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Seara Indústria oferece ativos a CHS e Bunge, dizem fontes

A Seara Indústria entrou com pedido de recuperação judicial em abril para reestruturar 2,1 bilhões de reais em dívidas

Soja: a Seara Indústria ofereceu seus ativos de logística a credores (Scott Olson/Getty Images/Getty Images)

Soja: a Seara Indústria ofereceu seus ativos de logística a credores (Scott Olson/Getty Images/Getty Images)

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Reuters

Publicado em 26 de setembro de 2017 às 18h31.

Última atualização em 29 de setembro de 2017 às 11h15.

São Paulo - A trading brasileira de soja Seara Indústria ofereceu seus ativos de logística a credores, incluindo a trading norte-americana Bunge e a cooperativa agrícola CHS, em uma aposta para resolver seu processo de recuperação judicial que está ameaçado por alegações de fraude, informaram duas pessoas envolvidas no caso.

A Seara Indústria & Comércio de Produtos Agropecuários entrou com pedido de recuperação judicial em abril para reestruturar 2,1 bilhões de reais em dívidas.

Em julho, a Justiça acatou um pedido de paralisação de tramitação do processo até que peritos indicados pelo tribunal investigassem alegações de credores de que a companhia havia falsificado declarações financeiras, segundo seis fontes e documentos judiciais vistos pela Reuters.

Em uma tentativa de resolver o processo de recuperação judicial, a Seara Indústria propôs um acordo extrajudicial com credores na semana passada, segundo duas das fontes, que pediram anonimato devido à sensibilidade das negociações.

A proposta em discussão envolve repassar um terminal portuário para embarque de grãos e três terminais de transbordoàs tradings agrícolas e outros credores, disseram as fontes.

A Seara Indústria disse à Reuters que as alegações de fraude não se justificam e que havia apelado da decisão de suspender o processo de proteção contra credores. A empresa não quis comentar sobre um possível acordo extrajudicial.

A CHS, maior credora da Seara, em um determinado momento chegou a participar de negociações para comprar a companhia, disseram duas pessoas com conhecimento do assunto. Um representante para a imprensa da CHS confirmou que a companhia é credora da Seara Indústria, mas disse que "não comenta sobre investigações em andamento".

A Seara Indústria também está discutindo um investimento do grupo chinês Shanghai Pengxin para cobrir pagamentos a credores financeiros, como Credit Suisse, Rabobank e Citigroup, disse uma das fontes.A Pengxin não respondeu a uma solicitação de comentário. No ano passado, a Pengxin comprou duas tradings de grãos no Brasil, como parte de uma iniciativa de companhias chineses para assegurar oferta de alimentos no longo prazo.A Seara Indústria deve 218 milhões de dólares à CHS, a maior cooperativa agrícola dos Estados Unidos, mostraram os documentos aos quais a Reuters teve acesso.

O holandês Rabobank Groep tem que receber cerca de 82 milhões de dólares; o banco suíço Credit Suisse, 15 milhões de dólares; e a subsidiária brasileira da trading de commodities Bunge, a Bunge Alimentos, outros 18 milhões de dólares, segundo os documentos.Credit Suisse, Bunge e Rabobank não quiseram comentar.Os documentos do 4º Tribunal Regional Federal também mostraram que dados financeiros que a Seara apresentou ao Credit Suisse antes do pedido de recuperação judicial divergiam das declarações de resultados de 2016 da companhia.

A Seara Indústria disse à Reuters que os documentos enviados ao Credit Suisse eram apenas preliminares.Um juiz do caso encontrou "fortes evidências de que os dados não refletem a atual situação da companhia", segundo a decisão judicial de julho que suspendeu o andamento do processo de recuperação judicial.

Documentos anexados ao pedido para suspender a tramitação do processo também mostraram que uma unidade da empresa de investimentos nos Estados Unidos Corrum Capital Management alegou que soja entregue para a Seara, em um acordo em que a empresa ficou como fiel depositária da mercadoria, "desapareceu dos armazéns".

Questionado sobre essa alegação, o advogado da Seara Assione Santos disse que alguns dos clientes da companhia não receberam os grãos a que tinham direito por contrato por causa de uma queda na produção de grãos do Brasil em 2016, após uma seca.

A Corrum, que também é uma credora da Seara, não quis comentar.O Banco do Brasil alegou à Justiça que a família Zanin, proprietária da Seara, enganou credores.

O banco alega que a companhia transferiu dois apartamentos que antes pertenciam à empresa para a família e retirou 40 milhões de reais das contas da companhia dias antes de entrar com pedido de recuperação judicial.Santos, advogado da Seara, disse à Reuters que a transferência dos apartamentos não é ilegal. E afirmou que os 40 milhões de reais eram um pagamento ao proprietário da Seara, Santo Zanin Neto, para adquirir a sua participação pessoal nos terminais de logística e para pagar por carregamentos de milho que ele vendeu à companhia.

A proposta de um acordo extrajudicial exigiria que a Seara Indústria abrisse mão da maioria de seus ativos, incluindo uma planta de processamento de soja, armazéns, três terminais de logística e um terminal portuário em Paranaguá, disseram duas das fontes ouvidas.

Os terminais são considerados ativos valiosos devido à capacidade de transportar grãos por ferrovias desde o Mato Grosso até o porto de Paranaguá, no sul. Os terminais têm contratos de longo prazo com a companhia brasileira de logística Rumo.

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