Ignacio Parada, fundador da BioElements: “O Brasil é um dos maiores mercados de plástico do mundo e nossa expectativa é que o país seja a nossa maior operação na América Latina” (Divulgação/Divulgação)
Leo Branco
Publicado em 21 de maio de 2022 às 08h00.
A lixarada extra gerada por gente trancada dentro de casa durante a pandemia, e vivendo na base de delivery de itens básicos como comida, virou uma oportunidade de negócio para o empreendedor chileno Ignacio Parada.
Parada é fundador da BioElements, uma startup de Santiago do Chile dona de uma tecnologia de resina apelidada de BioE-8 e com uma formulação mantida em segredo pela empresa.
A BioE-8 serve de matéria-prima para embalagens de plástico com uma pegada mais sustentável — também conhecidos pelo jargão bioplásticos.
Na lista de produtos da startup estão sacolas plásticas comuns a supermercados, além de caixas e envelopes para acomodar produtos comprados pela internet.
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Entre os mais de 30 clientes da BioElements estão grandes varejistas com operações na América Latina como Falabella, Mercado Livre, Sodimac e Adidas.
“O diferencial do bioplástico da BioElements é que o material é renovável e biodegradável no meio ambiente em até 20 meses, sem liberação de qualquer resíduo tóxico”, diz Parada, cofundador e CEO da BioElements.
“O plástico é um material importante para todos os setores da economia e, em algumas situações, não tem substituto adequado. Entretanto, sua decomposição no ambiente leva pelo menos 400 anos, o que vem causando problemas ambientais relevantes, especialmente nos oceanos.”
A inovação da BioElements, aliada à pressão extra por plásticos criada pelo isolamento social, fez com que a empresa tenha sido uma das startups que mais cresceram na América Latina nos últimos anos.
Fundada em 2014, a empresa atua em oito mercados: Estados Unidos, México, Colômbia, Peru, Chile, Paraguai e El Salvador.
“Entre 2019 e 2020, nosso faturamento dobrou e, no período seguinte, o crescimento foi de 160%”, diz Adriana Giacomin, diretora de vendas da BioElements no Brasil.
Em 2021, a startup foi selecionada pela Endeavor Chile para ser parte da rede global líder em apoio ao empreendedorismo de alto impacto. Além disso, venceu o prêmio PwC Chile Innovación, que reconhece e incentiva práticas inovadoras.
Em 2022, a empresa prevê receita de 40 milhões de dólares, alta de 54% sobre o ano passado.
Em boa medida a expansão virá de clientes no Brasil, um mercado recém-aberto pela BioElements.
“O Brasil é um dos maiores mercados de plástico do mundo e nossa expectativa é que o país seja a nossa maior operação na América Latina”, diz Parada.
A entrada no Brasil coincide com parcerias feitas pela empresa com um laboratório de ponta da Universidade Federal do Rio de Janeiro para acelerar pesquisas sobre novos usos para a resina já desenvolvida pela BioElements — e de outras matérias-primas a serem desenvolvidas pela startup.
O uso excessivo de plástico é uma das maiores ameaças ao meio ambiente. Um estudo global publicado na revista Nature Sustainability em 2021 mostrou que 80% do lixo encontrado nos oceanos é composto por plástico, sobretudo sacolas e garrafas. Entre os efeitos nocivos do material para a fauna marinha estão o emaranhamento de animais, a ingestão, o sufocamento e o aparecimento de parasitas.
Dados do Banco Mundial apontam que o Brasil é o quarto maior produtor de lixo plástico do mundo, descartando quase 80 milhões de toneladas por ano. O país fica atrás apenas de EUA, China e Índia.
O uso de bioplásticos biodegradáveis contribui tanto para a diminuição da produção de lixo plástico quanto para o aumento da capacidade dos sistemas de manejo do lixo, uma vez que o material se decompõe no ambiente.
Os bioplásticos ainda respondem por menos de 1% dos 359 milhões de toneladas de plásticos fabricados anualmente no mundo, segundo a associação European Bioplastics, que representa o setor. A produção, no entanto, cresce ano a ano.
Entre 2018 e 2019, a expansão da capacidade instalada foi de 5%, chegando a 2,1 milhões de toneladas. A expectativa da associação europeia é que esse número continue evoluindo e chegue a 2,4 milhões de toneladas em 2024.
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