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Santander quer ampliar linha de produtos para lucrar mais

Foco do banco no país se volta para pequenos e médios empresários, com a oferta de serviços que podem incluir proteção de crédito e de câmbio


	Agência do Santander no Rio de Janeiro: expectativa é de crescer 4% no ano
 (Wikimedia Commons)

Agência do Santander no Rio de Janeiro: expectativa é de crescer 4% no ano (Wikimedia Commons)

Tatiana Vaz

Tatiana Vaz

Publicado em 25 de outubro de 2012 às 13h34.

São Paulo – Em resumo, os números apresentados pelo Santander Brasil no terceiro trimestre mostram, de maneira simplista, que o banco tem emprestado mais, mas ganhado menos. O motivo está diretamente ligado ao novo cenário macroeconômico do país e o banco já sabe como irá lidar com a nova situação daqui para frente.

“A queda das margens se dá porque estamos incorporando crédito de spreads menores em nossa carteira. Os bancos no Brasil ainda estão muito focados em crédito e sabemos que podemos aumentar nossas tarifas com a capacidade de desenvolver novos serviços”, afirma disse Marcial Portela, presidente do Santander no Brasil.

Segundo ele, o banco está hoje trabalhando para ampliar serviços com produtos que hoje muitos clientes nem imaginam existir.

Produtos de proteção de crédito e de coberturas como os voltados para evitar risco de câmbio e operação para pequenas empresas são alguns que o banco analisa desenvolver para o Brasil. Para pessoas físicas, aumentar o crédito disponível para compra de imóveis deve aumentar.

“Essas mudanças, aos poucos, já estão acontecendo. Tanto que serviços para pequenos e médios empresários tem hoje um peso muito maior em nosso balanço e sabemos que há como expandir bem mais nessa direção”, afirmou Portella. 

Para Portella, o sistema financeiro no país caminha para trabalhar normalmente com spreads e taxas de inadimplência menores e com maior eficiência. “Acredito que o Brasil não vai mais voltar a ter uma taxa Selic de dois dígitos”, disse o executivo.

Cartões ajudaram

O aumento da tomada de crédito e uso de serviços por pequenas e médias empresas brasileiras contribuíram de maneira positiva para os resultados do Santander no Brasil. Ainda assim, a inadimplência ainda alta, queda da Selic e de procura de outros produtos para consumo, como o de financiamento de carros, acabou fazendo com que o lucro do banco, mais uma vez, caísse.

De janeiro a setembro, o banco Santander no Brasil apresentou lucro de 4,7 bilhões de reais, valor 5,7% inferior em comparação ao mesmo período do ano anterior. No terceiro trimestre, o lucro de 1,5 bilhão de reais ficou abaixo do trimestre anterior em 2,5%. O lucro antes de imposto teve um crescimento de 11%.

Os ativos totais do banco totalizaram 412,695 bilhões de reais ao final de setembro, queda de 0,6%, na mesma base de comparação e aumento de 1,3% ante o segundo trimestre de 2012. Já a carteira de crédito do Santander no país encerrou setembro com 206,735 bilhões de reais, expansão de 1,2% na comparação com o segundo trimestre deste ano. 


O patrimônio líquido consolidado do banco totalizou 81,103 bilhões de reais em setembro, elevação de 5,3% quando relacionado aos 76,993  bilhões de reais registrados no mesmo mês do ano passado e de 1,1% ante os R$ 80,208 bilhões do final de junho deste ano.

A receita gerada por emissão de cartões cresceu 23% no terceiro trimestre, impulsionada pela área de adquirência e aumento da adesão por parte de pequenas e médias empresas. O banco já possui 4% do mercado de adquirência, com a ambição de elevar essa fatia para 8% até o ano que vem.

O faturamento com financiamento de carros caiu 0,90% de julho a setembro – nos nove meses do ano, o crescimento da carteira foi de 11%. Em doze meses, a receita provinda de letras financeiras cresceu 37%, apesar da queda de 7% no terceiro trimestre. 

Em margem financeira, o banco teve uma receita de 8,1 bilhões de reais, queda de 3,2% em relação ao trimestre anterior e crescimento de 13,5% comparado ao terceiro trimestre de 2011. Deste montante, 6,8 bilhões de reais são referentes a crédito e 1,6 bilhão de reais a depósitos. Na comparação dos primeiros nove meses deste ano, o resultado de 24,6 bilhões de reais em receita foi 18,7% maior que o apresentado no mesmo período do ano anterior.

“Nossa expectativa é de crescer ao redor de 4% este ano, enquanto a inflação deve ficar em 5,4%, um nível de inflação que facilitaria trabalharmos com uma taxa de juros entre 7% e 7,25% até o final do ano. Para 2013, estimamos uma taxa de juros ao redor de 8%”, disse Portella.

Queda mundial

No mundo, o lucro líquido do Santander antes de provisões ficou em 18,184 bilhões de euros, crescimento de 3% nos primeiros nove ao meses do ano, comparado ao mesmo período do ano anterior. O lucro atribuído, resultado calculado depois de feitas as provisões para crédito imobiliário na Espanha, ficou em 1,8 bilhão de euros, queda de 66% em comparação aos primeiros nove meses do ano anterior.

“Grande parte dessa queda se deve às provisões feitas para crédito imobiliário, situação que até o final do ano já deverá ter sido resolvida”, diz Portella. “Vale ressaltar que, de todos os bancos europeus, o Santander é hoje o que apresenta melhor capacidade de gerar lucro, com um excesso de capital de 25 milhões de euros.”

O Brasil foi responsável por 26% deste lucro, participação que só não é ainda maior que o atribuído à Europa Continental, com uma fatia de 28%. A participação dos demais países da América Latina é de 24%, seguida pelo Reino Unido, com 13%, e Estados Unidos, com 9%.

Ainda que a operação brasileira tenha uma grande representatividade dentro do grupo, Portella garantiu que o banco no país trabalha de maneira independente das demais operações e que o bom desempenho por aqui não interfere na quantidade de distribuição de dividendo que o banco no Brasil tem de voltar para a matriz.

Nos nove meses de 2011, o banco no Brasil pagou 2,4 bilhões de reais em dividendos aos acionistas do grupo, valor que ficou em 2,1 bilhões de reais de janeiro a setembro deste ano. 

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