Possível fusão entre Fiat e Renault volta a ganhar destaque na Europa
As bolsas de valores europeias demonstraram confiança no retorno das tratativas para a criação da terceira maior montadora do mundo
Juliana Estigarribia
Publicado em 22 de agosto de 2019 às 06h00.
Última atualização em 22 de agosto de 2019 às 06h00.
Os rumores de que a Fiat Chrysler Automobiles (FCA) e a Renault estariam retomando as negociações para uma possível fusão voltaram a ganhar força. Apesar de as empresas não confirmarem a informação, as bolsas de valores europeias fecharam em alta nesta quarta-feira, 21, puxadas, no segmento corporativo, pela notícia de retorno das tratativas.
A matéria publicada pelo diário italiano Il Sole 24 Ore, de que o plano “nunca teria sido engavetado” e de que o mercado financeiro aposta fortemente na retomada das conversas, animou os agentes e reforçou a crença de que o tema pode voltar à tona muito em breve. A prioridade seria agora equilibrar os papéis dos envolvidos na megafusão.
Em maio deste ano, a montadora ítalo-americana apresentou uma proposta de união com o grupo francês, que foi retirada alguns dias depois. Pelo acordo, a nova empresa seria a terceira maior montadora do mundo, com 8,7 milhões de vendas anuais, bem como uma economia de 5 bilhões de euros ao ano. Cada uma teria 50% de participação.
A proposta teria gerado resistência principalmente por parte do governo francês, que tem uma participação relevante na Renault. O temor era de fechamento de fábricas no país.
Executivos da alta cúpula da Nissan no Japão também teriam mostrado resistência, uma vez que a proposta de fusão colocada à mesa não deixava clara a participação da montadora japonesa no negócio. A companhia mantém uma aliança estratégica há quase 20 anos com a Renault.
Procurada, a FCA informou que não houve retomada das negociações. A Renault declarou que não há posição oficial sobre o assunto.
Novo momento do setor
O movimento de consolidação da indústria automotiva vem ganhando cada vez mais musculatura diante das profundas transformações do setor. O consenso é que o veículo do futuro será elétrico, autônomo e totalmente conectado.
Na busca por fôlego financeiro para tocar esses projetos e mitigar os riscos dos investimentos, marcas historicamente rivais estão se aliando para desenvolver essas tecnologias, que são extremamente caras. A Volkswagen e a Ford , por exemplo, anunciaram recentemente uma parceria na área de eletrificação.
“Os clientes estão demandando veículos elétricos. Por isso, anunciamos a parceria com a Ford para desenvolver essa plataforma”, afirmou na semana passada Ralf Brandstätter, chefe de operações da marca Volkswagen Passenger Cars, em visita ao Brasil.
A BMW e a Mercedes-Benz também anunciaram neste ano uma parceria para autônomos e, segundo especialistas, este movimento só tende a crescer.