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Situação da Vasp é praticamente irreversível, diz analista

Com a cassação do direito de vôo, determinado pelo DAC ontem (26/1), são poucas as condições favoráveis à recuperação da companhia

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

É praticamente impossível o retorno da Vasp às operações regulares, após a cassação de seu direito de vôo, determinado na quarta-feira (26/1) pelo Departamento de Aviação Civil (DAC). Segundo analistas, o episódio é o ponto final da trajetória da empresa, envolvida numa crise que se arrasta desde os anos 90 (Se você é assinante, leia a reportagem de EXAME sobre a empresa.)

"Essa é a crônica de uma morte anunciada", afirma André Castellini, sócio da Bain Brasil, consultoria especializada em gestão estratégica de negócios. A Vasp vinha operando com apenas oito vôos regulares. As outras rotas estavam desativadas em razão da baixa ocupação. A direção da empresa havia determinado que os aviões só decolariam com um mínimo de 50% de passageiros. O DAC não concorda com essa decisão, alegando que isso fere a lei, e proibiu a empresa de voar. A cassação do direito de operar as rotas foi apontado, primeiramente, pelo Comando da Aeronáutica.

A partir de agora, a empresa tem dois desafios pela frente. O primeiro é conseguir renovar a concessão de vôo, que vence em abril. A companhia precisa quitar as dívidas com o governo pois um dos requisitos para a renovação é manter a situação fiscal regularizada. A tarefa não é simples. Nos últimos cinco anos, a Vasp não fez outra coisa senão encolher e afundar-se em dívidas que totalizam mais de 2,5 bilhões de reais.

O segundo problema é recuperar a licença de vôo, cassada ontem pelo DAC. A Vasp tem prazo de 180 dias para levar aos céus pelo menos uma aeronave em operação comercial regular. Caso não consiga, a licença será definitivamente cancelada. De acordo com o DAC, a pressão é ainda maior, porque, se a concessão, que vence em abril, não for renovada, a empresa também perde o prazo restante para retomar os vôos regulares e recuperar a licença.

Poucas saídas

De acordo com o Departamento de Aviação Civil, a Vasp ainda está autorizada a operar vôos fretados (chamados de charter), desde que previamente informados ao departamento. O próprio vice-presidente da República, José Alencar, que acumula o cargo de ministro da Defesa, chegou a sugerir que a sobrevivência da empresa está nos vôos fretados.

A companhia resiste à idéia. "Neste momento, esta não é uma boa solução, porque descaracteriza o perfil da Vasp, baseado em vôos regulares", informa a assessoria de comunicação da empresa. Castellini, da Bain Brasil, também considera difícil a sobrevivência da companhia somente com os vôos charter.

Segundo a assessoria da Vasp, a companhia está empenhada em outras opções, como selar parcerias com investidores ou, no limite, vender a operação. A dúvida do mercado é quem teria disposição de arcar com os pesados compromissos da empresa. "Racionalmente, ninguém assumiria o negócio", diz Castellini.

Fundada em 1933, a Vasp chegou a ter 13 000 empregados em meados dos anos 90. Uma frota de 60 aeronaves voava em quatro continentes. Nas últimas semanas, não conseguia mais operar nem vôos domésticos de grande demanda, como a ponte aérea RioSão Paulo.

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