Três atributos que tornam a tecnologia 5G disruptiva para os negócios
De acordo com a Accenture, o tráfego de dados mais rápido, mais confiável e com mais conexões simultâneas beneficia tanto a indústria como a economia
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Publicado em 13 de agosto de 2021 às 09h00.
Última atualização em 13 de agosto de 2021 às 15h40.
“Revolução” e “disrupção” são alguns dos termos comumente usados para definir a tecnologia 5G. A evolução das redes móveis é algo que presenciamos desde que o 1G – a primeira geração de rede móvel sem fio, em que a transmissão funcionava de forma analógica, utilizando sinais de rádio para codificar o áudio – foi lançado na década de 1980, para uso nos primeiros celulares.
“Embora, no contexto, as tecnologias do 1G ao 4G tenham trazido evoluções muito importantes, olhando para o 5G, elas foram incrementais. Pelo prisma de oportunidades de negócio, elas não têm comparação com o 5G”, diz Paulo Tavares, diretor executivo líder de 5G e head de redes na consultoria Accenture.
“O 5G tem três atributos principais que, combinados, são disruptivos: 1. altíssima velocidade; 2. conexão massiva de dispositivos; e 3. baixíssimo tempo de resposta com alta confiabilidade.”
Segundo Tavares, a combinação desses três atributos ou “moedas”, como a Accenture se refere, habilita, a partir do 5G, uma disrupção nos modelos de negócios e das oportunidades a ser explorados que nenhuma outra tecnologia móvel trouxe até então.
As três “moedas”
1 - A capacidade de trafegar dados em altíssima velocidade no 5G – a primeira moeda – permite, por exemplo, que a indústria use câmeras de altíssima resolução para analisar vídeos e capturar imagens em tempo real ainda associado à inteligência artificial.
Essas tecnologias abrem portas, por exemplo, para alarmes e ações direcionadass em tempo real, monitoramento preditivo e medidas de prevenção futuras para reduzir os riscos de acidentes e interrupção na produção das fábricas.
Sem contar que, a depender de qual geração de tecnologia móvel estamos comparando, a velocidade de tráfego de dados é de dez a 100 vezes mais rápida.
2 - A conexão massiva de dispositivos, por sua vez, permite que 1 milhão deles sejam conectados por quilômetro quadrado – aproximadamente dez vezes mais do que temos nas redes atuais. Assim, é possível que fábricas que possuem diversas unidades estejam, cada uma, conectadas com milhares de dispositivos ou casos como cidades inteligentes.
3 - A terceira moeda, conhecida como “baixa latência ou tempo de resposta, com altíssima confiabilidade”, mostra que, com o 5G, é possível obter tempos de respostas menores que 10 milissegundos (no 4G, esse atributo fica na casa de 50 a 80 milissegundos).
“No longo prazo, a tendência é que se explore cada vez mais casos em que a baixa latência e alta confiabilidade da nova rede permitam soluções robustas e confiáveis para tornar os processos mais eficazes, velozes e automatizados”, diz Paulo Tavares, da Accenture.
Na área de serviços financeiros, por exemplo, a tecnologia 5G permite operações de trading automatizadas em alto volume, e pagamento seguro com smartphones ou wearables com melhor detecção de fraudes.
Por que sair na frente?
A adoção do 5G, portanto, precisa ser avaliada sob o aspecto do negócio. Qual o benefício que essa tecnologia traz para a indústria, o comércio, os serviços e o setor agropecuário, por exemplo?
Segundo Paulo Tavares, da Accenture, a tecnologia 5G permite maior resiliência às operações – tornando-as mais robustas e seguras –, além da possibilidade de atrair receita com a chegada de novos produtos e serviços, aumentar eficiência e produtividade e, consequentemente, reduzir custos.
“Nossas experiências e estudos globais mostram que os ‘early adopters’ do 5G não só tiveram o dobro do crescimento em receitas durante a pandemia mas também devem ter melhor performance do que os ‘late adopters’ nos próximos anos”, assegura Tavares.
