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Sindicato diz ter alertado Petrobras sobre refinaria

Segundo representantes, trabalhadores da Reduc avisaram a companhia em outubro de que a unidade estava acima da capacidade


	Danos casados pelo incêndio que atingiu a refinaria Getúlio Vargas, da Petrobras: ocorrência da Reduc se soma a ocorrida em Araucária
 (Sindipetro-PR/SC/Divulgação via Reuters)

Danos casados pelo incêndio que atingiu a refinaria Getúlio Vargas, da Petrobras: ocorrência da Reduc se soma a ocorrida em Araucária (Sindipetro-PR/SC/Divulgação via Reuters)

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Da Redação

Publicado em 6 de janeiro de 2014 às 19h03.

Rio de Janeiro - Trabalhadores da Refinaria de Duque de Caxias (Reduc), no Rio de Janeiro, avisaram a Petrobras em outubro de que a unidade, que teve que ser parcialmente paralisada no sábado depois de um incêndio, estava "perigosamente" acima da capacidade, disseram representes sindicais à Reuters.

Desde agosto, a Petrobras vinha usando a unidade de coqueamento da Reduc para processar cerca de 6 mil metros cúbicos por dia do resíduo, 20 por cento mais do que a capacidade de 5 mil metros cúbicos, disse o sindicato.

"A Petrobras está operando no limite, e nós alertamos eles repetidamente que havia um risco iminente de acidente", disse o presidente do Sindipetro de Duque de Caxias, Simão Zanardi.

"Este foi um final de ano muito ruim para nossos trabalhadores na Reduc e em outras refinarias de Petrobras." Representantes da Petrobras não responderam a pedidos por telefone e e-mail no domingo e nesta segunda-feira para comentar as críticas do sindicato sobre segurança e operações. A empresa também não respondeu como a produção da Reduc foi afetada pelo fogo no sábado, no mais recente de uma série de incidentes na unidade e em outras refinarias.

A unidade de coqueamento da Reduc converte resíduos em diesel, gasolina e gás de cozinha. Outras unidades de refino da Reduc também produzem estes produtos, disse o sindicato.

De acordo com documentos enviados para ministérios e o Ministério Público do Trabalho, datados de 2 de outubro, a sobrecarga na capacidade coloca a refinaria, com capacidade de refino de 242 mil barris por dia, em "grande e iminente risco... de um desastre industrial". O sindicato entregou cópias dos documentos à Reuters nesta segunda-feira.


A tensão no sistema, de acordo com sindicalistas, é o resultado da decisão da Petrobras de operar suas 13 refinarias com 95 ou mais da capacidade. A companhia está levando as unidades ao limite, dizem eles, porque não consegue atender à demanda doméstica por combustíveis, forçando a importação.

O governo brasileiro tem determinado que a estatal venda os combustíveis importados sem repassar aos consumidores o custo total.

A política já resultou em mais de 30 bilhões de reais em perdas para a divisão de refino e abastecimento da Petrobras nos últimos dois anos. Refinarias norte-americanas operam a cerca de 87 por cento de suas capacidades, segundo a Administração de Informações de Energia (AIE), órgão do governo dos Estados Unidos.

O sindicato também atribuiu o incêndio no sábado à falta de manutenção apropriada.

Antes do incidente na Reduc, um incêndio paralisou por quase um mês a refinaria Repar, no Paraná, que tem capacidade para 200 mil barris por dia, forçando a Petrobras a contratar carregamento de emergência no exterior, trazendo combustíveis até da Índia.

Em 24 de novembro, um operário da unidade de lubrificantes da Reduc ficou ferido depois da explosão de um compressor, e outro compressor explodiu sete dias depois, sem causar ferimentos, disse Zanardi. A refinaria também registrou um incêndio em seu laboratório em dezembro, acrescentou.


Em dezembro, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) confirmou uma multa de 151.500 reais para a Petrobras por operar sua refinaria Replan, em São Paulo, acima da capacidade licenciada, de 365 mil barris por dia.

O incêndio no sábado paralisou seis bombas da unidade de coqueamento da Reduc, disse Zanardi, que visitou o local no domingo. Como a unidade está no fim da cadeia de produção, sua paralisação não afeta toda a produção da unidade, mas a parada fez com que a refinaria deixasse de produzir "uma quantia significativa" de diesel, disse Zanardi.

O sindicalista afirmou que um "exército" de operários está trabalhando ininterruptamente para consertar as bombas e que a Petrobras espera ter a unidade funcionando novamente dentro de uma semana.

A ANP disse que a refinaria deve voltar a operar normalmente na quarta-feira.

A unidade de coqueamento é importante para a eficiência e a rentabilidade da refinaria. Ela extrai gasolina, diesel e gás de cozinha de um resíduo que antes era usado para fazer asfalto, de baixo valor. Quando o coqueamento está completo, o que sobra é usado para a queima em usinas termelétricas ou em indústrias, como siderúrgicas e fábricas de cimento.

O único comentário da Petrobras até agora sobre o incêndio foi uma declaração no sábado, relatando o incidente, dizendo que o fogo estava controlado sem deixar feridos e que a unidade de coqueamento propriamente dita não havia sido danificada.

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