Gubitosi, ex-chefe do grupo de telecomunicações Wind e atualmente comissário da Alitalia apontado pelo governo, sucede Amos Genish (Remo Casilli/Reuters)
Mariana Martucci
Publicado em 19 de novembro de 2018 às 10h02.
Última atualização em 2 de março de 2019 às 16h46.
Roma/Milão - A Telecom Italia nomeou Luigi Gubitosi como presidente-executivo no domingo, em um movimento visto como sinal de mudança mais agressiva no grupo de telefonia, levando seu antecessor a pedir votação de acionistas sobre a mudança na estratégia da companhia.
Gubitosi, ex-chefe do grupo de telecomunicações Wind e atualmente comissário da Alitalia apontado pelo governo, sucede Amos Genish, o terceiro presidente-executivo da Telecom Italia a sair em muitos anos, que foi inesperadamente demitido na terça-feira por causa de desacordos com membros do conselho sobre a estratégia.
A Telecom Italia controla operadora brasileira TIM Participações. Na semana passada, no dia do anúncio da saída de Genish, os papéis da companhia chegaram a recuar quase 7 por cento.
Genish, que permanece como diretor do conselho da Telecom Italia, disse que buscará o apoio dos investidores para convocar uma reunião extraordinária de acionistas para contestar as mudanças repentinas. É necessário o apoio de 5 por cento dos acionistas para convocar a reunião.
O ex-CEO, que é próximo do principal acionista da Telecom Italia, a Vivendi, vinha buscando um plano de recuperação de três anos, focando em uma transformação digital e consertando as finanças da Telecom Italia, apoiado por 98 por cento dos acionistas em abril.
Mas depois que o fundo ativista Elliott retirou o controle da diretoria da Vivendi em maio, alguns diretores indicados pela Elliott queriam que Genish se concentrasse mais cisão das redes fixas e vendas de ativos, disseram fontes familiarizadas com o assunto.
Genish disse no domingo que cabe a todos os acionistas decidir uma mudança tão drástica e não apenas um grupo limitado de pessoas.
"Para escolher entre duas estratégias claras, desmembrando a empresa, vendendo ativos estratégicos, desmantelando a Telecom Italia... e minha convicção de continuar com crescimento e melhoria orgânica, os únicos que podem escolher entre as duas opções são os acionistas", disse ele a jornalistas, acrescentando que procuraria convocar uma reunião o mais rápido possível.
Gubitosi foi um dos diretores independentes que Elliott nomeou para o conselho da Telecom Italia. Ele não será mais um diretor independente e desistirá de seu papel no comitê de controle e risco da empresa após a nomeação.
Ele assume uma empresa sobrecarregada com 25 bilhões de euros de dívida líquida e enfrentando uma crescente competição doméstica após a entrada do grupo de telecomunicações de baixo custo francês Iliad no início deste ano.
Saindo da reunião do conselho que selou sua nomeação,Gubitosi disse que a Telecom Italia tem uma grande história e expertise para "vencer os desafios do mercado, impulsionar a geração de fluxo de caixa, cortar dívidas e examinar com cuidado e acelerar o projeto para a criação de uma única rede".
O desdobramento proposto pela Elliott poderia abrir caminho para a criação de uma única empresa de infraestrutura de banda larga, combinando a rede da Telecom Italia com a de menor rival de banda larga apoiada pelo estado, a Open Fiber.
Genish disse que apoiaria a ideia de uma cisão de rede e uma fusão com a Open Fiber, desde que a Telecom Italia estivesse no controle da entidade resultante da fusão.
A Vivendi votou contra Gubitosi, disse um porta-voz do investidor francês, acrescentando que caberá aos acionistas decidir qual é o conselho certo para implantar a estratégia futura da Telecom Italia.