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Reajustes de minério voltarão a ser anuais, dizem siderúrgicas

Europeus defendem os reajustes anuais pois ele torna mais fácil prever os custos; Vale e Rio Tinto devem aceitar a mudança

Rio Tinto e Vale são as duas maiores exportadoras de minério de ferro do planeta (DIVULGAÇÃO/RIO TINTO)
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Da Redação

Publicado em 10 de janeiro de 2011 às 15h42.

Londres - A Vale SA e o Rio Tinto Group, maiores exportadoras mundiais de minério de ferro, vão voltar ao sistema de reajustes anuais que usaram por 40 anos, disseram siderúrgicas europeias. Elas apostam na resistência à iniciativa das mineradoras de encurtar os contratos.

“Nós continuamos convencidos que o mercado vai voltar aos contratos de reajuste anual”, disse Gordon Moffat, diretor- geral da associação comercial Eurofer, que representa siderúrgicas como ArcelorMittal, ThyssenKrupp AG e Salzgitter AG. Para ele, a oferta crescente reduz o poder de negociação das mineradoras. “As vantagens são claras em termos de garantias para ambos os lados, quanto a previsibilidade e preço.”

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As siderúrgicas lutaram para se adaptar à mudança no sistema de preços de minério, que elas usam como matéria-prima para a fabricação de aço. A alteração para vendas no mercado à vista e em contratos trimestrais em 2010 dificultaram seus esforços para prever custos e repassá-los aos consumidores, à medida que o minério mais que dobrou ao longo do ano. Isso pode mudar agora com novos projetos a caminho, aumentando o abastecimento do mercado.

“O retorno a um ambiente onde o minério de ferro é largamente disponível pode não estar tão longe quanto muitos acreditam”, disse Christian Georges, analista em Londres da Olivetree Securities Ltd. “Há uma quantidade de mineradoras - fora os líderes da Austrália e do Brasil - que podem querer fechar contratos com garantia de volume em condições de visibilidade de preços no longo prazo.”

Investimentos das mineradoras

A Vale, que tem sede no Rio de Janeiro, a mineradora anglo- australiana Rio Tinto e a BHP Billiton Ltd., com sede em Melbourne, são as maiores exportadoras de minério de ferro.

A Rio Tinto tem planos de investir US$ 14,8 bilhões em expansão de suas operações no oeste da Austrália para impulsionar a produção em 50 por cento até 2015. A decisão final sobre o investimento deve ser tomada este ano. A BHP quer quase dobrar sua produção de minério de ferro para 240 milhões de toneladas por ano até 2013, enquanto a Vale pretende aumentar a produção projetada para este ano, de 311 milhões de toneladas, em 68 por cento até 2015, chegando a 522 milhões de toneladas.

O sistema de reajustes trimestrais é baseado no mercado à vista, que é determinado pela oferta e procura na China, maior produtor de aço, disse o diretor executivo de finanças da Vale, Guilherme Cavalcanti, em entrevista à Bloomberg TV em 8 de dezembro. Ninguém na Vale estava imediatamente disponível para comentar hoje, quando a Bloomberg ligou para a sede no Rio de Janeiro.

“Nós não vamos voltar para o sistema anterior dado a necessidade de transparência e de ter preços que reflitam o que está acontecendo fisicamente no mercado”, disse Sam Walsh, presidente da unidade de minério de ferro da Rio Tinto, em 29 de novembro, a investidores em Londres. Tony Shaffer, porta-voz da Rio Tinto em Londres, não quis fazer comentários adicionais.

Ruban Yogarajah, porta-voz da BHP em Londres, também não quis comentar. A BHP espera uma mudança na direção de reajustes mensais de preços que reflitam melhor o mercado, disse o presidente de Marketing da companhia, Mike Henry, em setembro.

O UBS AG previu no mês passado que o déficit no suprimento de minério de ferro ao longo de 2012 se transformará em um superávit de 104,4 milhões de toneladas em 2013, aumentando para 257 milhões de toneladas em 2015, ou 12 por cento da produção mundial.

Os mercados de minério de ferro “vão voltar ao equilíbrio” até 2014, disse o UBS em relatório de 13 de dezembro.

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