Sete Brasil perde sócios e precisa de R$ 2,3 bi para dívidas
Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, companhia criada para atender pré-sal vive "situação dramática"
Daniela Barbosa
Publicado em 4 de dezembro de 2014 às 10h37.
São Paulo - A Sete Brasil , que tem entre seus acionistas a Petrobras e nasceu em 2010 para atender o pré-sal, enfrenta um momento difícil.
Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, desta quinta-feira, a companhia perdeu recentemente dois sócios e precisa de 2,3 bilhões de reais para quitar dívidas que vencem até fevereiro de 2015.
O blog Primeiro Lugar, de EXAME, já havia divulgado, em setembro, que os bancos Bradesco, BTG Pactual, Santander — acionistas da companhia — e Goldman Sachs se preparavam para captar 1 bilhão de reais com grandes investidores.
A Petroserv e a OAS/Etesco teriam saído do negócio, de acordo com o jornal. As duas companhias tinham participação em cinco sondas e a Sete Brasil procura, agora, interessados na operação.
A situação da companhia, segundo a Folha, é dramática e os escândalos recentes envolvendo a Petrobras têm pesado contra ela.
Auditoria interna
Em recente comunicado ao mercado, a Sete Brasil afirmou que existe um processo de auditoria e investigação sobre os documentos e contratos relacionados ao projeto das sondas, firmados desde a criação da companhia.
“Tal medida tem como finalidade apurar quaisquer irregularidades supostamente ocorridas, visando não somente dar transparência aos processos da empresa, como também dar segurança a todos os investidores, financiadores e demais stakeholders desse enorme e desafiador projeto”, disse em nota.
A Sete Brasil tem projetos de construção de 29 plataformas flutuantes de perfuração para exploração de petróleo e gás em águas ultra profundas, que estão sendo construídas em cinco diferentes estaleiros no país.
A empresa, de capital privado, tem como investidores grandes instituições nacionais e estrangeiras, incluindo BTG, Bradesco, Santander, EIG, Petros, Funcef, Previ, Valia e Petrobras.
Segundo dados da consultoria Economática, a estatal perdeu 12 bilhões de reais no mês passado na bolsa brasileira, período no qual o Ibovespa recuou 1,14%. Boa parte da queda é atribuída aos maus resultados de 2013 apresentados pela empresa.
No final de fevereiro, o valor de mercado da estatal era de 172,8 bilhões de reais.
A cotação média do mercado, no entanto, ultrapassa a cifra de 2,40 reais e a diferença está preocupando o mercado, que não consegue entender como a estatal chegou a esse valor.
A fim de não aumentar a inflação, o governo tem segurado os preços e a estratégia tem impactado negativamente a petroleira. A estimativa do mercado é que a empresa tenha deixado de ganhar 1,1 bilhão por não repassar alta do petróleo.