado em de novembro de 2013: R$ 2,5 bilhões A Eneva , ex-MPX, assinou um contrato juntamente com a Cambuhy Investimentos e com a E.ON, para investimento na OGX Maranhão, unidade da OGX Petróleo e Gás, que permitirá à companhia dar prosseguimento às operações e projetos de exploração. Pelo acordo, o investimento será realizado via aumento de capital na OGX Maranhão, no qual a Cambuhy subscreverá ações equivalentes a 200 milhões de reais e a E.ON participará com 50 milhões de reais. A Cambuhy tem entre os sócios a família Moreira Salles.
  • 6. LLX (LLXL3)

    6 /8(Divulgação)

    Valor de mercado em de novembro de 2011: R$ 2,6 bilhões
    Valor de mercado em de novembro de 2013: R$ 2,1 bilhões A LLX informou recentemente que o executivo Marcus Berto renunciou aos cargos de diretor presidente e diretor de Relações com Investidores, que acumulava desde novembro de 2012. Berto foi decisivo na negociação com o fundo EIG Global Energy Partners, que no início do mês, concluiu o processo de aquisição da empresa de logística de Eike Batista, iniciado em agosto.
  • 7. CCX (CCXC3)

    7 /8(Lilian Sobral / Exame.com)

    Valor de mercado em de maio de 2012: R$ 1,4 bilhão
    Valor de mercado em de novembro de 2013: R$ 172 milhões A CCX Carvão da Colômbia anunciou que sua controlada indireta CCX Colombia celebrou um memorando de entendimentos com a companhia turca Yildirim Holding A.S. para a venda de ativos. Foram estabelecidos os termos e condições para a venda dos projetos de mineração a céu aberto Cañaverales e Papayal pelo valor aproximado de US$ 50 milhões e do projeto de mineração subterrânea de San Juan, incluindo o projeto de infraestrutura logística (ferrovia e porto), por cerca de US$ 400 milhões.
  • 8. Veja agora 10 bons filmes sobre bolsa de valores

    8 /8(Divulgação/FOX Filmes)

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