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"Queremos ser a primeira no Brasil e no mundo", diz presidente da MSD

Empresa resultante da fusão entre Merck Sharp & Dohme e Schering-Plough deve ter faturamento próximo de 50 bilhões de dólares por ano

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h11.

Na última quarta-feira (4/11), os laboratórios farmacêuticos Merck Sharp & Dohme e Schering-Plough anunciaram o início de suas operações como uma única empresa, que será conhecida como MSD em todos os países, à exceção dos Estados Unidos, onde se chamará Merck. A operação de fusão, que envolveu uma quantia de 41 bilhões de dólares, coloca a empresa como a 7ª maior do mercado no Brasil, e 2ª maior no mundo. “E queremos ser a primeira no mundo dentro de um período de12 a 24 meses”, diz Tadeu Alves, presidente da MSD no Brasil.

A MSD, como o próprio Alves diz, “já nasce grande”. As receitas combinadas para 2008 das duas empresas totalizaram 47 bilhões de dólares. Após a transação, a empresa incorporada terá um sólido balanço patrimonial com um saldo de investimentos de caixa de aproximadamente 8 bilhões de dólares. No mundo, a gigante farmacêutica contará com 9.000 cientistas que atuarão no desenvolvimento de novos produtos e nos estudos de aprimoramento dos atuais. No Brasil, as duas empresas somam cerca de 2.000 funcionários e seis fábricas.

Tadeu explica que a fusão não deve alterar o portfólio de produtos das duas companhias. Os medicamentos das duas marcas continuarão sendo comercializado, mesmo nos casos em que houver sobreposição de princípios ativos. “Continuaremos promovendo todos os produtos. Existe espaço mercadológico para isso”, diz o presidente da MSD no Brasil.

Para os investidores, a mudança também não deve ser grande. Segundo os termos do acordo de fusão, os acionistas da Schering-Plough receberão 0,5767 de ação e US$ 10,50 em dinheiro para cada ação desta companhia. Cada ação da Merck Sharp& Dohme deverá se tornar automaticamente uma ação da empresa incorporada. A ação da Merck (como a MSD será conhecida nos EUA) já está sendo comercializada na bolsa de valores de Nova York.

Sinergia e pesquisa
“A Merck foi feita para a Schering e vice-versa. Não existe fusão melhor”, afirma Tadeu Alves. Para o presidente da MSD, o principal ganho da nova empresa será o de sinergia, tanto na linha de produtos, quanto no alcance de clientes, nos serviços prestados aos médicos, na manufatura e nos estudos clínicos. Essa última é área chave para os planos estratégicos da nova empresa, dos quais o mais imediato é, segundo Alves, “crescer”. “Temos cinco posições para ganhar no mercado brasileiro. Na indústria farmacêutica, a expressão ‘size matters’ (do inglês, “o tamanho importa”) faz muito sentido, principalmente na área de pesquisa”. (Continua)
 


 

Os investimentos da MSD em pesquisa clínica em 2009 reforçam o discurso e de Alves. Foram 14 milhões de dólares destinados para os estudos, em cerca de 400 localidades em todo o país, envolvendo 4800 pacientes. A tendência é que o número cresça. “Saber que todos os testes e estudos foram bem feitos aumenta muito valor agregado do medicamento para médico e paciente”, afirma Alves.

O presidente explica ainda que, com a fusão, as áreas de complementação serão maiores que as de sobreposição, principalmente no que diz respeito aos produtos. A MSD ganhará ainda mais musculatura para concorrer em segmentos que já eram fortes nas companhias isoladas. Alves cita como exemplo as áreas de saúde da mulher, com a vacina contra o HPV e os produtos da linha de ginecologia, e a respiratória, com uma linha de produtos contra asma.

Estratégia

A MSD surge justamente em um momento de expansão do mercado farmacêutico no Brasil e na América Latina. O ganho de porte, para Alves, fará toda a diferença para que a MSD cresça mais rapidamente nessa região. “Na América Latina tem se investido muito em saúde, e não é diferente no Brasil. É um mercado crescente, e queremos investir para oferecer medicamentos de qualidade para essas pessoas”.

O objetivo inicial da nova empresa, segundo Alves, é consolidar o relacionamento com clientes e com as áreas de marketing e vendas. Depois, deve haver a integração das áreas de pesquisa clínica, desenvolvimento de produtos e, por último, a manufatura. “Agora é hora de organizar a casa. Temos 2.000 funcionários para colocar juntos e criar uma equipe de alta performance”, diz o presidente.

Com a integração, é natural que se pense também nas áreas onde haverá sobreposição de mão de obra. “Esse é um assunto sensível. As áreas de sobreposição são mínimas, mas existem. Vamos trabalhar nessas áreas, até porque nossos acionistas esperam isso. Esperamos que os ajustes sejam pequenos. Quero que os talentos das duas companhias façam parte da nova, para criar a número um farmacêutica”.

Fusões
Além da fusão entre Merck e Schering, o setor farmacêutico testemunhou importantes operações de aquisição em 2009, como a compra da americana Genentech pela Roche, e a da Wyeth pela Pfizer. Segundo Tadeu Alves, operações como essas não têm sido necessariamente uma regra para a sobrevivência no setor, e podem ocorrer motivadas por duas situações opostas.

Para ele, há dois tipos de fusões, “a de sobrevivência e a de oportunidade”. “Não acredito nas de sobrevivência, elas são transitórias. Já as de oportunidade, embora raras, são as que importam, e é o que acho que fizemos. Simplesmente somar duas partes para ser maior, não é solução. O todo tem que ser muito maior. Acho que nisso saímos na vantagem”, conclui.
 

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