Tensão na Síria é novo argumento da Petrobras para reajuste
Segundo argumento da companhia, ameaça de uma ação militar eleva a defasagem dos preços de combustíveis no Brasil
Da Redação
Publicado em 3 de setembro de 2013 às 19h06.
Rio de Janeiro/Brasília - A ameaça de uma ação militar contra a Síria, localizada em uma importante região produtora de petróleo, eleva a defasagem dos preços dos combustíveis no Brasil e adiciona um novo argumento por um reajuste como quer a Petrobras.
A estatal já vinha pedindo um aumento nos preços ao governo, seu acionista majoritário, diante da escalada recente do dólar ante o real (de perto de 20 por cento desde o fim de abril), que encarece as importações de combustíveis feitas pela companhia para abastecer o mercado doméstico.
"Uma eventual guerra na Síria pressionaria ainda mais o preço do barril do petróleo. Hoje, a defasagem dos preços dos combustíveis no mercado interno é grande, mas amanhã pode ser ainda maior", disse recentemente à Reuters uma fonte ligada à Petrobras, sob condição de anonimato.
O preços do petróleo nos EUA atingiram o seu maior nível no ano em 28 de agosto, enquanto o petróleo Brent está oscilando perto do maior patamar desde fevereiro.
Uma fonte do governo em Brasília, contudo, afirmou que a ameaça de guerra no país asiático não exerce necessariamente mais pressão para reajustar o preço dos combustíveis, ainda que eleve a cotação internacional do petróleo.
"Não fazemos reajuste do preço dos combustíveis em tempo real. Não se pode pensar apenas no pico do preço", disse a fonte, admitindo que existe uma análise sobre os preços dos combustíveis no mercado interno sendo feita "com cautela".
No fim da semana passada, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que não há previsão de autorizar um reajuste de combustíveis no país. Ao mesmo tempo, Mantega --que também preside o Conselho de Administração da Petrobras-- frisou que isso não significa que um aumento dos derivados do petróleo não será feito no futuro.
O governo resiste em permitir uma alta dos preços dos combustíveis devido ao impacto que isso teria na inflação, que está perto do teto da faixa da meta oficial, que é de 4,5 por cento ao ano com margem de dois pontos percentuais para mais ou menos.
Procurada, a Petrobras informou que não comentaria o assunto.
Brent em Alta
No começo da semana passada, os Estados Unidos disseram que há evidências de uso de armas químicas pelo governo sírio contra civis. Nesta terça, o presidente norte-americano Barack Obama disse estar confiante que o Congresso dos EUA votará em favor de uma ação militar na Síria.
Embora a Síria não seja uma grande produtora de petróleo, há temores de que qualquer combate se alastre e atinja importantes exportadores da commodity no Oriente Médio.
Antes da ameaça de guerra na Síria, a defasagem de preços da gasolina no Brasil em relação aos valores no exterior estava entre 20 e 22 por cento, segundo uma fonte. Desde que o suposto uso de armas químicas pelo governo sírio se tornou público, o petróleo tipo Brent acumulou alta de cerca de 4 por cento.
O banco Société Générale avalia que a cotação do Brent pode subir em direção a 125 dólares se o Ocidente lançar ofensivas aéreas contra a Síria, e chegar a até 150 dólares caso o conflito se espalhe para o resto do Oriente Médio. Qualquer súbito aumento da commodity, contudo, provavelmente seria breve, segundo a instituição.
Na quarta-feira passada, o ministro brasileiro de Minas e Energia, Edison Lobão, esteve reunido com representantes da Petrobras no Rio. Ele não tratou diretamente do reajuste pleiteado pela empresa, mas ouviu uma exposição sobre a "realidade" da companhia, segundo a fonte próxima à Petrobras.
"Não discutimos aumento, mas a tese de que o câmbio está provocando a defasagem e que isso compromete o caixa da empresa. As refinarias estão operando no limite e tudo tem um limite físico. Nós pedimos um aumento dos combustíveis em função de câmbio e do preço de Brent. O ministro veio conhecer de perto a nossa realidade", disse a fonte.
