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Renner dispensa meia calça e remodela planos para 2013

Corte de custos, remodelação de lojas, investimento em loja especializada. Veja como a Renner apresentou melhora de resultados e seus planos para 2013

Loja da Blue Steel em São Paulo: divulgação em blogs e redes sociais (Daniela Toviansky/EXAME.com)

Loja da Blue Steel em São Paulo: divulgação em blogs e redes sociais (Daniela Toviansky/EXAME.com)

Tatiana Vaz

Tatiana Vaz

Publicado em 31 de outubro de 2012 às 14h01.

São Paulo – A performance da Renner no terceiro trimestre acabou por surpreender alguns analistas que esperavam uma apresentação semelhante a dos períodos anteriores, quando a rede se apresentava não tão bem vestida, nem tão bem ajeitada nas contas e vendas.

O lucro da companhia no período foi de 413,1 milhões de reais, 25,3% a mais que o mesmo trimestre do ano anterior e trouxe uma melhora de margem bruta de 50,2% para 51,4%. Nos primeiros nove meses do ano, o lucro foi de 1,2 bilhão de reais, 20% maior que o mesmo período do ano anterior e uma margem de 53,1%.

A seguir, saiba quais foram os pontos de estratégia adotados pela empresa para melhorar o visual do negócio neste terceiro trimestre.

Verão antecipado

O calor antecipado que acabou por atrapalhar, e muito, os cronogramas de vendas e lançamento de coleções das redes de varejo de moda no terceiro trimestre, acabou não interferindo na operação da Renner como os analistas esperavam.

Em vez de apostar em promoção atrás de promoção, como a concorrente Hering, a Renner decidiu não optar por sacrificar a margem da meia-calça e outros produtos de inverno e sim antecipar a coleção de verão.

“A iniciativa nos ajudou a ter uma melhora do nível de vendas e de margem bruta no terceiro trimestre”, afirmou Adalberto Santos, CFO da rede em teleconferência com analistas realizada no fim desta manhã.

De julho a setembro, as vendas da companhia ficaram em 803,3 milhões de reais, 22,2% mais que o faturado no mesmo trimestre do ano passado. Nos novo primeiros meses, as vendas somaram 2,2 bilhões de reais, valor 8,1% maior que o conquistado até setembro de 2011.

Houve melhora também nas vendas mesmas lojas. No terceiro trimestre, o crescimento foi de 13,2% comparado ao terceiro trimestre de 2011. De julho a setembro de 2011 comparado a 2010 o aumento havia sido bem menor, de 3,8%.

Aperto de Cinto

Outra tática usada pela companhia para a melhora de margem foi a de apertar os cintos. Primeiro, com a adequação de gerenciamento de estoques. Depois com o menor custo do algodão, comparado ao praticado em trimestres anteriores, em itens de fornecimento local e importados.

A companhia ainda conseguiu deixar de perder com os empréstimos pessoais feitos para as clientes nas lojas. Se em 2011 a Renner tinha perdas em créditos de 6,5 milhões de reais no terceiro trimestre, o valor caiu 17% para 5,4 milhões de reais no mesmo período deste ano.


“Isso mostra o quanto somos conservadores para a concessão de crédito, além do que já trabalhávamos com uma possível redução da taxa de juros, que acreditamos cair mais daqui para frente”, disse José Galló, CEO da companhia.

As despesas com vendas no terceiro trimestre ficaram em 214,7 milhões de reais, 14,9% a mais que o mesmo período de 2011, mas menor que a apresentada de julho a setembro do ano passado comparado aos mesmos meses de 2010, de 18,4%.

Roupa Nova

Redução com custos logísticos e com aportes em adequação das lojas Camicado foram outros fatores que contribuíram para a melhora de margem bruta da companhia. Os investimentos na reforma de lojas da Renner também foram, em grande parte, concluídos. E as lojas, em especial as reformas no quarto trimestre do ano passado, também já começaram a trazer resultado.

"Calculamos que as lojas reformadas trazem 20% mais de faturamento comparado ao que elas traziam antes da nova roupagem”, afirmou Adalberto. “Já as novas lojas vendem a média de 60% comparadas a uma loja antiga, com um tempo de maturação médio de três anos”, disse.

A companhia fechou setembro com 211 lojas, incluindo 3 da marca Blue Steel e 9 novas unidades da marca Renner, e uma área de vendas de 353,1 meros quadrados, 15,9% mais que setembro de 2011. A Camicado contribuiu, em setembro, com 5,4% da área de vendas total da empresa.

Mais rápida

No terceiro trimestre, também foram inaugurados o novo centro de distribuição no Rio de Janeiro e a nova plataforma de comércio eletrônico. O novo centro, ainda em fase de teste, começou a operar em agosto. Desde então, foi responsável pela distribuição de 3% do total de produtos da empresa no último mês.


“Ainda estamos trabalhando em um novo modelo de distribuição por unidades que deve começar a nos trazer resultados a partir de 2014”, disse Galló.

Já a nova plataforma de vendas online entra no ar para facilitar a compra de produtos pela cliente da marca. “Mas é bom lembrar que não queremos fazer grandes resultados com margens sacrificadas”, disse o CEO.

A intenção da empresa é aumentar o volume de negócios por meio de uma plataforma mais interativa e mais simples para as consumidoras.

Guarda-roupa

Na parte de estoques, a Renner espera, a longo prazo, uma maior participação de importados (com a importação direta de produtos para venda na Camicado) e maior quantidade de novas lojas na rede. “Estamos tomando medidas para melhorar esse ciclo particularmente no que tange a importados”, afirmou Galló.

Novos endereços

A rede não irá mais abrir 30 lojas previstas para este ano, “em função do atraso em abertura de lojas em shopping centers”, segundo os executivos. Em compensação, a empresa terminará 2012 com dez lojas Camicado, quatro a mais do que havia previsto no início do ano.
Para o próximo ano, 400 milhões de investimentos estão previstos. A rede deve ganhar 50 novas lojas, sendo 30 sob a bandeira Renner, entre 10 e 15 Camicado e outras 10 a 15 lojas especializadas Blue Steel.

Por enquanto, a rede já possui três lojas Blue Steel, voltadas para o público mais jovem, com divulgação da marca feita por meio das redes sociais. As lojas, de até 120 metros quadrados, reúnem produtos da marca que vão de peças de roupas a acessórios vendidos a preços, com melhor margem, que os encontrados nas lojas Renner. 

Cartão Vermelho

O cartão Renner Private Label, da cor vermelha da cor da marca, foi responsável por metade das vendas feita pela companhia no terceiro trimestre.

Até setembro, a companhia emitiu 20,2 milhões de cartões, 10,5% mais que o acumulado até o mesmo mês do ano passado. O ticket médio gasto nas compras com o cartão também aumentou 8,3% no terceiro trimestre e ficou em 147,66 reais. 

 

 

 

 

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