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TROC, brechó de roupas usadas, vai vender mais artigos de luxo

Startup que pertence ao grupo Arezzo&Co investe em itens de maior valor agregado para melhorar margens em tempos de inflação em alta

Foco é aumentar rentabilidade ao longo dos próximos meses (TROC/Divulgação)

Foco é aumentar rentabilidade ao longo dos próximos meses (TROC/Divulgação)

KS

Karina Souza

Publicado em 16 de março de 2022 às 10h00.

A TROC, startup de compra e venda de roupas usadas, vai reforçar a área dedicada a artigos de luxo em 2022. O movimento vem tanto para aproveitar a alta na demanda da plataforma sobre esses produtos quanto para investir em produtos que geram margem mais elevada em um momento macroeconômico que impacta consumidores que buscam por itens mais baratos. Hoje, o tíquete médio de produtos vendidos pela startup é de 350 reais.

“Vamos aproveitar a mesma estrutura logística para envio de peças e, focando agora também em itens de luxo, a ideia é que a gente consiga ampliar a margem da startup neste ano, além de gerar uma experiência positiva para os clientes”, afirma Luanna Toniolo, CEO da TROC, à EXAME.

No último ano, a busca por produtos de luxo aumentou cerca de 20% na TROC, em relação ao ano anterior. De olho em transformar esse potencial em vendas em 2022, a empresa oferece algumas vantagens para quem deseja colocar um artigo de luxo à venda. A principal delas é a redução significativa na comissão cobrada pela plataforma. Se, para itens comuns, ela é de 60%, nos artigos que superam o valor de venda de R$ 3 mil, esse percentual cai para 30%.

Além disso, quem quiser vender um produto de luxo pela plataforma contará com serviço de concierge, que irá à casa da vendedora analisar quais produtos são facilmente vendidos e dar indicações a respeito do valor de cada peça.

Ao focar no mercado de luxo, a startup concorre com um nome mais consolidado no mercado brasileiro, o do brechó de luxo Etiqueta Única, que faturou cerca de R$ 10 milhões em 2020 e cresceu 40% ao ano desde 2017. A previsão da companhia, ainda na pandemia, era a de movimentar 70 milhões de reais em 2021. Para isso, a aposta seria a de incluir móveis, relógios e obras de arte na plataforma. 

É um caminho que a TROC pode vir a adotar, é claro. Mas por enquanto, o foco ainda está em testar quais produtos terão maior adesão dentro da plataforma e precificá-los corretamente. De todo modo, a startup vai bem, ao menos em receita. Sem divulgar valores absolutos de margem e faturamento, o brechó se limita a mencionar que a receita no último ano cresceu 2,5 vezes em relação a 2020. 

Para disputar esse mercado, a empresa conta com alguns pontos a favor. O principal é o crescimento do mercado de produtos usados. Um levantamento feito pela empresa especializada em venda de produtos usados ThredUP (com base em dados da GlobalData) mostrou que esse mercado deve crescer 185% ao ano nos próximos dez anos, enquanto o fast fashion tradicional deve crescer cerca de 20% ao ano no mesmo período.

É um comportamento que condiz com as prioridades da geração Z, principalmente, em razão do aumento do debate sobre sustentabilidade e o impacto produzido pelo próprio consumo no mundo. Junto a isso, vem um argumento de que o usado é “cool”, levando até mesmo influenciadoras como Gigi Hadid a exibir os modelos que vieram do second hand.

Em segundo lugar,  a TROC coloca a estratégia em ação num momento em que as grifes aumentaram significativamente o preço das peças. Marcas como Chanel e Louis Vuitton chegaram a anunciar reajustes globais de até 60% na precificação dos produtos, para citar um exemplo. No tempo em que a tendência no TikTok é o “Get Ready With Me” usando grifes como essas, produtos de segunda mão podem trazer certo acesso a quem não consegue comprar os itens direto nas lojas.

Por fim, a empresa também quer ajudar a desmistificar o uso dos produtos de segunda mão – e, de novo, se quem influencia outras pessoas consegue aderir a isso, o comportamento acaba sendo disseminado. Para ajudar nisso, a empresa vai abrir a primeira loja física fixa, depois de testar um modelo de pop-up store em 2021.

A loja em questão deve ser inaugurada na rua Oscar Freire, uma das principais para o consumo de moda em São Paulo, e vai funcionar no modelo de loja dentro de loja. O espaço, de 100 metros quadrados, ficará localizado dentro da Alme – também do grupo Arezzo&Co – que abriga também a We Nutz e, futuramente, um café. Além disso, a loja ficará ao lado da Bemglô, marca de produtos sustentáveis fundada pela atriz Glória Pires.

“Para a gente, é uma conquista muito importante estar no lugar conhecido historicamente por ser um local de consumo, defendendo mais sustentabilidade, como se fosse um hub verde na rua. Estamos muito empolgados com esse projeto”, diz Luanna. É o primeiro passo para o brechó aumentar o reconhecimento de marca e, é claro, construir as bases para crescer. 

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