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Silvio Santos: "Vou adiar o plano de aposentadoria"

Apresentador conta como foi negociar uma operação de salvamento para o banco PanAmericano e diz que, aos 80 anos, vai buscar energia para continuar trabalhando

Segundo Silvio Santos, apesar de nunca ter ido ao Panamericano ele rende "até R$ 120 milhões" (Thiago Bernardes/Contigo)

Segundo Silvio Santos, apesar de nunca ter ido ao Panamericano ele rende "até R$ 120 milhões" (Thiago Bernardes/Contigo)

DR

Da Redação

Publicado em 17 de novembro de 2010 às 14h50.

A quebra fraudulenta do banco PanAmericano, de Silvio Santos, é tema de reportagem especial na revista VEJA desta semana. Leia a seguir trecho da entrevista exclusiva que o apresentador concedeu ao diretor de redação Eurípedes Alcântara, no qual ele conta como negociou o salvamento do banco e diz que, aos 80 anos, resolveu adiar os planos de aposentadoria.

O senhor quebrou? Eu não. Meu banco quebrou. A holding não foi afetada, continua muito saudável, as empresas estão bem administradas e com excelente valor de mercado.
 
Como o apresentador Silvio Santos soube que o empresário financeiro Silvio Santos estava em apuros? Era o dia 11 de setembro, um sábado de gravação como outro qualquer. Em um dos intervalos me entregaram um telefone celular e disseram que era urgente. Pensei nas minhas filhas. Elas estavam viajando, e fiquei preocupado. Não eram elas. Era o presidente da holding. Ah não...! Em sábado de gravação não falo sobre questões empresariais. Mandei-o ligar depois. Bem, era a questão do PanAmericano. Disseram-me que o Banco Central já estava trabalhando lá dentro fazia três semanas e que tinha sido encontrado um rombo contábil bilionário. Foi um baita susto. Como o Banco Central estava havia três semanas em meu banco e não me informam de nada? E as auditorias que davam tudo como perfeito? A Deloitte, a KPMG e os analistas do Banco Fator, que fizeram uma avaliação do PanAmericano, nada encontraram. Como acionista, eu recebo relatório mensal sobre o banco, o RGA, e não havia o menor sinalde irregularidade.
 
Bem, agora o senhor deve 2,5 bilhõesde reais. Como vai pagar essa quantia, que é uma fortuna mesmo para seus padrões? Acho que negociei bem com o Fundo Garantidor de Créditos, o FGC. Eles queriam que eu pagasse juros sobre aquele valor. Eu disseque juros eu não pagaria. Aceitei apenas corrigir o desgaste inflacionário em cima do dinheiro. Tenho dez anos para pagar, com três anos de carência. Isso significa que a primeira parcela vence em junho de 2014. Até lá, tenho só de cobrir a inflação. É uma pancada, mas posso pagar desde que venda algumas de minhas empresas, a participação no banco...
 
O senhor venderia até a emissora? A televisão não vendo. Vou fazer de tudo para não vender. Mas, as demais empresas, por que não? Estou com quase 80 anos e não tenho interesse especial em bancos ou indústrias de cosméticos. Posso vender empresas e ficar com a televisão, que penso em deixar para minhas filhas que se interessam por comunicações. Uma delas, a Daniela, já mostrou que gosta de televisão.
 
Não é desanimador construir um império do nada e, aos 80 anos, ter de se desfazer dele para pagar dívidas? Eu estava pensando em me aposentar no ano que vem. Claro, né? Só faltava eu apresentar o programa já velhinho e de bengala. Vou adiar o plano de aposentadoria. O problema com o banco me fez buscar energias para entender o que está acontecendo e para negociar. Não tenho por que estar abatido. Meu banco quebrou, mas não dei prejuízo a ninguém, não peguei dinheiro público, ofereci garantias de sobra pelo empréstimo e ainda tenho dez anos para pagar.
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