Oferta de soluções logísticas integradas é a grande tendência em supply chain
Constatação faz parte de uma pesquisa inédita realizada pela MindMiners e pela EXAME em parceria com a DP World
EXAME Solutions
Publicado em 29 de abril de 2024 às 10h30.
A escolha de fornecedores logísticos nunca foi tão criteriosa na cadeia de suprimentos – mais do que custo-benefício, a busca é por integração e parceiros que realizem serviços de ponta a ponta. As companhias esperam que, muito além de vendedores de soluções, seus prestadores sejam aliados de seus negócios ao longo de toda a operação e comprometidos em resolver os atuais desafios na cadeia de suprimentos.
Este é um dos principais insights da pesquisa O impacto das decisões de Supply Chain nas empresas. O levantamento, realizado por MindMiners e EXAME em parceria com a DP World, líder global em soluções de supply chain, ouviu mais de 200 executivos de grandes organizações.
O cenário desenhado na pesquisa traz uma clara tendência: estão em evidência os provedores end-to-end, aqueles que oferecem aos clientes serviços integrados em todas as etapas da logística.
“As cadeias de suprimentos se tornaram mais complexas nas últimas décadas, envolvendo diferentes fornecedores e parceiros logísticos que se conectam em várias partes do mundo. Gerenciar tudo isso aumenta os custos para o transporte de mercadorias. Por isso, o mercado clama por soluções integradas”, analisa Fábio Siccherino, CEO da DP World Brasil, que opera no Porto de Santos um dos maiores e mais modernos terminais portuários privados multipropósito do país.
Relação com fornecedores é prioridade
Na visão dos entrevistados, a relação com os fornecedores está entre os principais desafios enfrentados na logística de suprimentos. Fato é que, em processos que envolvem múltiplos fornecedores, os custos elevados estão no topo da lista, apontado por 42% dos entrevistados, seguido de falhas na comunicação, relatado por 36% dos consultados.
Os problemas citados evidenciam algumas medidas que vêm sendo adotadas pelas empresas para melhorar suas cadeias logísticas, entre elas a consolidação de fornecedores, apontada como a principal estratégia hoje, citada por 55% dos respondentes, seguida por acelerar a digitalização/automação (50%), questão também associada aos prestadores de serviços.
“Uma comunicação falha, falta de transparência ou confiabilidade por parte dos fornecedores pode levar a atrasos na entrega, qualidade inconsistente dos produtos e até mesmo rupturas na cadeia de abastecimento. O mercado demanda por uma gestão assertiva e completa dos processos de fornecedores, que reduza esforços, custos e impacte diretamente o aumento da eficiência operacional", explica Siccherino.
Soluções integradas para economia e mais eficiência
Com as ações mencionadas, entre os maiores impactos desejados pelas empresas estão a melhoria da reputação e o encurtamento dos prazos de entrega (ambos 54%), benefícios alinhados ao que a maioria percebe como diferenciais da contratação end-to-end.
Para 69%, um fornecedor logístico que ofereça serviços porta a porta traz como maior vantagem exatamente a economia, aliada à otimização da gestão e diminuição de riscos e prazos (ambos 58%), o que coloca em destaque esse modelo de contratação.
“Há uma correlação entre a busca por eficiência operacional e a preferência por integrar soluções na cadeia de suprimentos. Ou seja, de fato, as empresas estão mirando otimizar tempo e processos e, consequentemente, reduzir custos”, comenta Siccherino.
Aliar custo-benefício com práticas ESG é estratégico
Estes não são, porém, os únicos fatores que explicam a alta demanda pela integração end-to-end nas empresas. Também influencia a crescente preocupação com a reputação ESG, indicam os profissionais ouvidos.
Embora questões relacionadas à sustentabilidade estejam ainda longe do topo da lista de necessidades dos clientes, como custo e eficiência, o que é natural nos negócios (aparecem com 12% entre as maiores preocupações), a pesquisa mostra que são tópicos cada vez mais relevantes.
“O compromisso com a sustentabilidade será cada vez mais um fator fundamental na escolha dos fornecedores da cadeia logística. Na comparação com três anos atrás, 74% percebem um aumento da priorização de práticas sustentáveis nas companhias em que trabalham, o que, de fato, é uma tendência que irá se confirmar”, analisa o CEO da DP World Brasil.
Usar recursos logísticos sustentáveis e optar por fornecedores com práticas sustentáveis aparecem como medidas de destaque nesse âmbito, em 42% e 40% das respostas, respectivamente (depois apenas de optar por energia sustentável, mencionado por 50%).
Como maiores impactos previstos para essas ações, segundo os profissionais de altos cargos, estão: diminuição de custos (64%), acesso a amplos recursos logísticos end-to-end (60%) e aumento de valor percebido por parceiros comerciais (60%).
