Quase tudo que você encontra no McDonald's vem deste lugar
Passamos um dia na Cidade do Alimento, onde são produzidos os pães e hambúrgueres do McDonald's e de onde vem quase tudo o que é vendido nos restaurantes
Luísa Melo
Publicado em 16 de dezembro de 2015 às 05h00.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 14h23.
São Paulo - Boa parte dos sanduíches servidos pelo McDonald's no Brasil tem seus principais componentes fabricados no mesmo lugar: a Cidade do Alimento. Fundado em 1999, o complexo industrial fica em Osasco (SP) e reúne as parceiras Aryzta, que fabrica os pães; JBS , que produz os hambúrgueres e Martin Brower, que faz a distribuição dos produtos. As amadas batatinhas, no entanto, são 100% importadas da Argentina ou dos Estados Unidos. EXAME.com visitou o local para conhecer a produção e entender como os alimentos e outros itens chegam até os restaurantes. Confira nas fotos.
A Cidade do Alimento ocupa uma área de 160.000 metros quadrados e emprega aproximadamente 850 pessoas. Foram investidos cerca de 70 milhões de reais na construção do parque industrial.
Os pães de hambúrguer vendidos no McDonald's são feitos na fábrica da Aryzta na Cidade do Alimento, em Osasco (SP). A cada hora, 45.000 deles ficam prontos. Já as tortas e pãezinhos servidos no café da manhã são produzidos nas plantas da empresa em São Paulo (SP) e Juiz de Fora (MG). Basicamente, os pães dos sanduíches são feitos de farinha, gordura, açúcar, água e realçadores de sabor. Em alguns casos, o gergelim é adicionado ao fim do processo. Eles não levam nem ovo, nem leite.
A farinha usada na fabricação é depositada direto dos caminhões em dois silos (foto) com capacidade para armazenar 75 toneladas, cada. Ainda no cilindro, o ingrediente passa por um peneirador e é bombeado por meio de sucção para o misturador. Com a gordura, o processo é parecido. Ela sai direto do caminhão para silos de 15 toneladas e é enviada por canos ao misturador. Já o açúcar fica armazenado em sacos de 1 tonelada, que são erguidos, peneirados e também seguem automaticamente por tubos até o misturador.
No misturador, os ingredientes secos são agregados ao fermento e, depois da adição de água, se transformam em uma massa. A quantidade de ingredientes e o tempo de mistura são controlados pela máquina. Na sequência, a massa cai em um batedor e é conduzida por uma esteira até um equipamento que retira dela os gases originados na fermentação. Depois, ela é pesada e cortada, tudo de forma automática. A massa cortada é então depositada em uma canaleta, onde toma a forma de uma pequena bola e descansa por um minuto. Meia tonelada de massa se transforma em 7.000 a 7.500 bolinhas (de pães).
Em seguida, as bolinhas de massa passam por um rolo para serem achatadas e se transformarem em discos. De lá, os discos são depositados em assadeiras e seguem para um forno de baixa temperatura (a 40 ºC e umidade de 40%), onde ficam por 1 hora para crescer.
Na sequência, já crescidos, os pães recebem ou não a cobertura de gergelim e são encaminhados para um segundo forno (a 200 ºC), onde permanecem por 8 a 12 minutos, para corar. Prontos, eles esfriam por cerca de meia hora, passam por um detector de metais e são cortados ao meio. Daí, seguem para a embalagem, feita automaticamente. Desde a mistura dos ingredientes até a embalagem, o processo de produção demora cerca de 2 horas.
Uma fatia de 30% da produção é distribuída fresca para os restaurantes das cidades de Belo Horizonte (MG), Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP) e também para aquelas que ficam a menos de 100 quilômetros dessas três capitais. O restante segue congelado para os demais municípios onde a rede de fast food está presente.
O processo de produção dos pães frescos e congelados é o mesmo. O freezer onde eles são congelados, depois de prontos, tem capacidade para gelar até 160.000 unidades ao mesmo tempo. A fábrica funciona 24 horas por dia, em três turnos. Entre a produção e embalagem dos pães, trabalham 11 funcionários em cada expediente.
Grande parte dos hambúrgueres do McDonald's são fabricados pela JBS. Diariamente, as quatro linhas de produção da empresa na Cidade do Alimento processam 150 toneladas de carne bovina e 25 toneladas de frango. A planta recebe matéria-prima de abatedouros todos os dias.
