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Quer comprar carro? O Banco do Brasil quer te financiar

Em um momento em que grandes instituições financeiras diminuem o ritmo de concessão de crédito para veículos, o BB vê sua carteira aumentar - e a inadimplência diminuir

Desde o começo do programa "Bom para todos", em março, o crédito para veículos no Banco do Brasil subiu 97,8% (Fernando Lemos/VEJA Rio)
DR

Da Redação

Publicado em 8 de novembro de 2012 às 15h10.

São Paulo - Há quem diga que o carro próprio é o sonho de consumo de boa parte dos brasileiros. Nos últimos anos, os bancos afrouxaram as amarras do financiamento e se entusiasmaram em transformá-lo em realidade, embolsando, em troca, juros cobrados sobre infindáveis parcelas ao consumidor. Com a desaceleração da economia, o aumento da inadimplência no segmento tornou-se o patinho feio no balanço de muitas instituições financeiras. Elas colocaram o pé no freio. O Banco do Brasil não.

Segundo Ivan Monteiro, vice-presidente de gestão financeira e relações com investidores, a parceria com o Banco Votorantim permitiu ao BB "estender um braço fora das agências do banco". Como o BB não paga taxa às revendedores, defende o executivo, o banco acaba oferecendo financiamentos competitivos. Como resultado, o saldo de empréstimos para veículos praticamente dobrou de março a setembro, pulando de 4,6 bilhões de reais para 9,1 bilhões de reais no fim do terceiro trimestre.

O vice-presidente de negócios de varejo, Alexandre Abreu, pontuou que o período considera a vigência do programa "Bom para todos", focado justamente na redução de juros para os clientes. De lá para cá, a participação do BB na originação de crédito para veículos pulou de 3% para 16%.

Apesar de abocanhar uma fatia mais larga do mercado, o BB não foi afetado pelo aumento na inadimplência. Considerando apenas os financiamentos fechados no banco, o índice de não-pagamento caiu de 2,5% para 1,2%. "Nessa linha, conseguimos resumir aquilo que esperamos com o programa: o volume [emprestado] aumentou, a inadimplência foi reduzida pela metade e as taxas para os clientes caíram 30%", afirmou Abreu.

No Votorantim, a história continua sendo outra - pelo menos por enquanto. Há pouco mais de um ano, o BB adotou uma política mais sofisticada e conservadora para liberar o financiamento para carros na instituição. Com mais redes pelo Brasil, o BB tem uma base de dados que lhe permite especificar o salário médio de um professor em determinada região, por exemplo, vislumbrando a partir daí as possibilidades que o cliente tem de arcar com a conta.

Com uma operação significativamente mais enxuta, o Votorantim, por outro lado, analisava apenas a média nacional, o que diminuía a precisão da sua apuração e aumentava as chances de ser surpreendido mais tarde com o aumento de maus pagadores.


Adotando a metodologia do BB, o volume emprestado no Votorantim de setembro de 2011 para cá apresentou uma inadimplência que ficou entre 0,8% e 1,1%. Mas essa safra - "historicamente a melhor do banco" - representa apenas um terço da sua carteira de veículos. O restante ainda pesa na conta da instituição. Não por acaso, a inadimplência do Votorantim é de 7,6%, mais de seis vezes superior à do BB para a mesma linha de crédito.

Agora, a expectativa é que número caia gradativamente, com o crédito "ruim" sendo compensado pela entrada de financiamentos mais saudáveis. Foi o que aconteceu no último trimestre, com uma ligeira diminuição de 0,07% entre os devedores duvidosos.

Aposta em veículos

Daqui para frente, o BB também espera que o financiamento para carros fique mais competitivo. "Nosso modelo de fazer financiamento em agência está sendo seguido por outros bancos. Nós ficamos seis meses praticamente sozinhos", disse Abreu. O vice-presidente de negócios de varejo reiterou que ainda há espaço para o BB crescer, embora em um ritmo mais lento.

Para o Votorantim, a aposta é que o banco vá dar lucro a partir do segundo trimestre do ano que vem. O BB espera que o conjunto de provisões diminua de 45% a 48% em 2013, ajudando a pintar de azul a última linha do balanço da instituição.

No terceiro trimestre, o Votorantim teve um prejuízo de 497 milhões de reais, ante perda de 85 milhões de reais no mesmo período do ano anterior. O número foi puxado principalmente pelo aumento na reserva destinada aos inadimplentes do segmento de veículos.

Já o Banco do Brasil registrou lucro líquido de 2,7 bilhões de reais, diminuição de 5,6% sobre igual trimestre de 2011. Em encontro com a imprensa, Ivan Monteiro, vice-presidente de gestão financeira, afirmou que a queda foi pequena e que o BB, no cômputo geral, acabará se beneficiando de um cenário de juros básicos mais baixos.

