Negócios

"Transformando a indústria em um carro", essa empresa acaba de receber aporte de R$ 230 milhões 

Negócio instala sensores pelas linhas de produção e usa dashboard para informar e tentar prever possíveis falhas

Igor Marinelli, da Tractian: empreendedor começou a programar ainda criança e hoje comanda empresa que quer faturar 250 milhões de reais em 2024 (Tractian/Divulgação)

Igor Marinelli, da Tractian: empreendedor começou a programar ainda criança e hoje comanda empresa que quer faturar 250 milhões de reais em 2024 (Tractian/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 7 de agosto de 2023 às 10h00.

Última atualização em 7 de agosto de 2023 às 10h24.

Em um carro, se tudo estiver funcionando bem, o veículo anda normalmente. Agora, se há um problema no motor, ou se a gasolina está baixa, ou ainda se está chegando a hora de fazer a troca do óleo, o painel de informações logo “acende uma luzinha” para que o condutor corrija eventuais erros.

O empresário paulista Igor Marinelli criou a Tractian com uma missão: transformar a indústria em um carro. Com ele, entrou na empreitada Gabriel Lameirinhas.

“Fazemos monitoramento de máquinas mecânicas, elétricas e de gestão com sensores, para prevenir e avisar os técnicos antes de alguma catástrofe”, diz Marinelli. “A gente transforma a indústria em um carro, que informa coisas. Normalmente, a indústria não mostra quantos quilômetros rodou. A gente dá essas informações”.

Na prática, a Tractian instala hardwares próprios nas indústrias, que conseguem monitorar se tudo está indo bem. Qualquer mudança de temperatura ou de vibração, por exemplo, é notada e informada em um dashboard, também desenvolvido pela empresa. Isso garante que os técnicos em manutenção consigam corrigir o problema sem que haja grandes prejuízos.

Hoje a empresa, criada em 2019, já atende 500 multinacionais no Brasil, no México e nos Estados Unidos, em 1.000 plantas industriais. 

Agora, acaba de receber um aporte de 230 milhões de reais em sua Series B. A rodada foi liderada pelo fundo de venture capital General Catalyst. O cheque será usado em duas frentes: pesquisa e desenvolvimento de novos produtos e expansão internacional nos países em que já atua.

Como a Tractian ajuda as indústrias

O principal serviço da Tractian é instalar sensores nas linhas industriais que vão ajudar os técnicos de manutenção a identificar problemas. 

Hoje, a Tractian já atende 500 multinacionais. Uma delas é a Yara Brasil, uma das grandes fertilizantes nacionais com operação local no Rio Grande do Sul. A tecnologia e os produtos da Tractian já identificaram 141 falhas graves na indústria gaúcha.

“Eram falhas graves, mas difíceis de identificar no método manual”, diz Marinelli. “Se a falha não fosse identificada, a indústria ficaria parada por 3 ou 4 horas. Geraria um prejuízo grande”. 

Um exemplo foi a identificação de uma sobrecarga em um motorredutor. Os sensores e o dashboard da Tractian identificaram que o equipamento não trabalhava da maneira usual e acionaram a equipe, que resolveu a situação antes de uma quebra de produção. 

O cálculo da Tractian é que, a cada falha identificada, a Yara economizou 65.000 reais. Isso significa que já são mais de 1 milhão de reais economizados pela tecnologia. 

A Tractian fatura cobrando mensalidades pelo serviço. Cada máquina monitorada paga um licenciamento. E cada usuário também paga um licenciamento para usar o dashboard de monitoramento. 

Toda produção dos equipamentos e instalação é feita pela própria empresa. Hoje, ela tem cerca de 300 funcionários.

Como a Tractian surgiu

Marinelli se considera um autodidata. Quando criança, seu hobby não era jogar videogame ou brincar com os colegas da turma. Ele gostava de programar. Inclusive, abriu a primeira empresa de programação aos 13 anos.

“Fazia sistema de controle de estoque para uma fabricante de motos em Portugal”, diz Marinelli. “Meu pai emitia nota fiscal. Participava das reuniões comigo quando conseguia”.

O pai de Marinelli tem uma ligação direta também com a Tractian. A carreira dele foi toda como técnico e depois gerente de manutenção de indústrias. “Ele é a persona, o foco de quem queremos atender”, afirma o empreendedor. Inclusive, é comum os dois torcarem figurinhas sobre as tecnologias da Tractian.

Quais os planos da empresa com o aporte

A empresa tem planos diferentes para aplicar os 320 milhões de reais que está recebendo agora:

  • Pesquisa e desenvolvimento: a expectativa é lançar novos produtos e aprimorar os já existentes. Também apostar mais em inteligência artificial.
  • Contratações: aumentar o time de áreas como engenheiros de hardware e de dados.
  • Expansão internacional: investir em novos clientes nos Estados Unidos e principalmente no México, que tem se tornado um mercado importante para a indústria. 
  • Faturamento: chegar a um faturamento de 250 milhões de reais em 2024.

Como aconteceu o aporte

O aporte de 230 milhões de reais aconteceu no Series B da Tractian. A empresa de São Paulo foi avaliada em 1 bilhão de reais de valor de mercado. O investimento foi liderado pelo fundo General Catalyst, que tem participações em empresas como Samsara, Hubspot e Anduri.

Entre os investidores que se juntaram à rodada estão Trevor Oelschig, que liderou o investimento na Fivetran (empresa avaliada em 5 bilhões de dólares),  além de Deep Nishar, diretor de produtos do Google/Google Maps e Linkedin.

Acompanhe tudo sobre:IndústriaEmpresasFundos de investimentoVenture capital

Mais de Negócios

PilotIn: nova fintech de Ingrid Barth usa dados para ampliar acesso a crédito

Após sobreviver à pandemia, academia de Fortaleza cresce quatro vezes desde 2020

Hotel, parque e outlet: conheça a rede que vai investir R$ 500 mi em megacomplexo na Paraíba

Eles transformaram uma moto financiada num negócio milionário de logística