Rio de Janeiro/Brasília - A ameaça de uma ação militar contra a Síria, localizada em uma importante região produtora de petróleo, eleva a defasagem dos preços dos combustíveis no Brasil e adiciona um novo argumento por um reajuste como quer a Petrobras.
A estatal já vinha pedindo um aumento nos preços ao governo, seu acionista majoritário, diante da escalada recente do dólar ante o real (de perto de 20 por cento desde o fim de abril), que encarece as importações de combustíveis feitas pela companhia para abastecer o mercado doméstico.
"Uma eventual guerra na Síria pressionaria ainda mais o preço do barril do petróleo. Hoje, a defasagem dos preços dos combustíveis no mercado interno é grande, mas amanhã pode ser ainda maior", disse recentemente à Reuters uma fonte ligada à Petrobras, sob condição de anonimato.
O preços do petróleo nos EUA atingiram o seu maior nível no ano em 28 de agosto, enquanto o petróleo Brent está oscilando perto do maior patamar desde fevereiro.
Uma fonte do governo em Brasília, contudo, afirmou que a ameaça de guerra no país asiático não exerce necessariamente mais pressão para reajustar o preço dos combustíveis, ainda que eleve a cotação internacional do petróleo.
"Não fazemos reajuste do preço dos combustíveis em tempo real. Não se pode pensar apenas no pico do preço", disse a fonte, admitindo que existe uma análise sobre os preços dos combustíveis no mercado interno sendo feita "com cautela".
No fim da semana passada, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que não há previsão de autorizar um reajuste de combustíveis no país. Ao mesmo tempo, Mantega --que também preside o Conselho de Administração da Petrobras-- frisou que isso não significa que um aumento dos derivados do petróleo não será feito no futuro.
O governo resiste em permitir uma alta dos preços dos combustíveis devido ao impacto que isso teria na inflação, que está perto do teto da faixa da meta oficial, que é de 4,5 por cento ao ano com margem de dois pontos percentuais para mais ou menos.
Procurada, a Petrobras informou que não comentaria o assunto.
Brent em Alta
No começo da semana passada, os Estados Unidos disseram que há evidências de uso de armas químicas pelo governo sírio contra civis. Nesta terça, o presidente norte-americano Barack Obama disse estar confiante que o Congresso dos EUA votará em favor de uma ação militar na Síria.
Embora a Síria não seja uma grande produtora de petróleo, há temores de que qualquer combate se alastre e atinja importantes exportadores da commodity no Oriente Médio.
Antes da ameaça de guerra na Síria, a defasagem de preços da gasolina no Brasil em relação aos valores no exterior estava entre 20 e 22 por cento, segundo uma fonte. Desde que o suposto uso de armas químicas pelo governo sírio se tornou público, o petróleo tipo Brent acumulou alta de cerca de 4 por cento.
O banco Société Générale avalia que a cotação do Brent pode subir em direção a 125 dólares se o Ocidente lançar ofensivas aéreas contra a Síria, e chegar a até 150 dólares caso o conflito se espalhe para o resto do Oriente Médio. Qualquer súbito aumento da commodity, contudo, provavelmente seria breve, segundo a instituição.
Na quarta-feira passada, o ministro brasileiro de Minas e Energia, Edison Lobão, esteve reunido com representantes da Petrobras no Rio. Ele não tratou diretamente do reajuste pleiteado pela empresa, mas ouviu uma exposição sobre a "realidade" da companhia, segundo a fonte próxima à Petrobras.
"Não discutimos aumento, mas a tese de que o câmbio está provocando a defasagem e que isso compromete o caixa da empresa. As refinarias estão operando no limite e tudo tem um limite físico. Nós pedimos um aumento dos combustíveis em função de câmbio e do preço de Brent. O ministro veio conhecer de perto a nossa realidade", disse a fonte.