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Sony pode terceirizar montagem do Playstation 5 na Zona Franca de Manaus

A companhia japonesa já adotou o modelo de negócio durante a comercialização da quarta geração do produto no país

Produto continuará sendo vendido no país (Anadolu Agency / Colaborador/Getty Images)

Produto continuará sendo vendido no país (Anadolu Agency / Colaborador/Getty Images)

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Juliana Estigarribia

Publicado em 17 de setembro de 2020 às 06h00.

Última atualização em 17 de setembro de 2020 às 11h13.

A Sony anunciou nesta semana o encerramento da sua operação fabril em Manaus, onde a companhia produzia aparelhos de TV e áudio. Mas para não perder participação no valioso mercado de games, a Sony pode terceirizar a montagem do Playstation 5 na Zona Franca.

Isso porque, diante do alto patamar do câmbio, comercializar o Playstation 5 (que chega ao mercado no próximo dia 19 de novembro) 100% importado derrubaria ainda mais a competitividade do produto, que sofre forte concorrência de rivais como o XBox.

Conforme apurou a reportagem da EXAME, a terceirização não está descartada e não seria a primeira vez que a companhia se utiliza desse mecanismo.

Há alguns anos, a Sony já adotou esse modelo de negócio ao contratar a Flextronics, que hoje fabrica os aparelhos de celular da Motorola em Manaus, para montar o Playstation 4. Em meados de 2015, a Sony voltou a produzir o video-game em sua fábrica, encerrando a linha novamente em 2017.

No entanto, segundo apurou EXAME com uma pessoa próxima da empresa, há uma grande probabilidade de a produção do Playstation 5 ser executada na China.

Procurada, a Sony informou que não comentará o assunto.

De acordo com nota divulgada pela empresa, em meados de 2021 as vendas de produtos de TV, áudio e câmeras serão interrompidas no Brasil "considerando o ambiente recente de mercado e a tendência esperada para os negócios".

Ainda segundo a empresa, os demais negócios do grupo Sony -- incluindo a linha Playstation, soluções profissionais, music e pictures entertainment -- serão mantidos.

De acordo com Valdemir Santana, presidente do sindicato dos metalúrgicos do Amazonas, o fechamento da fábrica da Sony deve resultar em cerca de 320 demissões, incluindo funcionários que estão afastados por algum tipo de doença ocupacional. Em comunicado, a Sony afirma que a fábrica de Manaus possui 220 funcionários.

Se forem contabilizados os empregos indiretos, o número de afetados pode subir para 1.100. "O problema de falta de competitividade não é só da Sony, mas de toda a cadeia produtiva do país, que vem sofrendo desmonte. O governo precisa incentivar a produção local e não a importação", diz o dirigente.

Para Wilson Périco, presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas, a adoção do modelo de terceirização já vem acontecendo na região e pode aumentar ainda mais se o governo federal cumprir a promessa de reduzir ou zerar o imposto de importação para milhares de produtos.

"O Brasil tem problemas graves de logística, infraestrutura e carga tributária. Eu não tenho dúvidas de que haverá um esvaziamento das indústrias na Zona Franca de Manaus e no país inteiro se essa política de abertura do governo for para frente", afirma.

Inúmeras empresas do mesmo ramo da Sony saíram de Manaus nos últimos anos, incluindo Philips e Siemens. 

Hoje, o polo produtivo de Manaus conta com aproximadamente 430 indústrias que estão inseridas no contexto de incentivos fiscais da zona franca, que vigoram até 2073. A prorrogação dos incentivos foi aprovada durante o governo de Dilma Rousseff, em 2014. 

Dos cerca de 85.000 postos de trabalho na zona franca, 32.000 são de eletroeletrônicos -- áudio, vídeo e informática; 26.000 em duas rodas e o restante nos demais setores.

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