Uber perde licença para operar em Londres, mas vai recorrer
O órgão regulador de transporte decidiu não renovar a licença da empresa ao concluir que ela não reúne os requisitos de segurança necessários
Reuters
Publicado em 22 de setembro de 2017 às 08h50.
Última atualização em 22 de setembro de 2017 às 18h37.
Londres - Londres considerou nesta sexta-feira que o Uber é impróprio para administrar um serviço de táxi e retirou sua licença, num grande golpe para a empresa e para os 3,5 milhões de usuários de uma das cidades mais ricas do mundo.
O regulador de transporte da capital inglesa disse que a abordagem e a conduta da gigante de tecnologia do Vale do Silício não são adequadas para ter uma licença e que ela não será renovada quando expirar em 30 de setembro.
O Uber, que tem 40 mil motoristas trabalhando em Londres, disse vai contestar a decisão. O órgão regulador Transport for London (TfL) disse que deixará o Uber operar até os recursos de apelação serem esgotados, o que pode levar meses.
"A abordagem e conduta do Uber demonstram falta de responsabilidade corporativa em relação a várias questões com potenciais implicações para a segurança pública", disse o órgão.
Especificamente, o TfL citou a abordagem do Uber para denunciar ofensas criminais graves, a verificação de antecedentes de motoristas e o software chamado Greyball, que poderia ser usado para impedir que reguladores tenham acesso total ao aplicativo.
"O Transport for London e o prefeito cederam a um pequeno grupo, que quer restringir a escolha do consumidor", disse o gerente geral do Uber em Londres, Tom Elvidge. "Pretendemos contestar imediatamente isso nos tribunais".
Uma petição online contra a decisão recolheu mais de 200 mil assinaturas em cinco horas.
A perda da licença vem após alguns meses tumultuosos para o Uber, incluindo vários escândalos envolvendo alegações de sexismo e assédio na empresa, que levou ao afastamento do ex-presidente-executivo e cofundador Travis Kalanick.
O Uber, avaliada em cerca de 70 bilhões de dólares e cujos investidores incluem o Goldman Sachs, enfrentou protestos em todo o mundo por estremecer os mercados de táxis.
O aplicativo de táxi também foi forçado a abandonar vários países, incluindo a Dinamarca e a Hungria, e enfrentou disputas regulatórias em vários Estados dos EUA e em todo o mundo.
O Uber foi atacado por motoristas dos tradicionais táxis pretos de Londres, que dizem que a empresa burlou regras de segurança e ameaçou seus meios de subsistência. A empresa também enfrenta críticas de sindicatos e legisladores e está envolvida em disputas legais sobre os direitos de trabalhadores.
A polícia de Londres também reclamou em abril que o Uber não tem divulgado, ou demorado demais para denunciar, crimes graves, incluindo agressões sexuais, e isso coloca o público em risco.
Das 154 alegações de estupro ou agressão sexual feitas à polícia em Londres entre fevereiro de 2015 e fevereiro de 2016, em que o suspeito eram motoristas de táxi, 32 diziam respeito ao Uber, de acordo com a força policial da capital.
O Uber disse na sexta-feira que seus motoristas passaram pelas mesmas verificações rigorosas que os motoristas dos táxis pretos, que sempre seguiu as regras da TfL para relatar graves incidentes e que tem uma equipe dedicada que trabalhou em estreita colaboração com a polícia de Londres.
O prefeito de Londres, Sadiq Khan, disse que apoiou a decisão de rejeitar o pedido da Uber para uma nova licença.
Ao lado dos motoristas da Uber, alguns dos usuários 3,5 milhões de usuários registrados em Londres expressaram preocupação sobre como a decisão da TfL afetará suas vidas.
Um dos concorrentes britânicos da Uber em Londres, Addison Lee, também está aguardando uma decisão da TfL sobre uma licença de longo prazo. A empresa não quis comentar na sexta-feira.