Sustentabilidade e DEI são critérios importantes
Apesar de a sustentabilidade ainda passar pela ótica da viabilidade financeira – 40% apontam o aumento de gastos como maior preocupação ao escolher práticas ESG –, os impactos positivos esperados demonstram que, se os benefícios justificarem os custos, as organizações estão dispostas a investir.
Prova disso é que, mesmo o fator custo prevalecendo para 35% na seleção de fornecedores, para 67% dos respondentes sustentabilidade e descarbonização são aspectos que influenciam essa escolha. Ou seja, na hora de fechar contratos ou fazer transição de fornecedor, aliar economia e práticas sustentáveis é o objetivo.
“A descarbonização é a bola da vez. Sabemos que ainda é um grande processo de transição, no entanto, estamos percebendo um grande movimento do mercado. A DP World está acompanhando esse movimento de forma consistente, rumo a operações mais sustentáveis. Estamos investindo mais de R$ 300 milhões na compra de novos equipamentos eletrificados, além de adaptar os atuais para reduzir o impacto nas emissões”, acrescenta Siccherino.Ainda que uma questão menos preponderante na tomada de decisão, diversidade, equidade e inclusão também emergem como pautas significativas tanto nas ações internas das corporações quanto na escolha de fornecedores.
Entre as medidas que as empresas estão adotando ou planejando adotar, 46% disseram oferecer treinamento sobre DEI aos funcionários da cadeia de suprimentos, 39% expandir o número de parceiros logísticos, 35% ampliar a diversidade nas atividades de supply chain e liderança e 31% considerar DEI em contratos e na seleção de fornecedores.
Para acessar a pesquisa completa, clique AQUI.
Ampliação do portfólio end-to-end
Os resultados da pesquisa reforçam a visão de mercado da DP World, principal player multipropósito do país que, para acompanhar as novas demandas logísticas, vem incrementando consistentemente suas ofertas end-to-end.
No Brasil, onde opera desde 2013, a companhia investiu mais de R$ 3 bilhões na última década e continua expandindo sua atuação, com serviços cada vez mais diversificados e integrados, indo além da movimentação de portos e terminais.
“Isso é resultado da integração das nossas divisões de negócios (portos e terminais, serviços marítimos, logística e tecnologia) com a experiência local para criar soluções de ponta a ponta. Desta forma, estamos oferecendo soluções logísticas desde a fábrica até a porta do cliente”, diz Siccherino.
Nessa estratégia, um destaque é a aquisição da empresa americana Syncreon em 2021, depois incorporada à divisão da DP World Logistics, subsidiária de logística global especializada.
“A Syncreon, agora DP World Logistics, possui atuação no Brasil em um segmento que chamamos de Logística de Contrato, em que realizamos serviços customizados para grandes empresas nas plantas de Cajamar, Hortolândia e Jundiaí, da mesma forma como ocorre em outras unidades mundo afora”, destaca Siccherino.
Além dos serviços de movimentação portuária, a divisão, junto da DP World Brasil ,oferece uma rede de soluções, que engloba ainda transporte marítimo (FCL/LCL), aéreo, rodoviário e ferroviário, seguro internacional e serviços de armazenagem e estufagem de cargas em contêineres em terminais externos.
Com especialistas em diversos países e a estrutura global da DP World, composta por terminais portuários, parques industriais e zonas francas pelo mundo, a DP World Logistics cuida do ciclo completo da carga nas operações de importação e exportação.
Nesse sentido, uma grande vantagem, segundo Fábio Siccherino, é a localização do terminal que conta com área disponível para expansão e acesso ferroviário privilegiado, o que aumenta a capacidade de explorar a multimodalidade.
Modernização da estrutura portuária
Também fazem parte da expansão do portfólio de serviços as atuais obras de ampliação e modernização do terminal no Porto de Santos, cujo investimento totaliza R$ 425 milhões, posicionando o complexo como o principal player multipropósito do país, com operações simultâneas de contêiner, celulose, grãos e fertilizantes.
Previstas para serem concluídas ainda este ano, elas incluem aumento do armazém de celulose, extensão do cais em 190 metros e 21 novos equipamentos, medidas que farão a capacidade do terminal da DP W orldsaltar dos atuais 1,3 milhão para 1,7 milhão de TEUs (unidade-padrão de um contêiner de 20 pés), além de atingir 5 milhões de toneladas de celulose.
“Avaliamos, constantemente, novos investimentos, com o objetivo de garantir que a capacidade do Porto de Santos fique à frente da demanda, com um elevado nível de serviço, suportando o crescimento do comércio exterior brasileiro”, comenta o CEO da companhia.
