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Só os 3 maiores bilionários do mundo ganharam US$ 231 bilhões na década

As maiores fortunas do planeta estão hoje nas mãos de Bill Gates, ex-Microsoft, Jeff Bezos, da Amazon, e Bernard Arnault, do LVMH

Jeff Bezos em foto de 1997: criada como livraria online, Amazon transformou-se em um império que hoje vale mais de 1 trilhão de dólares - e deixou seu fundador bilionário (Paul Souders/Getty Images)

Jeff Bezos em foto de 1997: criada como livraria online, Amazon transformou-se em um império que hoje vale mais de 1 trilhão de dólares - e deixou seu fundador bilionário (Paul Souders/Getty Images)

CR

Carolina Riveira

Publicado em 28 de dezembro de 2019 às 08h00.

Última atualização em 28 de dezembro de 2019 às 09h00.

Os últimos dez anos foram certamente momentos marcantes para os maiores bilionários do mundo. Um levantamento publicado pela agência Bloomberg nesta semana mostrou que as três pessoas mais ricas do planeta ganharam, juntas, 231 bilhões de dólares desde 2009.

Os três mais ricos do ranking de bilionários são o cofundador e presidente da varejista Amazon, o americano Jeff Bezos (com 116 bilhões de dólares em patrimônio), o cofundador da empresa de tecnologia Microsoft, o também americano Bill Gates (113 bilhões de dólares) e o presidente e controlador do grupo de marcas de luxo LVMH, o francês Bernard Arnault (105 bilhões de dólares).

Bill Gates

Bill Gates, segunda pessoa mais rica do mundo: fortuna de 113 bilhões de dólares em 2019 (Thierry Monasse / Colaborador/Getty Images)

Bill Gates: quase aposentado, mas cada vez mais rico

Há dez anos, a lista dos mais ricos era um pouco diferente. O mais rico era Bill Gates, então ainda atuando na Microsoft, com cerca de 40 bilhões de dólares. Gates deixou a empresa em 2014, então com a fortuna estimada em 74 bilhões de dólares -- na época, brigava pelo posto de homem mais rico do mundo com o mexicano Carlos Slim, empresário de telecomunicações e dono de empresas como a operadora Claro (hoje somente o 11º mais rico).

Os dados foram baseados nas informações de 26 de dezembro do conhecido "índice de bilionários" da Bloomberg, que compila diariamente as fortunas dos homens e mulheres mais ricos do mundo, baseado na variação de seus patrimônios. Os números exatos ainda podem mudar até o fim do ano, à medida em que boa parte está atrelada ao comportamento das ações de grandes empresas.

Embora tenha dado mais de 3 bilhões de dólares a ações sociais (além de 700 milhões de ações da Microsoft) a causas sociais e a seu instituto Bill & Melinda Gates, a fortuna de Gates seguiu crescendo. Boa parte graças ao bom momento que vive a Microsoft. A empresa conseguiu, sob o comando do atual presidente Satya Nadella, fazer a empresa superar erros do passado -- como a demora em entrar no segmento de smartphones -- e ter bons resultados em serviços de assinatura de seus softwares e ações de inovação, como mostrou reportagem de fevereiro em EXAME.

A virada fez a ação da Microsoft subir mais de 180% desde que Nadella assumiu a empresa, em 2014. Bom para Bill Gates.

7. Jeff and Mackenzie Bezos

Jeff e Mackenzie Bezos: após divórcio, dono da Amazon tem cerca de 116 bilhões de dólares em patrimônio (Kevork Djansezian/Getty Images)

Jeff Bezos: o mais rico do mundo (apesar do divórcio)

Em 2009, o hoje homem mais rico do mundo, Jeff Bezos, tinha "somente" 6,8 bilhões de dólares. A ação da Amazon, por sua vez, valia muito menos que os incríveis 1.789 dólares que custa hoje, e era cotada a cerca de 125 dólares.

A empresa, embora já conhecida, era apenas uma varejista de comércio eletrônico, em um cenário em que os smartphones começavam a aparecer -- o primeiro iPhone foi lançado em 2007 -- e a internet banda larga ainda era artigo de luxo em boa parte do mundo. Não existia Alexa, alto-falantes inteligentes ou entregas em poucas horas.

O valor de mercado da Amazon teve alta de mais de 1.300% desde o fim de 2009. Assim, há dez anos, Bezos, que tem hoje 12% das ações, estava apenas em 68º na lista de pessoas mais ricas. Nos primeiros meses de 2017, ele já era o terceiro. O empresário ultrapassou Bill Gates e passou a liderar o ranking de bilionários somente no fim de 2017. Em setembro de 2018, o bilionário consolidou a liderança depois que a Amazon atingiu 1 trilhão de dólares em valor de mercado.

O patrimônio de Bezos teve uma ligeira queda neste ano depois que ele selou um acordo de divórcio com Mackenzie Bezos, esposa de longa data e que ficou com 4% das ações da Amazon. Os dois eram casados há mais de 20 anos, muito antes de Jeff Bezos fundar a Amazon, em 1994. Mackenzie, que é escritora e filantropa, é atualmente a 25ª pessoa mais rica do mundo, com patrimônio de 37,5 bilhões de dólares.