Transformação pelo 5G
Na Accenture, a área de soluções de transformação para a indústria 4.0 – que a consultoria batizou de Industry X – conhece profundamente os processos, os desafios e os problemas do setor.
Por isso, atua com dois focos: alavancar produtos e plataformas inovadoras, e trazer soluções de digitalização para os processos de manufatura bem como para operação do negócio.
“Como líder em serviços end-to-end de consultoria, tecnologia e operações, a Accenture tem um papel de destaque na interconexão do ecossistema – composto de operadoras, indústrias, fornecedores e fabricantes de equipamentos e dispositivos, entre outros agentes – para modelar a transformação necessária para o 5G”, diz Paulo Tavares.
Um exemplo de solução da Accenture para experimentos de 5G com os clientes é a plataforma Accenture Intelligent Vision (AIV): baseada em nuvem, ela coleta e processa os dados de câmeras e arquivos de mídia, analisando-as de acordo com um catálogo de modelos de inteligência artificial pré-existentes. Com isso, gera uma visualização clara e detalhada das análises que facilitarão a tomada da decisão.
O 5G e as novas exigências: próprias (e do mercado)
O 5G traz também uma gama de aplicações conectadas ao tema ESG – critérios e práticas voltados para a sustentabilidade, gestão de pessoas e governança – ao potencializar o uso racional de insumos por meio de sensores inteligentes conectados e permitir que as empresas sejam mais eficientes em sua cadeia produtiva.
No agronegócio, por exemplo, o big data e a inteligência artificial para lavouras são recursos que o 5G potencializa os resultados, permitindo, por exemplo, a aplicação de menos defensivos agrícolas, o controle de rebanho e informações a respeito do melhor momento para irrigação, sem contar na utilização em larga escala e conectada de veículos agrícolas autônomos, como tratores, colheitadeiras e ceifadeiras.
É preciso considerar também que as empresas precisam fazer sua lição de casa para se beneficiar da disrupção do 5G. É crucial conectar funcionários, parceiros de negócios, integradores e consumidores para que eles possam entender as necessidades em evolução uns dos outros.
Um estudo da Accenture junto aos clientes mostra que o 5G, de forma isolada, não seria suficiente para a transformação do negócio; ela é muito mais poderosa quando associada ao uso de cloud (nuvem), inteligência artificial, internet das coisas, edge computing e blockchain, por exemplo.
“Com essa combinação e a demanda existente para a transformação da indústria, tem-se uma confluência perfeita para uma nova era na indústria”, diz Paulo Tavares.
A vida pós-pandemia
A covid-19 desencadeou uma revolução na demanda por serviços de conectividade, a partir da necessidade do distanciamento social. A revolução do trabalho em casa veio para ficar e a demanda e o consumo de dados aumentaram.
As empresas, portanto, devem ser capazes também de se adaptar às oportunidades de clientes e à tecnologia em constante mudança para sair da pandemia em uma posição de liderança.
Segundo a Accenture, na Europa, 74% dos trabalhadores dizem que este novo estilo de vida lhes dá a liberdade de escolher onde gostariam de viver e lhes proporciona maior felicidade em sua vida pessoal.
A covid-19 forçou as empresas a mudar seus modelos de alocação de pessoas, permitindo que alguns funcionários trabalhassem de casa, sem prejuízo à produtividade. A adoção do 5G ajudará a aumentar as oportunidades de trabalhar de casa, bem como a ampliar o pool de funcionários e talentos disponíveis para os empregadores.
Em outras palavras, a pandemia está impulsionando tendências que já estavam em andamento: a aceleração da transformação digital das empresas, a evolução das conexões e até a reavaliação de estratégias baseadas na geografia para os negócios.
“Nesse contexto, já estamos vendo como melhorias tangíveis na experiência do trabalhador conectado podem permitir mudanças de negócios, apoiar ganhos de produtividade e oportunidades para aprimorar a força de trabalho”, ressalta Paulo Tavares. “O 5G pode fornecer ferramentas e dados a esses trabalhadores conectados para gerar mais valor para os negócios e, portanto, para a economia.”