Alexandre França, CEO da MedQuímica: em pouco mais de 1 ano e 6 meses, a economia anual com gastos administrativos beirou R$ 15 milhões, ou 7% das vendas (Divulgação/Divulgação)
Leo Branco
Publicado em 5 de dezembro de 2022 às 19h12.
Última atualização em 5 de dezembro de 2022 às 19h21.
A despeito das incertezas constantes na economia brasileira desde o início da pandemia, em 2020, o executivo carioca Alexandre França só tem o que comemorar neste momento.
Após passagens por farmacêuticas como Aspen, Novartis e Bristol-Myers Squibb, França assumiu em abril do ano passado a principal cadeira da MedQuímica, farmacêutica fundada há 47 anos em Juiz de Fora, na Zona da Mata de Minas Gerais.
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A MedQuímica é dona de um portfólio de 42 produtos, boa parte deles genéricos úteis ao tratamento de doenças crônicas e destaques em seus mercados de atuação, como:
Em 2015, a MedQuímica foi comprada pela indiana Lupin, oitava maior empresa de genéricos do mundo, listada na bolsa de Mumbai e dona de uma receita anual na casa de US$ 8 bilhões.
França conseguiu um feito buscado pelos indianos desde o dia 1º da compra da MedQuímica: fazer o negócio dar lucro.
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Para isso, o executivo promoveu um choque de gestão clássico — e, mesmo assim, útil como exemplo a executivos às voltas com uma combinação vivida por muitas empresas brasileiras de custos em disparada e de uma demanda ainda cambaleante.
Pelo lado das despesas, uma das principais medidas foi a de cortar gastos administrativos por vezes tidos como inevitáveis.
Um exemplo foi a mudança da unidade da empresa em São Paulo, antes em andares altos de um prédio comercial de alto padrão nos arredores da Vila Olímpia, um dos metros quadrados mais caros da cidade.
Em vez disso, os funcionários passaram a fazer o ponto num coworking a poucos metros dali. "O resultado é que o gasto anual com aluguel caiu de R$ 1 milhão para R$ 200 mil", diz França.
Na sede, em Juiz de Fora, departamentos foram integrados e um novo sistema para compra de matéria-prima centralizado passou a atender todas as áreas.
"No total, a economia anual com gastos administrativos beirou R$ 15 milhões, ou 7% das vendas", diz.
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Na frente das vendas, a chegada de França coincidiu com uma mudança completa no time comercial. Novos canais, como distribuidores regionais, foram desenvolvidos com ofertas de combos de medicamentos, numa tentativa de ganhar mais receita dos mesmos clientes.
No ano fiscal de 2022, a operação brasileira da Lupin teve alta de 29% nas vendas. A margem por cliente cresceu 8 pontos percentuais.
"O prejuízo da operação no Brasil, de 16% sobre as vendas em 2020, já virou para trás. Operamos no positivo e esperamos um Ebitda positivo de 8% no próximo ano", diz França.
A companhia pretende atingir R$ 600 milhões em vendas com 20% de lucro em até quatro anos.
Agora, com a casa mais arrumada, a MedQuímica foi às compras. No começo de dezembro, a empresa anunciou a compra de nove medicamentos para saúde dos olhos até então fabricados no Brasil pela BL Indústria Ótica Ltda., uma subsidiária da farmacêutica americana Bausch Health Companies Inc.
A transação inclui medicamentos:
A iniciativa da compra foi motivada pela sede brasileira e apoiada pela matriz da Lupin, que fez a injeção de capital.
A previsão é que a venda se concretize a partir de janeiro, e a única mudança nos medicamentos será a embalagem, a médio prazo.
Mensalmente são produzidos pela MedQuímica 7,5 milhões de frascos de medicamentos líquidos e 250 milhões de comprimidos.
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