Bernard Arnault: patrimônio de 105 bilhões de dólares (Benoit Tessier)

Bernard Arnault, a maior ascensão do ano

A estrela de 2019 entre os bilionários foi mesmo Bernard Arnault. Sua fortuna foi a que mais cresceu no ano dentre os empresários, com exceção de Mackenzie Bezos e de Julia Flescher Koch (viúva do magnata David Koch, empresário americano do ramo petroquímico, que faleceu neste ano), cujos patrimônios aumentaram em 2019 por empresas dos respectivos ex-maridos.

Arnault, por sua vez, ficou 36,5 bilhões de dólares mais rico nos últimos 12 meses, entre dezembro de 2018 e dezembro de 2019. O LVMH, grupo que reúne marcas de luxo como Dior e Louis Vuitton, teve um de seus melhores anos, com faturamento recorde em 2018 e seguidas altas em 2019. Apesar do medo de desaceleração da economia global, o faturamento subiu 15% no primeiro semestre de 2019 e fez Arnault tornar-se o terceiro homem mais rico do mundo, ultrapassando o quarto colocado, o megainvestidor Warren Buffet (que tem 89,3 bilhões de dólares). Arnault chegou até mesmo a superar Bill Gates em alguns momentos do ano.

O bilionário também se destaca por ser o único dentre os mais ricos do mundo a fazer fortuna fora da tecnologia -- assim como o espanhol Amancio Ortega, dono da varejista de vestuário Zara, que é o sexto mais rico.

Arnault comprou o LVMH na década de 1980, quando a empresa estava à beira da falência, e o transformou no maior grupo de luxo do mundo. Neste ano, o grupo também adquiriu neste mês a joalheria americana Tiffany, o que deve fortalecer sua presença nos Estados Unidos -- e, se tudo der certo, agregar mais alguns bilhões à carteira de Arnault em 2020.

Facebook developer conference F8

Zuckerberg: fortuna de 79,3 bilhões de dólares, a segunda fortuna que mais cresceu em 2019 (Andrej Sokolow/Picture Alliance//Getty Images)

Atrás de Arnault, a segunda fortuna que mais cresceu dentre os empresários em 2019 foi a de Mark Zuckerberg, do Facebook, que ganhou 27,3 bilhões de dólares nos últimos 12 meses. Zuckerberg é a quinta pessoa mais rica do mundo, com 79,3 bilhões de dólares, atrás de Warren Buffet.

As ações do Facebook, empresa que Zuckerberg fundou e ainda preside, tiveram alta de 23% neste ano. A alta veio apesar de constantes preocupações sobre eventuais regulações mais agressivas de governos mundo afora, com acusações de que Zuckerberg estaria usando os dados dos usuários com extrema falta de sigilo e fazendo pouco para conter as notícias falsas na rede.

Mas 2019 mostrou recorrentes altas nos lucros do Facebook, além de bons resultados no Instagram e no WhatsApp, redes sociais que também pertencem ao grupo, o que se refletiu na alta das ações.

Jorge Paulo Lemann, Co-Founder and Board Member, 3G Capital; Board Member, Kraft Heinz, speaks at the Milken Institute’s 21st Global Conference in Beverly Hills

Lemann: o brasileiro mais rico desde 2013 / REUTERS/ Lucy Nicholson (Lucy Nicholson/Reuters)

Onde estão os brasileiros?

Em 2009, a pessoa mais rica no Brasil era Eike Batista, dono do conglomerado de empresas do grupo X. Ele era o 61º mais rico do mundo, inclusive à frente de Jeff Bezos (quem diria), com 7,5 bilhões de dólares em patrimônio. Com a derrocada do grupo X e prisão de Eike por envolvimento em corrupção, o brasileiro eventualmente saiu do top 100 dos mais ricos.

Em 2009, o segundo mais rico era o banqueiro Joseph Safra, que dividia a 62ª posição com outros bilionários, tendo patrimônio de 7 bilhões de dólares. Hoje, Safra segue na mesma posição, agora com 19 bilhões em patrimônio.

O brasileiro mais rico em 2019 é o investidor Jorge Paulo Lemann, posto que ocupa desde 2013. Atualmente, Lemann é o 43º mais rico do mundo, com 23,7 bilhões de dólares em patrimônio.

Seu fundo, o 3G Capital, tem controle de empresas como a cervejaria AB InBev (no Brasil, dona da Ambev e de marcas que vão de Budweiser a Skol) e a empresa de alimentos americana Kraft Heinz. Em 2009, Lemann era o 92º mais rico do mundo e o terceiro do Brasil, com 5,3 bilhões de dólares e uma fortuna que vinha sobretudo da cervejaria Ambev, brasileira dona de marcas como Skol e Brahma -- e hoje parte do grupo AB InBev, que tem operação no mundo inteiro.

Em 2018, a fortuna de Lemann caiu mais de 20 bilhões de dólares com queda nos números da Kraft Heinz, que sofre para se adaptar seus produtos moldados para o século 20 ao consumidor moderno. A queda fez Lemann deixar de ser o mais rico do Brasil em março, mas, nos últimos 12 meses, o brasileiro ganhou 4,1 bilhão de dólares, voltando ao posto de líder do ranking de bilionários nacional.

Um relatório da consultoria PwC e do banco de investimentos suíço UBS divulgado em novembro mostrou que a riqueza acumulada dos 2.101 bilionários no mundo em 2018 caiu pela primeira vez desde 2015. Mas, para uma boa parte dos bilionários do topo da lista, os últimos anos foram nada menos do que extremamente lucrativos.

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