Operações marítimas mais sustentáveis
Os novos equipamentos adquiridos contarão com tecnologia de redução do consumo de combustível e das emissões de gases poluentes, atendendo às expectativas do mercado quanto às ações de combate às mudanças climáticas.
No ano passado, a companhia iniciou também a adaptação de outras máquinas: 22 RTGs (guindastes móveis) que estão sendo eletrificados, diminuindo o consumo de diesel do terminal em 60%.
Testes com RTGs movidos a hidrogênio, uma fonte limpa, também estão em andamento no Porto de Vancouver, no Canadá, com a projeção de eletrificar 1.500 RTGs da frota global da DP World. A intenção é adotar algum tipo de energia renovável em todos os equipamentos portuários nos 75 países em que o Grupo DP World atua.
Atualmente, 99,47% de toda a energia elétrica consumida pela DP World no Brasil é de uso renovável. Com base no consumo do ano anterior, a empresa contratou a tecnologia I-REC (International Renewable Energy Certificate) para este ano, o que garante que toda a energia elétrica consumida pelo terminal é proveniente de fontes limpas.
Carbono neutro até 2040
Em janeiro, a empresa ainda recebeu no terminal o primeiro navio porta-contêineres movido a gás natural liquefeito (GNL), um marco do transporte marítimo eco-friendly. Esse combustível emite 40% menos CO2do que o carvão e 30% menos que o petróleo.
“Estamos avaliando criar uma estrutura para abastecer esses navios em nosso terminal. Ainda está em estudos, mas estamos vendo como podemos aumentar nossa contribuição, considerando que o mercado tem valorizado essas medidas”, afirma Siccherino.
O terminal saiu na frente também como o primeiro do país a não destinar resíduos a aterros sanitários. Todos os resíduos gerados no local são reaproveitados, inclusive os não recicláveis, que viram energia sustentável para atividades operacionais. Desde 2022, início do projeto, 870 toneladas de resíduos sólidos deixaram de ir para aterros. O projeto, inclusive, foi vencedor da categoria Atmosfera no GRI Infra Awards em 2022.
O monitoramento da sua área preservada, que corresponde a cerca de 42 hectares de manguezal, é outra ação importante. O objetivo é quantificar os estoques de carbono azul armazenados pela vegetação costeira. “Com os dados, elaboraremos um inventário de carbono azul, que servirá como produto para a geração de créditos de carbono e neutralização das nossas emissões de CO2”, esclarece o CEO.
Essas e outras iniciativas integram a estratégia global da DPW, que tem metas bem estabelecidas relacionadas à descarbonização, como neutralizar as emissões de carbono até 2040 e atingir emissão zero até 2050. A projeção é investir até US$ 500 milhões para reduzir em 700 mil toneladas as emissões de CO2de suas operações nos próximos quatro anos.
DEI como pilar estratégico
A postura ativa relacionada a diversidade, equidade e inclusão também estão entre os diferenciais da DP World, indo ao encontro dos anseios dos clientes. O fomento à participação feminina, por exemplo, fez da empresa referência em empoderamento feminino, um dos três pilares de sua estratégia de sustentabilidade.
O terminal é um dos que mais empregam mulheres no Porto de Santos: são 297 mulheres no quadro de funcionários, um salto de mais de 200% em uma década. Do total, 30 ocupam cargos de liderança, 30% mais em cinco anos.
Elas estão em todos os departamentos da companhia, inclusive áreas operacionais, tradicionalmente de maioria masculina, onde ocupam 41% das funções, algumas pioneiras.
A primeira mulher operadora de portêiner de Santos trabalha na DP World. O equipamento, um guindaste de mais de mil toneladas e 50 metros de altura, é o mais valioso de um porto. É também da DPW a primeira mulher operadora de costado, profissional responsável pela atracação e desatracação dos navios.
Adequação contínua às demandas do mercado
Para o futuro, a companhia planeja seguir transformando sua estratégia global de negócio por meio de todas essas frentes, oferecendo serviços cada vez mais completos, integrados e inovadores, para que sejam a base de relações duradouras com seus clientes, como o novo mercado está buscando.
“A DP World quer ser esse parceiro, fundamental no processo completo de seus fornecedores, construindo e mantendo relacionamentos sólidos”, declara o CEO da companhia no Brasil.
Segundo ele, a busca por integração só tende a aumentar. Como próximo grande passo para os principais portos brasileiros, ele vê as inovadoras soluções de Port Community System, que são plataformas para interligar todos os players da cadeia, desde órgãos anuentes, embarcadores e terminais até empresas de navegação.
“Isso já ocorre em alguns portos da DP World,e em outros da Europa, como o Porto de Hamburgo e Valência, por exemplo. Os ganhos são impressionantes”, conta Siccherino, já pensando em como a DPW pode ser pioneira mais uma vez no país.