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Três lições de gestão da XP, que foi à bolsa valendo US$ 15 bi

Companhia chegou a 350 bilhões em ativos sob custódia mirando o longo prazo, consertando rápido os erros e copiando os bons

 (Germano Lühders/Exame)

(Germano Lühders/Exame)

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Da Redação

Publicado em 11 de dezembro de 2019 às 06h16.

Última atualização em 11 de dezembro de 2019 às 06h38.

São Paulo — A XP Investimentos lança ações nesta quarta-feira na Nasdaq, a bolsa americana de tecnologia, numa oferta que avalia a companhia criada há 18 anos numa salinha de Porto Alegre em 15 bilhões de dólares. A ação foi precificada ontem a 27 dólares, acima da faixa indicativa de 22 a 25, numa demanda que superou em 14 vezes o volume ofertado.

Se a XP vai ter sucesso ou não em sua aventura americana, só o tempo vai dizer. O novo ciclo vai depender da combinação de um crescimento acelerado (a meta é passar dos 350 bilhões para o 1 trilhão de reais sob custódia), aumento de margem, e também de uma combinação de fatores macroeconômicos favoráveis. Ou seja: vai ser duro.

Mas a trajetória da XP até o IPO está repleta de boas lições de empreendedorismo, como mostra o livro Na Raça, recém-lançado pela jornalista Maria Luíza Filgueiras contando como Guilherme Benchimol fundou e impulsionou a companhia. Selecionamos três lições de gestão contadas no livro que servem para qualquer empresa, ambicionando ou não abrir capital nos Estados Unidos.

1- Mire o longo prazo

Em 2005, quando a XP se mudou para um escritório maior em Porto Alegre, a fim de ter um espaço que enfim pudesse impressionar os clientes, Eduardo Plass, dono da corretora carioca Ágora, fez uma oferta de 30 milhões de reais para incorporar a XP. Era um dinheirão, já que a XP à época distribuía 30.000 reais por mês aos sócios. Apesar de entusiasmados com a oferta, os sócios da XP avaliaram que se um empresário do porte de Plass fizera uma oferta como aquela, a XP de fato tinha um futuro promissor. “Quanto mais a gente crescer, mais vai valer”, pensou Benchimol. Pesou para a decisão também a possível falta de autonomia na nova organização. Mas a oferta serviu para mostrar que passar da dezena para a centena de milhões demandaria mais organização.

2- Conserte rápido seus erros

Em 2007, depois de comprar a corretora AmericaInvest, Guilherme Benchimol, presidente da XP, decidiu transformar seus mais de 200 agentes autônomos espalhados pelo país em funcionários com medo dos riscos trabalhistas. Ofereceu um salário fixo de 5.000 reais mais bônus e investiu até na reforma dos escritórios locais. Um ano depois, com a crise financeira, a pesada estrutura colocou o futuro da XP em risco, e Benchimol decidiu voltar atrás na estratégia. Viajou o Brasil para falar pessoalmente com os parceiros e perdeu quase 2 milhões de reais. A ordem é consertar erros o mais rapidamente possível.

3- Inspire-se, e copie, os melhores

Para dar o grande salto de sua história, passando de uma corretora de ações para uma empresa de investimentos capaz de bater de frente com os grandes bancos, a XP inspirou-se no americano Charles Schwab a partir de 2010. Outsider no sistema financeiro americano, ele criou um “shopping financeiro”, oferecendo milhares de produtos de outras instituições e tinha 1,6 trilhão de dólares sob gestão em 2010. A Schwab, sua empresa, convenceu milhões de americanos a deixar os bancos. No Brasil, a tarefa parecia inglória, dado o domínio dos bancos na vida financeira brasileira. Mas a XP foi em frente e, nesta quarta-feira, o IPO mostra que a ambição vem dando certo.

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