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Tenho feito pedidos para que não demitam, diz Luiza Trajano

"Proteger a vida é mais importante. Mas a economia também é importante porque ajuda combater o desemprego", disse ela ao Estadão

Luiza Trajano: "acredito no nosso poder de se reinventar" (Patricia Monteiro/Bloomberg)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 28 de março de 2020 às 14h02.

A empresária Luiza Trajano , presidente do conselho de administração do Maganize Luiza , tem feito um apelo aos empresários para que eles conservem os empregos e não fiquem em pânico. "Tenho dito que o pânico está tão grande que eles não estão conseguindo ver as medidas que o governo está tomando", disse Luiza, que também preside o Grupo Mulheres do Brasil.

A seguir, os principais trechos da entrevista:

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Há uma polêmica no governo sobre as formas de se fazer o confinamento. Como a sra. entende esta questão?

Eu não consigo responder se o confinamento pode ser desta forma (isolamento) ou vertical. Proteger a vida é mais importante. Mas a economia também é importante porque ajuda combater o desemprego. O que tenho falado é que o confinamento é uma realidade. Se o governo junto com a área da Saúde não der previsibilidade, dificilmente você pode colocar todo mundo para fora para fazer compras na rua. As pessoas estão muito amedrontadas. A (área da) Saúde e os políticos têm de dar previsibilidade como alguns países deram. Acho que agora eles têm de se unir.

Entre os empresários também há muitas dúvidas sobre fazer ou não paradas totais (lockdown)...

Se não tiver uma segurança da área da Saúde, as pessoas podem até transitar, mas não vão sair comprando. Na semana passada, em alguns lugares onde a gente não tinha fechado (as lojas), as pessoas passaram a nos cobrar. Já tinha um pânico grande. As pessoas estão com medo de se encontrar.

Como tem sido a conversa entre os empresários?

Temos feito bastante conferência. Eu sou muito procurada pelos pequenos e médios empresários. Tenho dito que o pânico está tão grande que eles não estão conseguindo ver as medidas que o governo está tomando. Eles estão com medo de quebrar e com razão.

O que a sra. tem falado aos empresários que te procuram?

Tenho tentado acalmar e explicar que o governo está ajudando. Estou pedindo para eles darem férias e não provocarem desemprego. Por outro lado, (a crise) tem ajudado na venda digital. Muitos deles não acreditavam neste canal. Enquanto em São Paulo se investiu na venda digital, no interior do Estado ainda não.

A sra. tocou numa questão importante. As vendas digitais são importante canal agora.

Fazia muito tempo que nas minhas palestras estava pregando que as lojas físicas não iriam acabar, mas entrar no digital é muito importante.

O que a gente vai tirar de lição desta pandemia?

Acho que a gente vai ter de se reinventar e que a cooperação vai ser muito forte. Temos que remar juntos para chegar no mesmo caminho. Foi um dos aprendizados mais pesados que vivi na minha vida. O Magazine está se reinventando cada vez mais neste processo.

Para a sra., as medidas da equipe econômica anunciadas esta semana serão suficientes?

Acho que elas vão ajudar a acalmar.

Mas as incertezas ainda persistem...

É um momento difícil que a gente nunca passou. Mas acredito no nosso poder de se reinventar e também é um momento que o pânico não nos deixa ver as coisas que estão sendo anunciadas do próprio governo para que a gente possa economicamente sair do sufoco. Também temos defendido no comitê de saúde do Grupo Mulheres do Brasil o Sistema Único de Saúde. O SUS é o melhor sistema de saúde em países com mais de 100 milhões de habitantes.

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