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Renner vê redução de competidores com economia mais fraca

Presidente da companhia afirmou que o período de 2003 a 2010 foi "favorável para todos", mas que a situação vem mudando em função da desaceleração da economia


	José Galló, da Renner: ele afirmou que o período de 2003 a 2010 foi "extremamente favorável para todos", mas que a situação vem mudando em função da desaceleração da economia
 (Fabiano Accorsi / EXAME)

José Galló, da Renner: ele afirmou que o período de 2003 a 2010 foi "extremamente favorável para todos", mas que a situação vem mudando em função da desaceleração da economia (Fabiano Accorsi / EXAME)

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Da Redação

Publicado em 9 de janeiro de 2015 às 07h38.

São Paulo - Após ver suas ações saltarem em 2014 na contramão de um ano fraco para a concorrência, a varejista de moda Lojas Renner inicia 2015 enxergando oportunidades de ocupar lacunas deixadas por concorrentes de menor porte, em um ambiente macroeconômico desafiador.

Em entrevista à Reuters, o presidente da companhia, José Galló, afirmou que o período de 2003 a 2010 foi "extremamente favorável para todos", mas que a situação vem mudando em função da desaceleração da economia, fazendo os consumidores optarem por redes com fôlego financeiro, capazes de seguir apresentando novidades.

"Posso ler os jornais e dizer 'nossa, vai ser ano difícil'. Mas prefiro ler tudo isso e ver onde estão as oportunidades para a Renner. E uma pode ser essa, uma certa concentração e redução de operadores", disse o executivo.

Galló acrescentou que uma eventual pressão do governo federal por maior eficiência arrecadatória, a fim de reforçar as contas públicas, pode acabar empurrando companhias informais, que respondem por cerca de 48 por cento do mercado de varejo de vestuário, segundo a consultoria McKinsey, para fora do jogo.

"A gente sabe que pagar ou não pagar impostos dá uma diferença de mais ou menos 20 por cento (nos custos)", disse ele.

Apesar de crédito mais caro e inflação em alta que levaram o consumidor brasileiro a segurar os gastos e o marasmo durante a Copa do Mundo, a Renner conseguiu elevar as vendas em mesmas unidades, que consideram os pontos abertos há mais de um ano, em 7,8 por cento de janeiro a setembro de 2014.

Enquanto isso, a Cia Hering teve queda de 7 por cento na mesma linha, enquanto Riachuelo e Lojas Marisa registraram avanço de apenas 1,6 por cento e 0,6 por cento, respectivamente, em igual período.

Refletindo a alta na receita orgânica, além de ganhos na margem operacional, as ações da Renner subiram 28,1 por cento em 2014, ano em que os papéis da Cia Hering despencaram 29,7 por cento, os da Riachuelo cederam 19,2 por cento e os da Marisa perderam 21,5 por cento.

Menos competição?

Galló reiterou que o acerto nas coleções, com trocas mais rápidas de produtos, vem sendo importante para os resultados, algo que permanece no foco da companhia.

"Estamos em um processo grande de cada vez mais reduzir o tempo de desenvolvimento do produto e estamos trabalhando com nossos fornecedores para melhorar a eficiência", disse o executivo, apontando que o movimento deverá ganhar força no início do segundo semestre com a inauguração do novo centro de distribuição em São José (SC), o segundo automatizado da companhia.

A expectativa inicial era de que o novo centro abrisse as portas no fim de 2014, o que não ocorreu pelo impacto do excesso de chuvas no Estado, disse a empresa.

Após executivos estimarem para analistas que a abertura seria adiada para o primeiro semestre, Galló afirmou à Reuters que isso deverá ocorrer em julho.

Falando sobre o ingresso de varejistas estrangeiras de peso no Brasil, o presidente da Renner estimou que o horizonte será mais duro para as interessadas no país daqui para frente.

"O custo de importação, considerando o custo lá no fornecedor no Extremo Oriente, até chegar no centro de distribuição da varejista no Brasil, é ao redor de 90 por cento. Esse custo é igual para todos", disse Galló, pontuando que isso faz com que muitas empresas de fora que só importam não consigam ser competitivas no país.

"Associando tudo isso à questão cambial e menor atratividade do ambiente econômico, não vejo evolução muito grande de entrada de varejistas estrangeiras no Brasil", completou.

Marcado pela entrada com frisson da norte-americana Forever 21 no Brasil e pela expansão da Gap, o último ano viu, por outro lado, a britânica Topshop fechar uma de suas lojas no país.

Além disso, a fast fashion sueca H&M disse não ter planos de vir por ora para o Brasil, após especulações do mercado de que poderia abrir um ponto na Avenida Paulista.

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