Donald Trump, que anunciaria sua candidatura para a presidência dos EUA na terça-feira, é rico. Quanto exatamente? Esse é um assunto de décadas de debate e até mesmo de uma ação judicial.

“O número real é US$ 10 bilhões”, disse Trump à Bloomberg, em uma reunião no dia 3 de junho, em seu escritório na Quinta Avenida, inclinado sobre sua mesa coberta de papéis.

Ou será US$ 8,7 bilhões, como diz um documento que Trump publicará quando revelar suas intenções para 2016? Mesmo se a quantia correta for a mais baixa das duas, isso faria dele a 54a pessoa mais rica dos EUA, segundo o Bloomberg Billionaires Index.

Um bilhão aqui; um bilhão ali. O fato de que as estimativas sobre a fortuna de Trump possam variar tanto mostra como é difícil determinar o tamanho dela.

Sua avaliação própria para a marca Trump, que está estampada em hotéis, gravatas, colônias e água engarrafada e que lhe permite coletar taxas de licenciamento, está na casa dos bilhões. Trump é otimista em relação aos contratos futuros da marca.

“Noventa e nove milhões de visualizações”, disse ele, indicando no monitor do computador de um funcionário um vídeo da música “Donald Trump”, do rapper Mac Miller, ganhadora de um certificado de platina, que estava tocando no YouTube. “Agora é uma marca”.

Diferentemente de alguns outros candidatos, Trump nunca preencheu o formulário de declaração financeira pessoal.

O outono do Hemisfério Norte poderia chegar antes de ele apresentar sua declaração, caso ele utilize as extensões ao prazo que normalmente são concedidas.

Em relação à sua fama de incorporador e divulgador de propriedades, Trump não tem comparação. Ele costuma descrever todos os seus ativos com superlativos: o maior edifício, o melhor campo de golfe, os melhores locais.

Ele também não separa publicamente o que possui em sua totalidade das propriedades que gerencia, o que faz com que seja difícil definir os componentes de sua fortuna.

Loja da Gucci

A maior parte de sua propriedade mais famosa, a Trump Tower, na Quinta Avenida, em Nova York, abrange unidades condominiais e elementos comuns -- corredores, elevadores -- que foram vendidos e já não são ativos de Trump.

Ele possui os direitos sobre os espaços comerciais do edifício, incluindo 12 andares de escritórios e uma loja de três andares da Gucci, no térreo. Esses espaços estão avaliados em cerca de US$ 400 milhões, segundo dados compilados pela Bloomberg usando estimativas de receita, lucro e taxas de capitalização.

Ele também é proprietário do apartamento de cobertura do edifício, com 2.800 metros quadrados. Embora o imóvel possa alcançar um valor mais elevado pelo tamanho e pela localização, o comprador provavelmente reformasse esse precioso espaço.

Clinton, Bush

Trump tem 30 dias, após um anúncio, para apresentar uma lista com seus ativos -- e passivos -- à Comissão Eleitoral Federal dos EUA. Ele poderá pedir duas extensões de 45 dias, e essas extensões normalmente são concedidas.

Com isso, só em outubro chegaria o momento de Trump tomar uma atitude ou calar-se sobre se deixará o público saber de suas finanças pessoais.

Se concorrer, Trump estará entre os poucos candidatos que nunca antes revelaram suas finanças. Hillary Clinton, Ted Cruz, Rand Paul e Rick Perry haviam ocupado cargos políticos federais ou sido candidatos antes.

Outros, como Jeb Bush, Chris Christie e Scott Walker, haviam divulgado algumas informações financeiras voluntariamente ou sob leis estaduais.

Mesmo que Trump realmente complete um formulário federal de divulgação de suas finanças pessoais, ele não terá que revelar tudo sobre elas: nenhuma de suas casas, carros, barcos e outras propriedades pessoais precisa ser listada, a menos que produza renda. Ele também não terá que divulgar suas declarações fiscais ou qualquer ativo mantido por seus filhos adultos.

Mas quem está fazendo a conta?