Segundo a rede de fast food, os hambúrgueres bovinos são feitos 100% de carne. Eles não levam qualquer tipo de conservante, nem tempero–sal e pimenta são adicionados nos restaurantes, depois que a carne é frita. Os cortes usados para a fabricação do hambúrguer são retirados das patas dianteiras e costelas do boi.
Para fabricar o hambúrguer, são misturadas carnes resfriadas (na proporção de 70%) e congeladas (30%). A congelada, já moída, se junta à resfriada no processador, onde passa por uma segunda moagem.
Na sequência, a mistura é enviada a um triturador de ossos e depois a uma formatadora, onde é dosada e ganha a forma característica. Agora que os hambúrgueres estão prontos, eles passam por um detector de metais. Depois disso, são congelados e embalados automaticamente.
Os hambúrgueres de tamanho pequeno têm 50 gramas, os médios 100 gramas e os grandes 150 gramas. O tamanho varia de acordo com o tipo de sanduíche que será feito.
Na fabricação do hambúrguer de frango e dos nuggets são usadas coxas e sobrecoxas. Os processos iniciais são bem parecidos com o de produção do hambúrguer de carne bovina, mas há algumas etapas complementares. Depois que a carne é moída e os hambúrgueres estão prontos, eles ganham uma cobertura de farinha de trigo, farinha de milho, aipo e condimentos para ficarem com uma casquinha crocante. Já cobertos, os hambúrgueres são pré-fritos e cozidos e vão para o freezer. De lá, seguem para a linha de embalagem.
Já o McFish não é um hambúrguer, mas sim um filé de peixe, fabricado apenas duas vezes por mês. O pescado usado é a Merluza, 100% importada da Argentina. As peças de peixe chegam congeladas e sem espinha e são recortadas no tamanho, formato e espessura certos. A fábrica da JBS na Cidade do Alimento funciona em dois turnos, das 6h à meia noite. Durante a madrugada, as linhas de produção passam por uma limpeza. Cerca de 500 pessoas trabalham lá. A maior parte da produção da unidade (70%) abastece as lanchonetes do McDonald's no Brasil e na América Latina. O restante vai para outros clientes.
Todos os insumos do McDonald's chegam até os restaurantes por meio da empresa de logística Martin Brower . É ela a responsável por armazenar e distribuir desde os hambúrgueres e pães até os canudos, embalagens e materiais de limpeza usados pela rede de fast food.
O centro de distribuição da companhia na Cidade do Alimento, em Osasco (SP), é onde todos esses itens são recebidos dos fornecedores, inicialmente. De lá, eles são encaminhados a outros armazéns, de onde seguem para as lanchonetes. A produção dos pães e hambúrgueres foi concentrada nesse mesmo local justamente para facilitar a distribuição.
Além do depósito da Cidade do Alimento, que abastece diretamente os restaurantes do McDonald's na Grande São Paulo e Manaus, há outros quatro armazéns. O de Jacareí (SP) fornece para os estados de Espírito Santo e Minas Gerais; o de Ribeirão Preto (SP) para o interior de São Paulo; o de Curitiba, para toda a região Sul; e o de Recife, para toda a região Nordeste.
O centro de distribuição da Cidade do Alimento tem capacidade para armazenar 8.000 palets e é capaz de abastecer os restaurantes por uma semana. Diariamente, 40 rotas de entrega partem de lá. As alfaces, porém, nem sempre são transportadas por via terrestre. Para os centros de distribuição mais distantes, elas são enviadas de avião. A verdura é o produto mais perecível com que a Martin Brower trabalha. Ela tem validade de apenas sete dias e pode permanecer na Cidade do Alimento por no máximo dois.
A Martin Brower já fazia a operação logística do McDonald's nos Estados Unidos e veio para o Brasil justamente para atender a cadeia de fast food, em 1980, um ano depois de ela chegar aqui. Hoje, entretanto, a operadora logística tem outros clientes no país. Dos produtos que ela armazena e entrega, 60% são do McDonald's–os 40% restantes são de outras redes de alimentos.
A empresa possui uma frota de 319 carretas e caminhões no Brasil e emprega 350 motoristas e 220 carregadores e empilhadores. Os veículos são equipados com rastreadores de temperatura, para garantir que os itens transportados cheguem ao destino com qualidade.
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