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TST condena lojas C&A por trabalho escravo em Goiás

Rede foi condenada a pagar R$ 100 mil de indenização por reduzir seus empregados a condições análogas às de escravos

Loja da C&A: TST divulgou em sua página que a rede descumpriu uma série de normas trabalhistas, segundo a denúncia do MPT (DECO RODRIGUES)
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Da Redação

Publicado em 12 de maio de 2014 às 21h48.

Goiânia - A rede de lojas C&A Modas foi condenada pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST), em decisão divulgada nesta segunda-feira, 12, a pagar R$ 100 mil de indenização por reduzir seus empregados a condições análogas às de escravos em unidades instaladas em três shoppings de Goiás.

As situações foram caracterizadas em denúncia feita pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) em Goiás.

O TST divulgou em sua página que a rede descumpriu uma série de normas trabalhistas, segundo a denúncia do MPT.

A empresa havia tentado reverter a condenação através de um agravo interposto, que acabou negado na última quarta-feira, 7, pela Quarta Turma do tribunal. Com isto, em decisão unânime, ficou mantida a punição.

Procurada na noite desta segunda-feira, a rede se manifestou em nota afirmando que o processo refere-se a uma "discussão pontual sobre jornada de trabalho de seus empregados no Estado de Goiás".

A rede ressalta que "repudia qualquer forma de trabalho análogo ao escravo" e que, pelo fato de ainda não ter sido notificada sobre a decisão, a C&A se restringe a reforçar "que preza pelas suas relações de trabalho e pelo respeito à legislação brasileira".

Infrações

Segundo a denúncia, o MPT constatou infrações praticadas nas unidades da rede nos shoppings Goiânia e Flamboyant, na capital goiana, e Buriti, na cidade de Aparecida de Goiânia, na região metropolitana da capital.

Conforme os procuradores, entre outras irregularidades, "a C&A obrigava o trabalho em feriados sem autorização em convenção coletiva, não homologava rescisões no sindicato dos trabalhadores, não concedia intervalo de 15 minutos quando a duração do trabalho ultrapassava quatro horas, impedia o intervalo para repouso e alimentação em situações diversas, prorrogava a jornada de trabalho além do limite legal de duas horas diárias e não pagava horas extras no mês seguinte à prestação de serviços".

A ação civil pública foi baseada no entendimento de que havia um dano social e moral a ser reparado e que a empresa, ao impor jornadas exaustivas, "reduziu seus empregados à condição análoga à de escravo".

Na ação, foi requerido o pagamento de indenização de R$ 500 mil a ser revertida para o Fundo de Amparo ao Trabalhador e que a empresa cumprisse uma série de obrigações de fazer, sob pena de multa diária de R$ 1 mil por trabalhador prejudicado.

Conforme o divulgado pelo TST, na contestação, a rede de lojas sustentou que não violou direitos e que, sempre que havia necessidade de trabalho além da jornada, pagava as horas extras, todas computadas nos registros de frequência dos empregados.

Teria justificado, ainda, que a não homologação de rescisões não é prática usual da empresa, e que as folgas estavam dentro do estabelecido na legislação trabalhista, afirmando por fim que não impôs dano à coletividade.

Durante o trâmite do processo, contudo, ao julgar o caso, a 6ª Vara do Trabalho de Goiânia deu procedência parcial ao pedido referente às obrigações de fazer, impondo multa de R$ 5 mil por empregado, em caso de descumprimento.

A decisão ainda condenou a empresa a cumprir as obrigações de homologar as rescisões no sindicato; abster-se de prorrogar, sem justificativa, a jornada de trabalho além do limite de duas horas diárias; pagar as horas extras no mês subsequente ao da prestação e conceder intervalo para repouso e alimentação, entre outras.

Recursos

Ocorre que tanto a empresa quanto o MPT recorreram. O Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 18ª Região, em Goiás, então, deu provimento ao recurso do MPT para condenar a C&A a arcar com indenização por danos morais coletivos no valor de R$ 100 mil.

No entendimento do TRT, o motivo foi porque, "desde 2009, a empresa descumpria de forma contumaz normas de ordem pública, violando a dignidade da pessoa humana enquanto trabalhador".

Após isto, a rede de lojas agravou da decisão, mas a Quarta Turma do TST negou provimento ao recurso. No entendimento da turma, o TRT apreciou corretamente o conjunto de fatos e provas e sua decisão está em sintonia com as normas constitucionais.

Para julgar de outra forma, disse o relator, ministro Fernando Eizo Ono, a turma teria que reexaminar a extensão do dano e o grau de culpa, o que é vedado ao TST com base na súmula 126 do TST.

