Riachuelo quer subir margens com o fim das promoções
Segundo presidente da varejista, Flavio Rocha, substituição do modelo logístico adotado pela empresa pode diminuir em até 90% a formação de "resíduos"
Da Redação
Publicado em 16 de outubro de 2012 às 15h55.
São Paulo - Até o fim do ano que vem, a reposição de peças na Riachuelo será regida por um sistema logístico "milimétrico", como afirmou o presidente da companhia, Flavio Rocha, no 12o Congresso Internacional de Shopping Centers e Conferência das Américas. "Isso tem potencial de reduzir em 90% a formação de resíduos nas lojas, com impacto direto nas remarcações", afirmou.
Na prática, a empresa irá fornecer inicialmente uma quantidade pequena de cada um dos produtos ofertados nas lojas. O reabastecimento será diário, baseado na demanda por cada um dos itens. "É como fazer a feira do dia, ao invés da feira do mês", resumiu Rocha.
Segundo o presidente da Riachuelo, cerca de 10% dos itens são vendidos com algum tipo de desconto no modelo de hoje. A vantagem da Riachuelo na adoção do nova sistema é que a empresa conta com a verticalização completa do negócio: da produção têxtil à financeira que parcela a compra dos clientes, todas as etapas da produção e venda são controladas pela companhia.
Sabendo, portanto, o que o cliente quer, a empresa diminui a chance de ver os produtos encalharem, tendo que espremer sua margem para desová-los.
Atualmente, seis departamentos da empresa de varejo já são abastecidos com o novo sistema de logística. A expectativa é que até o fim do ano que vem toda a rede seja atendida, depois de um investimento de cerca de 20 milhões de reais.
"Cada vez que a etiqueta de uma peça for lida pelo código de barras, essa informação será irradiada para toda a cadeia, até o fio", afirmou Flavio Rocha. O benefício adicional, acrescenta o executivo, será a entrega mais certeira dos produtos esperados pelo consumidor. A rede estima que 50% das vendas perdidas deva-se à falta da chamada "cor certa no tamanho certo".
Menos juros, mais compras
Na opinião de Flavio Rocha, o cenário de juros básicos mais baixos deverá beneficiar a empresa daqui para frente, justamente pelo fato de a Riachuelo verticalizar as etapas de produção e comercialização.
"Essa parceria de varejistas com financeiras, essa lua de mel acabou. Com uma só canetada, o Itaú acabou com 300 delas. Foram acordos firmados em um cenário econômico diferente", disse. "Mas o nosso modelo lida tranquilamente com isso, significa ganhar mais com produtos e não com juros. Se vamos ganhar menos na financeira, vamos ganhar mais na Riachuelo", completou.
Uma das apostas para o futuro será a expansão da loja Riachuelo Mulher, inaugurada em São Paulo no começo do mês. Ao invés dos 2.500 a 3.000 metros quadrados das unidades tradicionais, o formato conta com 655 metros quadrados em um espaço voltado exclusivamente para o público feminino. De acordo com Rocha, a rede acredita em um potencial para a abertura de 200 a 300 unidades neste formato em um horizonte de quatro a cinco anos. Hoje, a Riachuelo conta com 154 lojas no país.