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Timberland, Kipling e Vans deixam de comprar couro do Brasil

Suspensão das compras do couro brasileiro aconteceu devido ao aumento no número de queimadas na região da Amazônia

Couro: Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil afirmou que está tentando reverter quadro (Viviane Moos/Getty Images)

Couro: Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil afirmou que está tentando reverter quadro (Viviane Moos/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 28 de agosto de 2019 às 11h26.

Última atualização em 28 de agosto de 2019 às 11h53.

São Paulo — Pelo menos 18 marcas de roupas e calçados internacionais, como Timberland, Kipling, Vans e The North Face, solicitaram a suspensão de compras de couro do Brasil por causa das queimadas na Amazônia.

A informação foi passada nesta terça-feira, 27, pelo Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), associação que representa as empresas produtoras de couro, em carta enviada ao ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.

"Recentemente, recebemos com muita preocupação o comunicado de suspensão de compras de couros a partir do Brasil de alguns dos principais importadores mundiais. Este cancelamento foi justificado em função de notícias relacionando queimadas na região amazônica ao agronegócio do País. Para uma nação que exporta mais de 80% de sua produção de couros, chegando a gerar US$ 2 bilhões em vendas ao mercado externo em um único ano, trata-se de uma informação devastadora", escreve José Fernando Bello, presidente executivo do CICB.

"Entendemos com muita clareza o panorama que se dispõe nesta situação, com uma interpretação errônea do comércio e da política internacionais acerca do que realmente ocorre no Brasil e o trabalho do governo e da iniciativa privada com as melhores práticas em manejo, gestão e sustentabilidade. Porém, é inegável a demanda de contenção de danos à imagem do País no mercado externo sobre as questões amazônicas", continua a entidade, que na sequência, lista alguns exemplos de empresas que fizeram esse pedido.

Na carta, foram citadas: Timberland, Dickies, Kipling, Vans, Kodiak, Terra, Walls, Workrite, Eagle Creek, Eastpack, JanSport, The North Face, Napapijri, Bulwark, Altra, Icebreaker, Smartwoll e Horace Small.

Bello afirma ainda que a entidade está tentando reverter o quadro, mas pede "ao ministério uma atenção especial sobre a realidade que já nos é posta, com a criação de barreiras comerciais por importantes marcas ao produto nacional".

Alta nas queimadas

A Amazônia, do início do ano até esta terça-feira já sofreu 43.421 focos de incêndio. Somente neste mês foram 27.497 - número mais alto que a média para o mês inteiro registrada nos últimos 21 anos, que foi de 25.853 focos, segundo dados do Programa Queimadas, do Inpe.

Para o bioma, este é o maior número de focos de incêndio para o mês desde 2010, quando houve 45.018. Mas aquele ocorreu um ano de seca histórica na região.

 

Agosto em geral tem mais fogo, já que é o início da temporada seca na Amazônia. Apesar disso, este ano está um pouco mais úmido que nos anteriores.

Tanto a Nasa quanto o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), mostraram que os incêndios deste ano estão relacionados com a alta do desmatamento na região. Alertas feitos pelo Deter, do Inpe, indicam para uma alta de quase 50% no desmatamento entre agosto do ano passado e julho deste ano, na comparação com os 12 meses anteriores.

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