"Com a queda da Selic, a busca de diversificação [de investimentos] pelas pessoas físicas levará à criação de uma componente de demanda muito interessante para a área de mercado de capitais", disse. Por enquanto, a grande estrela no balanço do BB continua sendo sua carteira de crédito ampliada, que inclui todas as linhas ofertadas pelo banco. Com 532,3 bilhões de reais, seu crescimento foi de 20,5% nos últimos 12 meses.

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São Paulo - Há quem diga que o carro próprio é o sonho de consumo de boa parte dos brasileiros. Nos últimos anos, os bancos afrouxaram as amarras do financiamento e se entusiasmaram em transformá-lo em realidade, embolsando, em troca, juros cobrados sobre infindáveis parcelas ao consumidor. Com a desaceleração da economia, o aumento da inadimplência no segmento tornou-se o patinho feio no balanço de muitas instituições financeiras. Elas colocaram o pé no freio. O Banco do Brasil não.

Segundo Ivan Monteiro, vice-presidente de gestão financeira e relações com investidores, a parceria com o Banco Votorantim permitiu ao BB "estender um braço fora das agências do banco". Como o BB não paga taxa às revendedores, defende o executivo, o banco acaba oferecendo financiamentos competitivos. Como resultado, o saldo de empréstimos para veículos praticamente dobrou de março a setembro, pulando de 4,6 bilhões de reais para 9,1 bilhões de reais no fim do terceiro trimestre.

O vice-presidente de negócios de varejo, Alexandre Abreu, pontuou que o período considera a vigência do programa "Bom para todos", focado justamente na redução de juros para os clientes. De lá para cá, a participação do BB na originação de crédito para veículos pulou de 3% para 16%.

Apesar de abocanhar uma fatia mais larga do mercado, o BB não foi afetado pelo aumento na inadimplência. Considerando apenas os financiamentos fechados no banco, o índice de não-pagamento caiu de 2,5% para 1,2%. "Nessa linha, conseguimos resumir aquilo que esperamos com o programa: o volume [emprestado] aumentou, a inadimplência foi reduzida pela metade e as taxas para os clientes caíram 30%", afirmou Abreu.

No Votorantim, a história continua sendo outra - pelo menos por enquanto. Há pouco mais de um ano, o BB adotou uma política mais sofisticada e conservadora para liberar o financiamento para carros na instituição. Com mais redes pelo Brasil, o BB tem uma base de dados que lhe permite especificar o salário médio de um professor em determinada região, por exemplo, vislumbrando a partir daí as possibilidades que o cliente tem de arcar com a conta.

Com uma operação significativamente mais enxuta, o Votorantim, por outro lado, analisava apenas a média nacional, o que diminuía a precisão da sua apuração e aumentava as chances de ser surpreendido mais tarde com o aumento de maus pagadores.


Adotando a metodologia do BB, o volume emprestado no Votorantim de setembro de 2011 para cá apresentou uma inadimplência que ficou entre 0,8% e 1,1%. Mas essa safra - "historicamente a melhor do banco" - representa apenas um terço da sua carteira de veículos. O restante ainda pesa na conta da instituição. Não por acaso, a inadimplência do Votorantim é de 7,6%, mais de seis vezes superior à do BB para a mesma linha de crédito.

Agora, a expectativa é que número caia gradativamente, com o crédito "ruim" sendo compensado pela entrada de financiamentos mais saudáveis. Foi o que aconteceu no último trimestre, com uma ligeira diminuição de 0,07% entre os devedores duvidosos.

Aposta em veículos

Daqui para frente, o BB também espera que o financiamento para carros fique mais competitivo. "Nosso modelo de fazer financiamento em agência está sendo seguido por outros bancos. Nós ficamos seis meses praticamente sozinhos", disse Abreu. O vice-presidente de negócios de varejo reiterou que ainda há espaço para o BB crescer, embora em um ritmo mais lento.

Para o Votorantim, a aposta é que o banco vá dar lucro a partir do segundo trimestre do ano que vem. O BB espera que o conjunto de provisões diminua de 45% a 48% em 2013, ajudando a pintar de azul a última linha do balanço da instituição.

No terceiro trimestre, o Votorantim teve um prejuízo de 497 milhões de reais, ante perda de 85 milhões de reais no mesmo período do ano anterior. O número foi puxado principalmente pelo aumento na reserva destinada aos inadimplentes do segmento de veículos.

Já o Banco do Brasil registrou lucro líquido de 2,7 bilhões de reais, diminuição de 5,6% sobre igual trimestre de 2011. Em encontro com a imprensa, Ivan Monteiro, vice-presidente de gestão financeira, afirmou que a queda foi pequena e que o BB, no cômputo geral, acabará se beneficiando de um cenário de juros básicos mais baixos.

"Com a queda da Selic, a busca de diversificação [de investimentos] pelas pessoas físicas levará à criação de uma componente de demanda muito interessante para a área de mercado de capitais", disse. Por enquanto, a grande estrela no balanço do BB continua sendo sua carteira de crédito ampliada, que inclui todas as linhas ofertadas pelo banco. Com 532,3 bilhões de reais, seu crescimento foi de 20,5% nos últimos 12 meses.

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