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Refugiados denunciam maus-tratos em fábrica da Sadia

Em condições análogas à escravidão, segundo as denúncias, trabalhadores eram contratados para o abate halal, feito manualmente por seguidores do islã

Uma das fábrica da Sadia: essa em Vitória de Santo Antão, Pernambuco (Germano Lüders/EXAME.com)

Uma das fábrica da Sadia: essa em Vitória de Santo Antão, Pernambuco (Germano Lüders/EXAME.com)

Tatiana Vaz

Tatiana Vaz

Publicado em 26 de janeiro de 2012 às 19h34.

São Paulo – As condições de trabalho de duas fábricas da Sadia (BRFoods), no Paraná, são alvo de uma investigação de trabalho escravo de estrangeiros pelo Ministério Público do Trabalho (MPT). A unidade terceirizada pela empresa na cidade de Samambaia, no Distrito Federal, também sofreu denúncias de trabalhadores muçulmanos, contratados para o abate halal, vendidas a seguidores do islã.

Uma das denúncias foi feita por um jovem afegão que, depois de ter sido ameaçado de morte pelo Talebã por se recusar a pagar propinas, abandonou sua cidade natal e pagou cinco mil dólares a uma gangue de tráfico humano para pedir refúgio e reiniciar a vida no Brasil. As informações são da BBC.

Ao chegar no país, ele foi levado para um trabalho escravo em uma prestadora de serviços para a Sadia, em Samambaia. O emprego consistia em degolar com uma faca 75 frangos por minuto pelo método halal, selo requerido pelos países de maioria islâmica que importam a carne brasileira. O salário: 700 reais por mês.

Depois de ser demitido por fazer queixas ao seu supervisor, o jovem sem nenhum tostão deu entrada ao seu pedido de refúgio ao Conare (Comitê Nacional para os Refugiados, órgão vinculado ao Ministério da Justiça).

O abate halal requer que os animais tenham suas gargantas cortadas manualmente por seguidores do islã. Eles devem pronunciar a frase "Em nome de Deus, Deus é maior!" (Bismillah Allahu Akbar, em árabe) antes de cada degola.

Resposta

Em resposta, a assessoria da BrasilFoods disse que atende a uma exigência de mercados islâmicos, em especial de países do Oriente Médio. De acordo com tais exigências, o trabalho deve ser executado por funcionários muçulmanos que sejam vinculados a uma entidade certificada pelas autoridades daqueles países. Portanto, a contratação terceirizada é uma necessidade.

Ainda de acordo com a empresa, esses funcionários terceiros cumprem uma jornada de trabalho equivalente aos trabalhadores contratados diretamente pela empresa (no caso, a entidade certificada por países islâmicos prestadora de serviços). Durante o período em que permanecem no interior da planta, eles estão sujeitos às mesmas condições dos demais trabalhadores da unidade.

Como regra, em todos os casos de contratação de mão de obra terceirizada, a BRF diz exigir que o fornecedor apresente regularmente os comprovantes de recolhimento das contribuições trabalhistas, sociais e fiscais. 

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