Selfit vê academias como essenciais e prepara reabertura
Uso de máscaras para diminuir transmissão do coronavírus será obrigatório e reabertura deve ser gradual; em São Paulo, reabertura deve ficar para julho
Karin Salomão
Publicado em 25 de maio de 2020 às 16h01.
Última atualização em 25 de maio de 2020 às 20h52.
Depois de passar semanas com as portas fechadas, a rede de academias de baixo custo Selfit preparou um protocolo de segurança para o momento de reabertura, para mitigar os riscos de contágio pelo novo coronavírus.
Todas as cerca de 100 unidades da rede estão fechadas desde o dia 19 de março e ainda não há data para a abertura. Leonardo Pereira, fundador e presidente, acredita que esse processo deve ocorrer nos próximos 30 dias em algumas cidades com menos casos e taxas menores de transmissão.Já em cidades com o cenário mais crítico, como São Paulo, a previsão é ter uma reabertura apenas em julho. "Ainda não temos uma perspectiva de data para a reabertura, mas estamos nos preparando para oferecer o ambiente mais seguro possível", diz o executivo.
Haverá a medição de temperatura de todos que entrarem na academia, disponibilização de álcool em gel em todas as áreas e renovação do ar sete vezes por hora, além da limpeza dos ambientes de duas a três vezes por dia, por pelo menos 30 minutos com vaporizadores e bactericidas.Será obrigatório usar máscaras e haverá uma distância de 1,5 metro entre os equipamentos.
As academias foram definidas como atividades essenciais no dia 11 de maio. Mesmo assim, empresários do setor negaram que pretendiam reabrir as unidades imediatamente. Para a Selfit, esse processo deve ser gradual e cada cidade deve ser avaliada individualmente. "Ainda que haja decreto, a Selfit pode decidir por não abrir algumas unidades", diz Pereira.
Para ele, as academias são serviços essenciais ao olhar do ponto de vista do benefício à saúde. No Brasil, há um número alto de pessoas sedentárias e acima do peso, diz. "Acredito que nosso setor é essencial, pois atividade física eleva a imunidade", afirma. Já relacionar a atividade física apenas à estética ou ao lazer é um erro, diz ele.
As medidas foram criadas com base nas orientações da Organização Mundial da Saúde e de olho nos procedimentos adotados em outros países. Pereira diz que as medidas são até mais rígidas do que as adotadas na Itália, por exemplo, onde o uso de máscaras não é obrigatório. Nesta segunda-feira, o país, que foi um dos epicentros do novo coronavírus na Europa, entrou em uma nova fase de abertura, com a liberação de piscinas, ginásios e academias.
Aulas virtuais, mas sem receita
Na quarentena, a rede lançou algumas ferramentas para a prática de atividades físicas em casa. Com a campanha "Em casa do seu jeito", oferece lives e aulas virtuais pelos seus canais na internet.
Conta ainda com outros dois aplicativos exclusivos para alunos da rede, um para orientação nutricional, o Self Sem Culpa, e outro para treinos. São mais de 250 treinos para serem feitos em casa, além de parcerias para compra de equipamentos ou alimentos saudáveis com desconto. As plataformas já tiveram quase 8 milhões de interações - são 900 mil acessos por dia.
Embora os negócios virtuais tragam certa receita para a empresa, o tamanho não é comparável com as receitas das matrículas, congeladas desde abril. Pereira diz que houve um número pequeno de cancelamentos e até algumas matrículas, mas que o número de clientes se manteve relativamente estável.
Com receita praticamente zerada, a empresa tem consumido caixa de forma "preocupante", diz o presidente. A Selfit vinha dobrando de tamanho a cada ano desde sua criação, em 2012, e a previsão para esse ano era de abrir 50 novas academias. Porém, o caixa disponível para a expansão está sendo usado para sustentar a rede. "Diante da falta de perspectiva, é provável que o número de unidades abertas esse ano seja reduzido", afirma.