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Seara ajudará a salvar o Marfrig, mas não como se imaginava

Comprada em 2009 para ser a marca global do Marfrig, venda da Seara para o JBS vai aliviar suas dívidas


	Seara: de promessa global a salvadora da dívida do Marfrig
 (Divulgação/EXAME)

Seara: de promessa global a salvadora da dívida do Marfrig (Divulgação/EXAME)

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Da Redação

Publicado em 10 de junho de 2013 às 10h14.

São Paulo – Comprada há quatro anos da multinacional Cargill, a Seara finalmente cumprirá sua missão de ajudar o Marfrig. A ironia é que não será do modo como Marcos Molina, o fundador do grupo, imaginava.

Quando o negócio foi fechado, em setembro de 2009, a Seara foi apresentada pelo Marfrig como um passo estratégico em sua diversificação e internacionalização. Tratava-se da criação da segunda maior exportadora de frangos do país, com 604,325 milhões de toneladas pro-forma em 2008. O volume correspondia a 16,6% do mercado, atrás apenas dos então 45,2% da BRF, que ainda se chamava Brasil Foods.

O mesmo ocorria no mercado de suínos, onde o Marfrig passaria a ocupar a segunda posição em exportações, com 16% do mercado em volume.

“Single ladies”

Nos anos seguintes, a Seara virou a vedete do grupo. Para projetá-la internacionalmente, valeu inclusive colocar Neymar, Ganso e Robinho, então jogadores do Santos, para dançar Single Ladies, música da Beyoncé, em um comercial de 30 segundos criado pela agência África para a época da Copa do Mundo de 2010, na África do Sul. A marca patrocinou o Santos, então clube dos três atletas, e a Copa do Mundo daquele ano.

É verdade que a Seara cresceu sob o comando do Marfrig. Quando foi vendida pela Cargill, em 2009, a avaliação do mercado era de que a marca fora posta de lado pela multinacional, que desejava apenas utilizá-la como uma plataforma de exportações. A crise de 2008 e o fechamento de mercados globais, porém, tornaram o negócio pouco atrativo. Ao mesmo tempo, a Cargill não teria se interessado em investir fortemente no mercado brasileiro.


Sob a gestão de Molina, as operações nacionais da Seara foram rebatizadas de Seara Brasil e incorporadas ao que se chamou, a partir de fevereiro do ano passado, de Seara Foods – uma unidade que englobou também a Keystone e a Moy Park.

Maior que o dono

A parte que foi arrematada pelo JBS nesta segunda-feira é a Seara Brasil. No primeiro trimestre, somente essa divisão gerou receita líquida de 2,05 bilhões de reais – um aumento de 48%. O número é também 32% da receita líquida total do Marfrig entre janeiro e março, ou 6,42 bilhões de reais.

O valor do acordo, 5,85 bilhões de reais (incluindo o negócio de couro do Marfrig no Uruguai), é bem maior do que o pago por Molina ao Cargill em 2009. Para se ter uma ideia, o empresário desembolsou 900 milhões de dólares pela Seara, entre dinheiro e assunção de dívidas. Em valores de hoje, seria algo como 1,9 bilhão de reais – ou um terço do preço pelo qual está sendo vendida.

O preço acertado também confirma algo que o Marfrig e o mercado já suspeitavam: o valor oculto da Seara. O valor de bolsa do Marfrig, no fechamento do mercado na sexta-feira, era de 3,9 bilhões de reais, ou 33% menor que o da Seara Brasil.

Mais leve

As primeiras informações indicam que a transação pode zerar a dívida bancária do Marfrig. A dívida total do grupo é de 13 bilhões de reais, inflada por uma série agressiva de aquisições nos últimos anos.

Agora, o Marfrig abrirá mão de um terço de sua receita e dos planos de ocupar uma posição relevante em frangos e suínos. Em troca, deve sair do negócio menos endividado. Tudo graças à Seara. Mas não era bem isso que se esperava.

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