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Qual é o papel do setor privado na COP26?

Mais de cem empresas e entidades setoriais do Brasil levam documento com propostas à conferência do clima

COP26, em Glasgow: empresas e representantes de governos apresentam medidas para uma economia de baixo carbono (OLI SCARFF/AFP/Getty Images)
GS

Gabriella Sandoval

Publicado em 8 de novembro de 2021 às 16h26.

Última atualização em 11 de novembro de 2021 às 12h54.

Um grupo de mais de 100 empresas e 10 entidades setoriais apresentaram recentemente ao mercado um documento intitulado “Empresários pelo Clima”. Ali, defendem medidas para uma economia de baixo carbono e assumem responsabilidades nessa transformação. Esse posicionamento foi levado pelo setor para a próxima Conferência sobre o Clima, a COP26, que acontece em Glasgow, na Escócia.

“Esta é a COP da ação”, afirma Marina Grossi, presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), que capitaneou a iniciativa. “Não há mais espaço para especulações ou apenas intenções. Por isso, essas companhias e entidades empresariais assinaram o posicionamento.”

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Empresários pelo Clima

Para Marina, o Brasil tem vantagens comparativas únicas na corrida para alcançar uma economia de emissões líquidas de carbono neutras. Só que para isso, ela afirma, o país precisa de um arcabouço político-regulatório que apoie essa trajetória dentro de um compromisso firme, com ações eficazes para o fim do desmatamento ilegal e a conservação do meio ambiente.

“O setor empresarial brasileiro tem adotado ações corporativas concretas, como o preço interno de carbono e as metas de neutralização, assim como está liderando iniciativas de políticas climáticas públicas com instrumentos de mercado e inclusão social. A COP 26 será uma oportunidade para compartilhar esse comprometimento e reforçar nosso engajamento mundial.”

Entre os setores representados no compromisso “Empresários pelo Clima” estão o agronegócio, alimentício, aviação, elétrico, farmacêutico, finanças, infraestrutura, logística, papel e celulose, petroquímico, saúde, tecnologia, telefonia e varejo.Das 113 empresas participantes, 52 publicam resultados financeiros, com uma receita líquida somada de R$ 1,1 trilhão em 2019.

“As medidas propostas pelo documento são importantes no caminho para uma economia verde, comprometida com o Acordo de Paris e com o esforço necessário para combater o aquecimento global”, afirma Marina.

Entre as medidas apresentadas pelo “Empresários pelo Clima”, está o apoio à proposta de mercado de carbono regulado no Brasil, em discussão no Congresso com o projeto de lei 528. “O setor privado gostaria de ver a iniciativa aprovada antes da COP 26”, diz.

Outro exemplo de medida presente do documento é o controle sobre os riscos climáticos, ambientais e sociais. “Esse trabalho identifica os impactos gerados pela operação das empresas, permitindo que elas ajustem seus processos e aproveitem oportunidades criadas pela transição para modelos mais sustentáveis”, explica Marina. “Uma das aplicações práticas dessa avaliação recai sobre financiamentos bancários, que poderão ficar mais caros ou até ser negados por causa dos riscos socioambientais de um negócio.”

Para Marina, o papel do setor privado na COP 26 é mostrar que já está agindo no combate às mudanças climáticas. “Temos ambição climática e nossas empresas contam cada vez mais com metas de neutralização baseadas na ciência, utilizando parâmetros criteriosos de governança corporativa, social e ambiental (ESG)”, comenta. “Uma economia de baixo carbono também gera empregos e renda. É boa para o Brasil, para os brasileiros e para o planeta.”

Segundo ela, uma transição rápida para uma economia de baixo carbono é possível e desejada pelo setor empresarial. Um estudo apoiado pelo CEBDS mostra que o país pode diminuir essas emissões em até 42% já em 2025, em relação aos níveis de 2005. O compromisso do governo brasileiro é de uma redução de 43% até 2030, afirma.

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