São Paulo - Estima-se que existam, hoje, 29,8 milhões de pessoas que vivem em regime de escravidão. A África é o continente que tem a maior concentração de escravos no mundo. A região do Paquistão e Índia também não ficamuito atrás (a Índia, inclusive, é o país que mais tem escravos em números brutos: quase 14 milhões de pessoas). Os dados são do Global Slavery Index, que estima o número de escravos nas nações. O ranking foi feito respeitando a proporção sobre a população geral dos países. Se apenas o número absoluto de escravos fosse considerado, ele ficaria bastante diferente, com países mais populosos do mundo tomando a liderança, mas ainda forte presença de nações africanas: Índia, China, Paquistão, Nigéria, Etiópia, Rússia, Tailândia, Congo, Mianmar e Bangladesh. Na lista de 162 países, o Brasil aparece em 94º lugar, com um número estimado de 209.622 escravos. Confira os países que têm o maior número de escravos (em relação a sua população total).
  • 2. 2. Haiti

    2 /21(AFP)

  • Veja também

    Número estimado de escravos: 209.165
    Número mínimo e máximo de escravos: 200.000-220.000
    População do país: 10.173.775
  • 3. 3. Paquistão

    3 /21(Sallah Jan/AFP)

  • Número estimado de escravos: 2.127132
    Número mínimo e máximo de escravos: 2.000.000-2.200.000
    População do país: 179.160.111
  • 4. 4. Índia

    4 /21(Dibyangshu Sarkar/AFP)

    Número estimado de escravos: 13.956.010
    Número mínimo e máximo de escravos: 13.300.000-14.700.000
    População do país: 1.236.686.732
  • 5. 5. Nepal

    5 /21(Wikimedia Commons)

    Número estimado de escravos: 258.806
    Número mínimo e máximo de escravos: 250.000-270.000
    População do país: 27.474.377
  • 6. 6. Moldávia

    6 /21(Wikimedia Commons)

    Número estimado de escravos: 33.325
    Número mínimo e máximo de escravos: 32.000-35.000
    População do país: 3.559.541
  • 7. 7. Benim

    7 /21(Dan Kitwood/Getty Images)

    Número estimado de escravos: 80.371
    Número mínimo e máximo de escravos: 76.000-84.000
    População do país: 10.050.702
  • 8. 9. Gâmbia

    8 /21(wikimedia commons)

    Número estimado de escravos: 14.046
    Número mínimo e máximo de escravos: 13.000-15.000
    População do país: 1.791.225
  • 9. 10. Gabão

    9 /21(Wikimedia Commons)

    Número estimado de escravos: 13.707
    Número mínimo e máximo de escravos: 13.000-14.000
    População do país: 1.632.572
  • 10. 11. Senegal

    10 /21(Wikimedia Commons)

    Número estimado de escravos: 102.481
    Número mínimo e máximo de escravos: 98.000-110.000
    População do país: 13.726.021
  • 11. 12. Etiópia

    11 /21(John Lavall/Wikimedia Commons)

    Número estimado de escravos: 651.110
    Número mínimo e máximo de escravos: 620.000-680.000
    População do país: 91.728.849
  • 12. 13. Serra Leoa

    12 /21(Chris Hondros / Getty Images)

    Número estimado de escravos: 44.644
    Número mínimo e máximo de escravos: 42.000-47.000
    População do país: 5.978.727
  • 13. 14. Togo

    13 /21(Getty Images)

    Número estimado de escravos: 48.794
    Número mínimo e máximo de escravos: 46.000-51.000
    População do país: 6.642.928
  • 14. 15. Cabo Verde

    14 /21(Wikimedia Commons)

    Número estimado de escravos: 3.688
    Número mínimo e máximo de escravos: 3.500-3.900
    População do país: 494.401
  • 15. 16. Eritreia

    15 /21(Wikimedia Commons)

    Número estimado de escravos: 44.452
    Número mínimo e máximo de escravos: 42.000-47.000
    População do país: 6.130.922
  • 16. 17. Guiné

    16 /21(AFP)

    Número estimado de escravos: 82.198
    Número mínimo e máximo de escravos: 78.000-86.000
    População do país: 11.451.273
  • 17. 18. Gana

    17 /21(Adadevoh David/AFP)

    Número estimado de escravos: 181,038
    Número mínimo e máximo de escravos: 170,000-190,000
    População do país: 25,366,462
  • 18. 19. Congo

    18 /21(Wikimedia Commons / Jomako)

    Número estimado de escravos: 30.889
    Número mínimo e máximo de escravos: 29.000-32.000
    População do país: 4.337.051
  • 19. 20. Guine-Bissau

    19 /21(Wikimedia Commons)

    Número estimado de escravos: 12.186
    Número mínimo e máximo de escravos: 12.000-13.000
    População do país: 1.663.558
  • 20. 20. Camarões

    20 /21(Wikimedia Commons)

    Número estimado de escravos: 153.258
    Número mínimo e máximo de escravos: 150.000-160.000
    População do país: 21.699.631
  • 21. Agora, veja os países que mais investem no combate à pobreza

    21 /21(Wikimedia Commons)

  • Acompanhe tudo sobre:C&ADireitos trabalhistasEmpresasFast fashionIndústria de roupasJustiçaTrabalho escravoVarejo

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