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Saída de diretor da Tesla afeta esforço para controlar Elon Musk

Em vez de um Musk impulsivo, os investidores escutaram um CEO mais comedido que havia acabado de descumprir as estimativas dos analistas para o lucro

VISIONÁRIO: o empresário Elon Musk planeja chegar a Marte em 2018 / Justin Sullivan/Getty Images (Justin Sullivan/Getty Images)

VISIONÁRIO: o empresário Elon Musk planeja chegar a Marte em 2018 / Justin Sullivan/Getty Images (Justin Sullivan/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 3 de fevereiro de 2019 às 06h00.

Última atualização em 3 de fevereiro de 2019 às 06h00.

Elon Musk parecia estar deixando a imprevisibilidade para trás. Até que ele assustou os investidores da Tesla com a surpreendente saída de mais um executivo.

Em conferência de resultados, o CEO prometeu reduzir custos e administrar o caixa da Tesla durante a entrada em um período de crescimento mais lento. Em vez de um Musk impulsivo, os investidores escutaram um CEO mais comedido que havia acabado de descumprir as estimativas dos analistas para o lucro trimestral. Ele inclusive fez diversas menções a uma possível recessão.

Mas depois de todo o discurso sobre os tempos difíceis e a necessidade de apertar os cintos, a propensão de Musk por pegar os acionistas desprevenidos ressurgiu. Faltando poucos minutos para o fim da conferência, ele revelou que o diretor financeiro, Deepak Ahuja, deixará a empresa pela segunda vez, fortalecendo a fama da Tesla de ter grande rotatividade entre os altos executivos. As ações da fabricante de carros elétricos chegaram a cair 2,8 por cento pouco depois da abertura das negociações regulares, nesta quinta-feira.

“A surpreendente saída do diretor financeiro aumenta a onda” de partidas recentes, disse Michael Dean, analista da Bloomberg Intelligence.

Havia muitos motivos para suspeitar que Musk seria mais controlado a partir de agora. Além do fato de que a Tesla tem um caminho “muito difícil” pela frente, como ele disse neste mês, o CEO vem de um 2018 que teve alguns momentos dolorosos. O confronto com a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC, na sigla em inglês) devido à atrapalhada tentativa de fechar o capital da empresa custou a ele o cargo de presidente do conselho. Além disso, a Tesla contratou um novo chefe jurídico e recebeu ordem para ampliar a supervisão.

A queda sequencial dos lucros antes de juros e impostos, a produção decepcionante do Model 3 e um iminente pagamento de US$ 920 milhões em títulos em março estão afetando os investidores, disse Dean. “Além disso, o monopólio da Tesla no segmento de luxo, que existia na prática, acaba em 2019 com a chegada da concorrência de Porsche, Audi e Mercedes.”

O novo diretor financeiro da empresa será Zach Kirkhorn, hoje no cargo de vice-presidente de finanças.

O lucro líquido ajustado da Tesla foi de US$ 1,93 por ação no quarto trimestre, menor que a estimativa média dos analistas, de US$ 2,10 por ação. Os resultados enfrentam pressão em um momento em que a companhia lança versões mais baratas do sedã Model 3 para manter o crescimento das vendas.

Depois de mais que triplicar o total de vendas no ano passado, a Tesla projeta um aumento de 65 por cento em 2019. Dentro dessa previsão, a empresa estima que entregará menos sedãs Model S e crossovers Model X aos clientes do que em 2018.

Pelo fato de estar levando o Model 3 para o mundo, a Tesla alerta que as entregas norte-americanas deste sedã fundamental poderão diminuir neste trimestre em relação aos últimos três meses de 2018. A produção de carros destinados à Europa e à China começou neste mês.

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